Um episódio que por muitos anos permaneceu velado na cidade de Garanhuns, no Agreste do estado, completou 100 anos nesse domingo (15). Originada a partir de uma briga entre duas correntes políticas, a Hecatombe de Garanhuns deixou cicatrizes profundas. Até hoje, há quem se emocione ou evite falar sobre o fato que espalhou sangue e dor pelo município. No dia 15 de janeiro de 1917, num massacre impiedoso, 18 pessoas foram mortas no prédio onde funcionava a cadeia pública da cidade. Entre as vítimas, estavam sete membros da sociedade, cinco soldados da Polícia Militar, cinco jagunços e um morador que passava pela rua no momento do tiroteio.
O estopim para a matança dos chefes de tradicionais famílias garanhuenses, como Jardins, Miranda e Ivo foi o assassinato do deputado estadual Júlio Brasileiro, morto pelo capitão Francisco Sales Vila Nova, no Café Chile, na Praça Independência, no Recife, em 12 de janeiro daquele ano. Um crime cometido por apenas um homem mas que foi vingado em pessoas sem nenhuma ligação com a morte do deputado.
“O assassinato de Júlio Brasileiro foi o que gerou a Hecatombe de Garanhus. Após saber da morte do marido, a viúva Ana Duperron pensou se tratar de um complô armado pelos adversários políticos dele e decidiu mandar matar todos eles. Foi um dia de massacre em Garanhuns. Pessoas inocentes foram assassinadas dentro da cadeia públic, onde achavam que estariam protegidas. Policiais que faziam a guarda também foram mortos”, conta o professor e escritor José Cláudio Gonçalves de Lima, autor do livro Os sitiados: a Hecatombe de Garanhuns.