Edmacy deixa prisão e diz que vai provar sua inocência na morte do promotor

Com as mãos erguidas e um sorriso no rosto, o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, 47 anos, deixou o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na tarde dessa quarta-feira. Apontado pela polícia como principal suspeito de ter atirado contra o promotor de Justiça de Itaíba, Thiago Faria Soares, 36, morto em 14 de outubro, ele estava preso há 65 dias. A falta de provas suficientes para que a polícia pernambucana solicitasse à Justiça uma prisão preventiva resultou na soltura de Edmacy. Abraçado aos familiares, ele garantiu que era inocente. “Estou provando isso.”

Agricultor perdeu 16 kg enquanto esteve preso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agricultor perdeu 16 kg enquanto esteve preso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O suspeito foi detido um dia após a morte do promotor. Depois de uma série de depoimentos e uma simulação dos passos que teria dado no momento em que a vítima era executada a tiros, Edmacy foi encaminhado no dia seguinte para o Cotel. A prisão temporária durou 30 dias. Como já respondia a outro processo no Sergipe, a Justiça daquele estado solicitou que ele continuasse preso. No entanto, o juiz Diógenes Barreto determinou a liberdade do suspeito, na sexta-feira passada, com o argumento de que “a demora (do MPPE) em deflagrar a ação penal realmente gera incerteza quanto a autoria delitiva/participação de Edmacy no crime”.

Em poucas palavras, tentando conter a emoção da liberdade, o agricultor afirmou que sentiu tristeza e revolta pelo tempo que ficou preso. “O pior momento é chegar em um lugar desses (Cotel) sem dever nada”, destacou. O advogado do suspeito, Anderson Flexa, comemorou a decisão favorável ao cliente. “Ele sempre disse que era inocente”, afirmou. O advogado não descartou entrar com uma ação contra o estado.

O suspeito seria solto na última terça-feira, mas o alvará expedido pela 5ª Vara Criminal do TJSE não chegou a tempo ao Fórum de Abreu e Lima, devido a um problema no sistema eletrônico que impediu o envio da carta precatória. A assessoria de imprensa da Polícia Civil de Pernambuco afirmou que não comentaria a saída do suspeito da prisão, nem sobre as investigações sobre a morte do promotor, que seguem sob sigilo.

Mais de 30 mil pessoas privadas de liberdade farão a prova do Enem

Nestas terça e quarta-feira, 30.341 pessoas privadas de liberdade vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013. Os candidatos terão que resolver quatro provas objetivas que abrangem as várias áreas de conhecimento abordadas em sala de aula. Eles farão as provas nas próprias unidades prisionais e socioeducativas.

Provas acontecem nestas terça e quarta. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Provas acontecem nestas terça e quarta. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

O número de inscritos aumentou 28,2% em relação ao ano passado, quando o total chegou a 23.665. O crescimento é um pouco maior do que verificado no Enem aplicado aos demais candidatos, que em 2013 teve 7,1 milhões de inscritos, cerca de 27% a mais que em 2012 (5,6 milhões).

A maior parte dos inscritos, 23.405, fará a prova para obter a certificação do ensino médio. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O Enem também pode ser usado pelos candidatos como forma de ingresso no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu); no particular, com as bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni); e no técnico, pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec).

O ensino superior pode ser cursado de forma presencial pelos detentos em regime semiaberto ou de forma indireta, quando, mediante a autorização de um juiz, o interno tem acesso à gravações das aulas.

“O Enem está sendo bem-aceito, fazemos a divulgação tanto para os detentos que participam dos núcleos de ensino, como nas próprias celas”, diz o coordenador de Educação nas Unidades Prisionais e responsável pela aplicação do Enem nas unidades do Distrito Federal (DF), Ricardo Gonçalves Barbosa. “Desde o início do ano letivo, desde que o Enem foi permitido para os privados de liberdade, fazemos o nosso planejamento envolvendo conteúdos do exame”, destaca. Segundo ele, os estudantes fazem provas interdisciplinares, com preenchimento de gabaritos durante todo o ensino médio, a fim de treinar para as provas.

No caso dos privados de liberdade, os candidatos são todos isentos de taxa de inscrição, que foi R$ 35 para os demais candidatos. Eles manifestam o interesse de participar e, mediante autorização, são inscritos por um coordenador pedagógico da instituição. No DF, 979 foram inscritos. O número, segundo Barbosa poderia ser maior, caso houvesse estrutura e mais fiscais para acompanhar a aplicação da prova.

Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

O professor Altemir de Almeida ensina nas unidades prisionais do DF há sete anos. Antes disso, trabalhou no ensino regular, por 12 anos. “A educação é moeda de troca na cadeia. Muitos querem estudar, mas as vagas são limitadas. Elas acabam sendo oferecidas àqueles com melhor comportamento. Então, em sala de aula, vemos alunos muito interessados”, conta.

