A ação acontece quase sempre do mesmo jeito: os bandidos chegam à noite ou de madrugada, invadem a agência bancária, explodem os caixas eletrônicos e fogem levando o dinheiro. A repetição dos casos de furto com explosivos aos bancos do estado expõe a falta de segurança nesses estabelecimentos, principalmente nas cidades do interior.
Na madrugada de ontem, duas agências de Machados, no Agreste, ficaram completamente destruídas depois que um grupo usou dinamites para explodir os caixas. E o episódio passa longe de ser isolado no interior pernambucano: dos 36 casos de roubo ou furto a caixas eletrônicos registrados neste ano, 23 crimes ocorreram em municípios fora da Região Metropolitana do Recife.
Os bancos furtados em Machados ficam a 500 metros de distância um do outro. Segundo relatos de moradores da área, estiveram envolvidos na ação pelo menos 12 homens, divididos em três veículos. A primeira investida foi na agência do Bradesco. Os assaltantes atiraram na placa do estabelecimento e nas lâmpadas dos postes da rua para que o local ficasse escuro e, assim, as câmeras de segurança da prefeitura não filmassem a ação. Em seguida, o grupo foi ao Banco do Brasil.
As agências estão fechadas, sem previsão de reabertura. “Ouvimos muitos tiros e acordamos assustados. O clima na cidade é de medo”, relatou a aposentada Clarice Maria. Ninguém foi preso.
Fuga fácil
Somente este ano, a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou 17 roubos e furtos a caixas eletrônicos com explosivos e o foco é o interior, onde os criminosos acreditam terem mais chances de fuga.
Justamente por isso, concentram quatro em cada cinco crimes do tipo. Para se ter uma ideia, na capital, que registra o maior contingente de tentativas de roubo a bancos (nove em 2014), nenhuma envolveu explosivos. Na RMR, apenas três casos do gênero foram registrados.
Em Inajá, no Sertão pernambucano, foram dois casos. Em um deles, um PM foi morto. “A dinâmica desses grupos é agir, principalmente, nas divisas com outros estados. Na maioria das vezes, eles se articulam fora do local onde o crime acontece e, em seguida, migram para outro lugar, o que dificulta a investigação”, disse o gestor do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), Nelson Souto.
Do Diario de Pernambuco, por Anamaria Nascimento e Ed Wanderley