Delegada Gleide Ângelo investiga desaparecimento de Júlia Alencar

Por Thamires Oliveira
Especial para o Diario

A delegada Gleide Ângelo, titular da 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda, foi designada ontem para assumir as investigações sobre o caso da menina Júlia Cavalcanti Alencar, de um ano e dez meses, que está desaparecida desde o dia 10 de julho. A mãe da garota, a servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42, acusa o ex-companheiro, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado de Alencar, 29, de ter fugido com a filha. Segundo a polícia, ele sacou R$ 400 mil em um banco antes de levar a menina.

Janderson e Júlia ainda estão desaparecidos. Foto: Divulgação
Janderson e Júlia ainda estão desaparecidos. Foto: Divulgação

O caso estava sendo investigado pelo Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA). Nova responsável pela apuração, Gleide Ângelo já atuou em casos de desaparecimento de grande repercussão, como o da estudante Maria Alice Seabra, que foi morta pelo padrasto e teve o corpo deixado em um canavial de Itapissuma, e o da estudante Vaniela Oliveira, encontrada viva, em João Pessoa, após três dias de sumiço.

Nas redes sociais, a família de Júlia Alencar iniciou uma campanha com o slogan Vamos encontrar Júlia. Há nove dias sem nenhuma notícia da filha, Cláudia permanece na esperança de que ela seja devolvida pelo pai. Janderson deveria ter entregue a menina para a mãe às 18h do domingo, conforme determinado pela Justiça. “É enlouquecedor não saber nenhuma notícia. Não sei se ela está comendo, se está dormindo, se está bem. Eu clamo que se ele ama a filha, e está vendo ela sofrer, não a prive do convívio com a mãe e a família”, desabafa Cláudia.

Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP

Segundo Cláudia, a filha é doce e tímida. Durante os quatro meses que o casal morou junto, a relação entre pai e filha era “carinhosa e protetora”, e ninguém jamais poderia prever essa atitude por parte do pai. Em novembro de 2015, a Justiça determinou uma medida protetiva para Cláudia, depois de ela ter sido ameaçada de morte pelo ex-companheiro. A determinação, no entanto, não afetava a relação entre pai e filha. Durante os sete meses seguintes, o casal disputou a guarda da menina na Justiça, que a entregou para a mãe, definindo uma visita semanal do pai no sábado ou no domingo, das 9h às 18h.

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelo vai continuar as investigações. Foto: Paulo Paiva/DP

A primeira visita ocorreu de forma satisfatória para ambas as partes. Na segunda visita, dia 10 de julho, Janderson não voltou para entregar a filha em Olinda. Desde então, o celular dele se encontra desligado e todas as suas contas nas redes sociais foram deletadas. A família do engenheiro afirma também não ter notícias sobre a localização dele. “Vivo na esperança de encontrar minha filha. A família sonha em ver de novo ela correndo, brincando e arrastando sua boneca pela casa”, conta Cláudia.

A polícia acredita que o crime tenha sido premeditado devido ao saque de alto valor realizado por Janderson antes de sumir com a menina. Segundo a polícia e Cláudia, ele não exercia a profissão e vivia de renda de herança familiar. “Ele já morou em várias cidades do Brasil e do mundo e tem contatos em vários lugares. É provável que ele tenha saído do estado e até do país”, afirma a advogada de Cláudia, Suelene Sá Almeida. Após o registro do desaparecimento do ex-companheiro e da filha, ela conseguiu na Justiça um mandado de busca e apreensão itinerante. Informações podem ser repassadas pelos telefones (81) 99752-9191 e (81) 99977-2143.

Parentes e amigos querem solução para desaparecimento de adolescente

Há três meses sem uma resposta, parentes, amigos e entidades de defesa dos direitos das mulheres pretendem realizar nesta sexta-feira, no bairro do Curado IV, em Jaboatão dos Guararapes, um ato público para chamar a atenção das autoridades e da sociedade. Eles pedirão que a polícia apresenta uma solução para o caso do desaparecimento da adolescente Beatriz Vital, 15 anos.

A garota saiu de casa no dia 24 de janeiro para um passeio na praia com o namorado, um homem de 29 anos, com o qual tem uma filha de nove meses. Segundo a mãe da adolescente, a dona de casa Maria Celma Vital, 52, até agora, nenhum contato foi feito com a família para informar o paradeiro da jovem. O caso está sendo investigado pelo delegado Carlos Barbosa da Delegacia de Crimes contra a Criança e Adolescente e Atos Infracionaios de Jaboatão.

A dona de casa Maria Celma chora todos os dias sem notícias de Beatriz. “Minha filha saiu de casa no sábado para ir à praia com o namorado. Quando foi no domingo ele apareceu aqui pedindo o bíquini dela. Eu perguntei por ela e ele respondeu que Beatriz já estava na praia esperando pela roupa de banho. Desde então, não tivemos mais notícia da minha filha”, revelou Celma.

Segundo a gerente de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher de Jaboatão dos Guararapes, Bianca Freire, integrantes dos conselhos municipais de Direitos Humanos, da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e dos Direitos das Mulheres participarão do ato desta sexta. “Queremos mobilizar a comunidade e pedir à polícia que o caso seja tratado como violência doméstica e investigado com maior rigor”, ressaltou Bianca.

O delegado Carlos Barbosa, responsável pelo inquérito, rebateu as críticas ao trabalho da polícia. “O inquérito está em andamento. Estamos esperando uma documentação da Justiça para dar os próximos passos. Por enquanto, não podemos tratar o caso com um homicídio porque o corpo não foi localizado”, afirmou Barbosa. O suspeito já foi ouvido pela polícia e disse que após voltar da praia com a jovem a deixa na entrado do Curado IV, no entanto, segundo a polícia, não há testemunhas ou câmeras de monitoramento que comprovem essa versão.

Serviço:

Quem tiver informações sobre o paradeiro de
Beatriz pode telefonar para os seguintes números

Disque-Denúncia: 3421-9595
DPCA Jaboatão: 3182-5412