Uma trama que intriga a polícia e causou surpresa e revolta no meio médico de Pernambuco começa a ser esclarecida. Vinte e dois dias após a morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36 anos, um médico renomado e seu filho, estudante de direito, foram presos por suspeita de participação no crime. A Polícia Civil segue em diligências para prender os dois últimos suspeitos.
Ontem, agentes da 11ª Delegacia de Homicídios de Jaboatão prenderam o médico Cláudio Amaro Gomes, 57, e o filho dele, Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, suposto mandante e um dos executores do crime, respectivamente. A motivação ainda não foi revelada, mas entre as possibilidades estariam a perda de prestígio de Cláudio no meio.
Pai e filho não confessaram participação no crime. Porém, contra Cláudio Júnior a polícia tem duas provas. A mais forte, e que resultou na sua identificação, são as impressões digitais encontradas na garrafa onde foi transportado o líquido utilizado para queimar o carro do cirurgião.
Peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) confrontaram as digitais com uma ficha do suspeito que veio do estado do Rio de Janeiro. Para a polícia, Cláudio Júnior ajudou a atear fogo no veículo encontrado carbonizado na Guabiraba, Recife.
Outra prova contra o universitário são imagens das câmeras do prédio onde a vítima morava, em Boa Viagem. Cláudio dirigiu o Celta onde estavam os outros dois suspeitos que desceram, renderam Artur na portaria do prédio e entraram no veículo dele, seguindo para o local da execução, às margens da BR-101 Sul, em Jaboatão. Artur foi morto no dia 12 de maio.
“Não temos dúvidas de que o filho participou da execução e de que o pai foi o mandante. Resta agora identificar e prender os outros suspeitos”, afirmou o delegado Guilherme Caraciolo. Ambos foram presos por força de um mandado de prisão temporária de 30 dias. O filho, por estar com um revólver calibre 38, ainda foi autuado por porte ilegal de armas.
Formado em medicina pela Universidade Federal de Campina Grande, Artur era paraibano e morava no Recife há três anos. Trabalhava no HCP e ajudava pacientes vitimas do câncer. Era doutor em Cirurgia Torácica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; especialista em cirurgia torácica pela USP; cirurgião torácico do Hospital das Clínicas da UFPE; cirurgião torácico do Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (Imip). De acordo com os colegas de trabalho, era uma pessoa alegre, querida, estudiosa e competente. Era casado com uma médica e pai de um menino de pouco mais de um ano.