Presos em nome do trabalho

Algumas pessoas que deixam as unidades prisionais em todos os estados do Brasil, apesar de todas as dificuldades e falta de incentivo do governo, deixam as prisões com o objetivo de mudar de vida e não voltar a cometer crimes. No entanto, para isso, essas pessoas precisam da ajuda de quem está do lado de fora para seguir no caminho certo.

Depois do apoio da família e dos amigos, um passo importante é a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, o que pouco acontece. Muitas empresas se recusam a contratar ex-presidiários por preconceito e medo. Essa realidade tem feitos muitos apenados de Pernambuco abrirem mão do direito de diminuir a pena quando trabalham nas prisões para não ter que enfrentar o desemprego quando ganharem a liberdade.

Esse assunto é o tema da matéria feito pelos jornalistas Ed Wanderley e Annaclarice Almeida.

Assista ao vídeo:

Presos ficam ligados ao sistema carcerário para estudar e trabalhar

Do Diario de Pernambuco, por Ed Wanderley

Para quem acompanha o passar das horas por trás de grades trancadas, liberdade é sonho e objetivo. Abrir mão do direito mais básico da cidadania, o de ir e vir, parece ilógico e inconcebível. Mas há quem prefira manter-se ligado ao sistema carcerário por mais tempo do que seria necessário. Isso porque, através dele, pode encontrar trabalho. São homens e mulheres cujas expectativas por reinserção social são ainda mais baixas que antes de as algemas e os cadeados lhe mudarem os planos.

No Complexo Prisional do Curado, presos trabalham na usina de reciclagem e, para cada 3 dias<br />
trabalhados, ganham 1 a menos na sentença. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Pessoas que temem a liberdade completa por achá-la menos verdadeira que o constante julgamento de seus passados, estampado no rosto de cada potencial empregador. Cena que, repetida, os manteriam tão presos pela necessidade quanto já foram por seus crimes.

Marianne Assunção, 24 anos, poderia ser mais uma universitária jaboatonense livre e, no entanto, assinou um termo de desistência da liberdade condicional há mais de três anos. Caso não o tivesse feito, já teria a graça do perdão da pena – de seis anos – mas segue no regime aberto, ligada, por opção, ao sistema de reeducação. “Trabalho desde 2010 numa secretaria do governo. Solta, não conseguiria trabalho como esse, que me mantém e permite estudar”, diz.

Morador de Camaragibe, Eduardo Tinoco da Silva, 33, já cumpriu a pena. Mas a morosidade do julgamento acaba postergando o exercício de seu trabalho num museu, onde atua como auxiliar de serviços gerais há quase três anos. “Emprego dá sensação de segurança. Com ele, pago um curso de gestão e a escola do meu filho”, conta ele que, um dia, levou no bolso 20 pedras de crack.

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