Delegacias do estado agonizam

Levantamento feito pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE) em 172 delegacias de Pernambuco entre os dias 14 de abril e 16 de maio deste ano revelou que as unidades policiais do interior do estado estão agonizando. O relatório foi produzido a partir de 11 dias de visitas na Região Metropolitana do Recife (RMR), Zona da Mata, Agreste e no Sertão e teve como objetivo denunciar as condições precárias dos prédios.

Fotos: Sinpol/Divulgação

Um dossiê com as conclusões da inspeção foi preparado pela diretoria do Sinpol e encaminhado ao secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, e ao chefe da Polícia Civil, Osvaldo Morais, para que os reparos sejam feitos com urgência.

A situação das delegacias pernambucanas tem sido alvo de preocupação não só do Sinpol. Em março do ano passado, a pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública feita pelo Ministério da Justiça mostrou que Pernambuco tinha uma delegacia para cada 41.232 habitantes. E mais: apenas 10% das delegacias existentes no estado eram especializadas.

A publicação apresentada com base nos dados colhidos no ano de 2011 apontou que Pernambuco, juntamente com Ceará, Rio de Janeiro e Distrito Federal, tinha a menor quantidade de delegacias em relação à população estadual.

Sobre as vistorias realizadas às unidades policiais recentemente, o presidente do Sinpol, Cláudio Marinho, informa que algumas estão em situação de interdição. “Em alguns prédios, é humanamente impossível trabalhar. Algumas cidades têm delegacias que estão sob risco de serem atingidas por deslizamentos de barreiras. Precisam de reformas urgentes”, apontou Marinho.

O diretor do Sinpol Marcos Pereira informou que depois do último levantamento feito pelo sindicato em 2012 algumas delegacias foram reformadas. “No entanto, muitas outras cidades estão em situação lastimável. Os funcionários estão fazendo cotas para cobrir as despesas com a limpeza das unidades”, completou Pereira.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da PCPE afirmou que desde o lançamento do Pacto pela Vida, em 2007, a Polícia Civil promoveu, até o momento, “grandes reformas em 81 unidades policiais através de um novo projeto arquitetônico. Mais de R$ 10 milhões foram investidos em obras de recuperação e construção de delegacias e outras unidades do interior passam por pequenas reformas frequentemente”.

A nota diz ainda que a partir do projeto arquitetônico idealizado para as delegacias que receberam reformas, duas delas, como a da Várzea e a de Tejipió receberam, no ano de 2011, o prêmio de qualidade em atendimento e instalações do Instituto Altus Global Alliance – ONG Internacional. A PCPE informou ainda que a Divisão de Projetos continua desenvolvendo projetos de reformas e construções para outras delegacias na capital e interior do estado.

Greve continua mesmo decretada ilegal pela Justiça

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol/PE), Cláudio Marinho, informou que a greve da categoria continua por tempo indeterminado mesmo com o despacho do Tribunal de Justiça que considera a paralisação ilegal e solicita a retomada dos serviços. De acordo com o presidente, até o final da noite dessa segunda-feira não havia sido notificado oficialmente, mas disse que iria recorrer da decisão. “O governo do estado não quis negociar com a categoria durante os cinco meses da nossa campanha. Claro que vamos recorrer. Era previsível que o governo do estado utilizasse esse artifício, mas estamos tranquilos e vamos continuar em greve até o resultado do recurso”, explicou. “Tomamos todas as precauções antes de parar nossas atividades. Fizemos atos de protesto, enviamos ofícios, mantivemos o mínimo de 30%, tudo o que determina a legislação. Ainda não entendi o que há de ilegal. Mas é preciso deixar claro que essa decisão não vai diminuir a insatisfação da categoria”.

Cláudio Marinho disse que a greve está mantida e que irá recorrer da decisão (EDILSON SEGUNDO/DP/D.A PRESS)

Ainda de acordo com Marinho, a determinação da greve foi acatada por 100% da categoria. “Nós fazemos a segurança pública nesse estado que tanto se orgulha da redução da violência. O poder é transitório entre as autoridades, mas somos nós que continuamos dia após dia nas ruas. Hoje travamos os trabalhos, mesmo com a pressão que sofremos. O reajuste no Programa de Jornada Extra e Segurança, assim como o aumento salarial de 47,35% até 2014, não existe. O secretario de Defesa Social sequer sentou com o secretario de Administração para negociar. Quando a ideia foi discutida conosco, recusamos. Não há nada disso assinado.” O presidente do sindicato também considerou a determinação judicial truculenta. “É muito fácil não negociar quando você tem o judiciário a sua disposição. Trabalhamos arduamente para manter a segurança dos cidadãos. Essa situação é vergonhosa. Só voltaremos quando sair a decisão do recurso”, concluiu.