Os gabaritos das provas objetivas serão divulgados na página do Inep até o dia 9 de dezembro. Os responsáveis pedagógicos poderão acessar os resultados individuais dos participantes do Enem 2013 da unidade prisional ou socioeducativa pelos relatórios disponibilizados no sistema de inscrição, com a inserção da senha pessoal.

Em Pernambuco, 442 reeducandos farão as provas do Enem Prisional em Pernambuco neste ano, o que representa aumento de cerca de 100% em relação ao número de inscritos do ano passado. As provas acontecerão a partir das 13h, em 13 unidades prisionais da Região Metropolitana e interior do estado. Pernambuco possui a melhor média nacional de reeducandos que estudam, pois 27% da sua população carcerária frequentam a sala de aula, enquanto a média no resto do país é de 11%.

Da Agência Brasil, com informações da assessoria de imprensa da Seres

Presos em nome do trabalho

Algumas pessoas que deixam as unidades prisionais em todos os estados do Brasil, apesar de todas as dificuldades e falta de incentivo do governo, deixam as prisões com o objetivo de mudar de vida e não voltar a cometer crimes. No entanto, para isso, essas pessoas precisam da ajuda de quem está do lado de fora para seguir no caminho certo.

Depois do apoio da família e dos amigos, um passo importante é a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, o que pouco acontece. Muitas empresas se recusam a contratar ex-presidiários por preconceito e medo. Essa realidade tem feitos muitos apenados de Pernambuco abrirem mão do direito de diminuir a pena quando trabalham nas prisões para não ter que enfrentar o desemprego quando ganharem a liberdade.

Esse assunto é o tema da matéria feito pelos jornalistas Ed Wanderley e Annaclarice Almeida.

Assista ao vídeo:

30 mil detentos e adolescentes em medida socioeducativa farão o Enem

Em 2013, 30 mil internos e presos participarão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que será aplicado especificamente a esse público. O Enem para pessoas privadas de liberdade e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas será aplicado nos dias 3 e 4 de dezembro, dentro dos presídios e unidades de internação.

Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

O número de inscritos deste ano no chamado “Enem dos presídios” é 28% superior ao registrado em 2012. Esta segunda edição da prova segue o mesmo formato da regular – são 45 itens de ciências humanas, 45 de ciências da natureza, 45 de linguagens e 45 de matemática, além da redação.  O que muda é o conteúdo das questões.

Participam do exame os presos e internos cujas unidades prisionais firmaram termo de compromisso com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). As inscrições foram feitas via internet pelos responsáveis pedagógicos de cada instituição.

No primeiro dia de prova, os participantes terão quatro horas e meia para responder às questões de ciências humanas e suas tecnologias e de ciências da natureza e suas tecnologias. No segundo dia, serão aplicadas as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, matemática, além da redação. A duração chegará a cinco horas e meia.

No ano passado, o Enem para privados de liberdade teve 23.665 inscritos, sendo 20.687 homens e 2.978 mulheres. Do total de inscritos, 17.945 fizeram o exame em busca de certificação do ensino médio. É preciso ser maior de 18 anos para requerer a certificação por meio da prova do Enem.

Da Agência Brasil

Corregedoria investiga juiz que concedeu liberdade a empresário

A Corregedoria do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) está investigando uma denúncia feita contra o juiz Márcio Fernando de Aguiar Silva que está tirando férias no Distrito Judiciário Especial da comarca do Recife, em Fernando de Noronha. Segundo o promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) André Rabelo e os advogados Jadson Espiúca Borges e José do Egito Negreiros Fernandes, o magistrado revogou, no dia 5 deste mês, a prisão do empresário que estava detido no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima acusado de ter abusado sexualmente de suas duas filhas pequenas.

Promotor: %u201CO MInistério Público precisava ser ouvido%u201D (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)

Promotor vai entrar com recurso no TJPE. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A/Press
“Ele não poderia ter feito isso sem consultar o Ministério Público. O acusado estava preso porque há muitas provas contra ele. Vou entrar com um recurso para que o TJPE reconsidere essa decisão e decrete a prisão do acusado novamente”, afirmou o promotor André Rabelo. Os advogados Jadson Espiúca e José do Egito deram entrada na corregedoria na última sexta-feira.

“O que aconteceu é muito grave. O Ministério Público de Pernambuco é o dono da ação penal e tinha que ter sido consultado para que essa prisão fosse revogada. Além da denúncia que fizemos na corregedoria, vamos relatar o caso também ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, destacou o advogado Jadson Espiúca.

