Testemunhas das supostas divergências entre o médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, e o cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36, foram ameaçadas de morte. Segundo a polícia, por meio de telefonemas anônimos, um grupo de pessoas foi intimidado para não revelar possíveis provas que ligariam Cláudio Amaro e o filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, à execução de Artur Eugênio. A polícia ainda investiga quem fez as ligações. Segundo o delegado Guilherme Caraciolo, uma nova tentativa de ouvir os dois suspeitos, presos no Cotel, será feita hoje.
“Essas testemunhas não presenciaram o crime, mas tinham informações do que aconteceu entre a vítima e o médico”, ressaltou Caraciolo, acrescentando que Cláudio e Artur não tinham boa relação. Segundo outro filho do médico, Daniel Gomes, o pai ficou abalado quando soube que estava sendo preso.
“Quando falei com meu pai ainda na delegacia, a primeira coisa que ele pediu foi para eu avisar à secretária para desmarcar as consultas que ele teria hoje (ontem) e informar que atenderia no dia seguinte (hoje). No entanto, quando eu falei que havia um mandado de prisão contra ele e que ele seria levado para o Cotel, meu pai desabou no choro. Ele é inocente”, contou. Ao irmão, Cláudio Júnior também disse não ter participação no assassinato.
O veículo dirigido por Júnior, um Celta preto, usado para levar os outros dois suspeitos do crime, ainda foragidos, à frente do prédio de Artur, em Boa Viagem, não foi localizado. Após o crime, Júnior registrou boletim no qual consta que o veículo foi roubado. Além da imagem dele dirigindo o Celta, a polícia colheu suas impressões digitais no recipiente que transportou o produto usado para queimar o Golf do cirurgião. O carro foi encontrado em 13 de maio, na Guabiraba, Recife. Artur foi morto a tiros em 12 de maio, em Jaboatão.
A viúva de Artur disse que a família está estarrecida e só deve falar sobre o caso na próxima semana. Em diligência ontem no consultório de Cláudio, foram encontrados R$ 21 mil em uma gaveta. Familiares do médico afirmaram à polícia que não tinham conhecimento do dinheiro, mas acreditam que seria usado para pagar funcionários. Uma linha investigada é de que Cláudio e o filho teriam tramado a morte por inveja e revolta, porque o suspeito estaria perdendo clientes para a vítima.