Por Marcionila Teixeira, do Diario de Pernambuco
Imagine um espaço que trata de vidas humanas, onde a agilidade é vital para evitar mortes e sequelas. Não se espante ao descobrir que há quem se divirta ligando para esses serviços para passar trotes. Tal situação tem acontecido com frequência no Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox), da Secretaria Estadual de Saúde.
Este ano, até o dia 21 de janeiro, foram registrados 294 trotes, o equivalente a 14 por dia. Segundo a médica Lucineide Porto, coordenadora do Ceatox, janeiro é o mês com maior registro desse tipo de ligação, provavelmente por conta das férias escolares, já que as crianças são as que mais ligam para o serviço.
O centro presta assistência, via telefone (0800 722 6001), à população sobre como proceder em casos de intoxicações por animais peçonhentos, por medicamentos, veneno ou mesmo por produtos de limpeza. Muitas pessoas atendidas também são familiares de pessoas que tentaram suicídio ingerindo esses produtos, por exemplo, e precisam de orientação emergencial.
No ano passado, o Ceatox registrou 2,9 mil trotes (oito por dia, em média), o que significa 21,7% de todos os atendimentos, que totalizaram 13,5 mil. O comportamento é considerado crime contra o patrimônio público e pode resultar em detenção ou multa, diz o Código Penal Brasileiro.
“Quando não são crianças ligando, são adultos imitando as vozes delas. Informamos que temos identificador de chamadas e da importância do serviço, mas muitas vezes uma pessoa para o dia inteiro ligando de um número. Além de deixar a linha ocupada para atendimento de casos reais, emocionalmente é cansativo ver o mesmo número chamando várias vezes”, alertou a médica Lucineide Porto.
Os profissionais do centro informam sobre unidades de saúde que podem ajudar no atendimento emergencial e também discutem os casos com as equipes dessas unidades. O serviço telefônico, gratuito, funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, e a ligação pode ser feita de telefone fixo ou celular.