O juiz Márcio Fernando de Aguiar é titular da 4ª Vara de Sucessões e está respondendo por Fernando de Noronha porque o titular da Ilha, Humberto Vasconcelos, foi transferido para tirar férias do desembargador Luís Carlos Figueiredo, no Tribunal de Justiça de Pernambuco. “O que esse juiz fez foi um desrespeito ao trabalho do colega dele, que tanto trabalhou para mandar o acusado para a prisão. Até hoje não vi o teor dessa decisão que tirou da cadeia uma pessoa que não deveria ter sido posta em liberdade”, completou Rabelo.
Procurado pelo Diario por meio da assessoria de comunicação do TJPE, o juiz Márcio Fernando de Aguiar Silva informou que não vai se pronunciar sobre o assunto porque o caso está sob segredo de Justiça. Já a assessoria de imprensa da Corregedoria do TJPE informou que está apurando o caso e que irá ouvir o juiz para depois se pronunciar sobre a denúncia.

O caso
O empresário, que não pode ter o nome publicado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi preso no dia 6 de julho desde ano, sob suspeita de abusar sexualmente das duas filhas. Em depoimento na GPCA, as meninas relataram que quando passavam férias com o pai, ele as beijava e acariciava as partes íntimas. Não satisfeito, ainda pedia para que as duas se beijassem. Atualmente, as meninas têm quatro e 11 anos. Filhas de mães diferentes, uma mora no Recife e a outra em Minas Gerais. O homem tem ainda outras três meninas e um garoto.

Pertencente a uma família tradicional, o empresário do ramo de transporte de cargas via embarcação era bastante conhecido em Fernando de Noronha. Ainda de acordo com a polícia, o homem já havia sido denunciado por ter começado a namorar com a mãe da criança mais nova, a pernambucana, quando ela ainda era menor de idade. Por ser separado da mãe das meninas, segundo a polícia, os abusos só aconteciam durante as férias, quando elas iam para o arquipélago para ficar com o pai.

 

Delegado Tiago Cardoso fala sobre os dias no Cotel

 

Quase quatro meses após sua chegada ao Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, o delegado Tiago Cardoso, que foi preso em março deste ano suspeito de comandar um esquema criminoso dentro da Delegacia de Combate à Pirataria, a qual ele comandava,  falou com exclusividade ao repórter André Estanislau e ao cinegrafista Jackson Gomes da TV Clube, do grupo Diários Associados. A entrevista foi exibida no programa Cardinot Aqui na Clube.

Na conversa, Tiago Cardoso diz que a vida dele virou um inferno após a prisão. Ele conta ainda o que tem feito para passar os dias dentro da unidade e relata como foram os minutos em que os colegas policiais invadiram seu apartamento para fazer a prisão. O delegado, que está afastado das funções até que o processo seja julgado, disse que perdeu quatro quilos após chegar ao Cotel e que pretende responder ao processo em liberdade.

Confira a entrevista completa:

Mução cai na pegadinha do próprio irmão

 

Depois de passar quase 48 horas preso pela Polícia Federal (PF), o radialista Rodrigo Vieira Emerenciano, 35 anos, o Mução, ganhou a liberdade após saber que, na verdade, estava respondendo por um crime cometido pelo seu irmão, segundo a PF. Muito famoso por seu programa de rádio e por passar trotes para pessoas de todo o Nordeste, Mução, desta vez, foi a vítima de uma grande pegadinha. E o pior, protagonizada pelo próprio irmão, que trabalhava com ele. O humorista chorou e ficou muito abalado, ao saber que estava preso porque seu irmão teria criado e-mails e perfis nas redes sociais em seu nome, de onde acessava e compartilhava imagens de bebê, crianças e adolescentes em cenas de sexo explícito. O que é crime. De acordo com os delegados da PF, depois da prisão de Mução, as diligências continuaram até que se chegou ao irmão dele, que é engenheiro da computação. O rapaz que não teve o nome revelado foi intimado a depor na PF de Fortaleza e lá confessou o crime que cometeu usando a identidade do irmão. Foi indiciado por isso, mas segue em liberdade. Ele poderá responder ainda por falsidade ideológica.

Delegados falaram sobre o caso nessa sexta-feira

Durante todo o dia dessa sexta-feira, a imprensa pernambucana ficou de plantão na PF do Recife à espera de notícias sobre o destino de Mução, que chegou ao Recife pouco antes das 9h escoltado por policiais. A PF iria mandá-lo para o Centro de Triagem, em Abreu e Lima, mas logo mudou de ideia após uma suposta ameaça dos presos daquela unidade prisional. Na noite dessa sexta-feira, os advogados de Mução chegaram à sede da PF e informaram que a prisão dele havia sido revogada. Pouco tempo depois, os delegados Nilson Antunes e Kilma Caminha concederam uma entrevista coletiva explicando os motivos pelos quais Mução estava sendo solto. O radialista deixou a PF sem falar com a imprensa e teria se comprometido a dar uma entrevista neste sábado, no entanto, segundo os advogados, Mução pode divulgar apenas uma nota sobre o que aconteceu. Mais informações no portal www.diariodepernambuco.com.br ou no twitter @wagner__oliver.