Força-tarefa passará final de semana em investigação em Serra Talhada

A força-tarefa de policiais que investiga os crimes ocorridos em Serra Talhada, no Sertão, passará este final de semana empenhada na elucidação dos assassinatos que aterrorizaram a população. Ontem, o delegado Isaías Novaes, designado especialmente para apurar o caso, ouviu o depoimento de cinco pessoas. As ouvidas continuam hoje e outras diligências serão feitas no sábado e domingo.

O objetivo da investigação é descobrir o motivo que reacendeu a briga de famílias na cidade, que já motivou muitos assassinatos nos anos 1990 e início dos anos 2000. Até ontem, 18 mortes tinham sido registradas na cidade, número igual ao total de crimes ocorridos em todo o ano de 2013.

Delegacia vem tendo movimento intenso após registro de 18 mortes em três meses (WAGNER OLIVEIRA/DP/D.A. PRESS)

De acordo com fontes do blog, um ex-policial militar está sendo investigado como autor de duas mortes num fim de semana no qual foram registrados cinco assassinatos, três vítimas eram da família Pereira. A polícia investiga se há uma guerra com outra família ou um conflito interno, envolvendo diferentes clãs.

João Carlos Epaminondas tem sido a vítima para a qual a polícia tem dedicado atenção especial na investigação. Ele passou vários anos preso como autor de vários homicídios e foi solto no fim de janeiro. Durante todo o dia de ontem, a matéria publicada no Diario foi comentada pelas principais ruas da cidade.

Briga de família por trás da onda de homicídios em Serra Talhada

Uma briga de famílias é a principal hipótese investigada pelos cinco delegados que apuram os 18 homicídios ocorridos nos três primeiros meses deste ano em Serra Talhada, a 415 km do Recife, no Sertão. O número de assassinatos, que já é igual ao do ano de 2013 todo, acendeu a luz de alerta da cúpula da segurança pública estadual.

Um ex-policial militar, de identidade preservada, está sendo investigado como suspeito por duas mortes no último dia 22 de março, quando foram baleados, perto de um bar no Centro, João Carlos Epaminondas, 44, e o primo dele, o policial militar Geovane Alves Pereira, 37, que era lotado no Rio Grande do Norte. Naquele mesmo fim de semana, outras três pessoas foram mortas em locais públicos e houve duas tentativas de assassinato.

Viatura da Polícia Militar faz rondas pela cidade. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press
Viatura da Polícia Militar faz rondas pela cidade. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press

Dos cinco mortos, três são da família Pereira, incluindo Olímpio Pereira Júnior, 39, que chegou a ser socorrido e levado para um hospital, mas não resistiu. A polícia investiga se há uma guerra com outra família ou se trata-se de um conflito interno, envolvendo diferentes clãs. As outras duas pessoas que morreram no violento fim de semana, um casal identificado como Antônio Ferreira da Silva, 33, e Eliene Pereira Lima, 27, não seriam a princípio, ligadas à família, mas tudo ainda está sendo investigado. Após a onda de homicídios, uma força-tarefa foi montada na cidade para tentar esclarecer os casos e prender os suspeitos. A população está assustada com o aumento da violência e o clima é tenso.

Conhecido da polícia e dos moradores da cidade pelo histórico do envolvimento em crimes de execução, João Carlos Epaminondas chegou a passar vários anos preso. Recentemente estava cumprindo prisão domiciliar, mas acabou ganhando a liberdade no fim do mês de janeiro. Isso porque no dia do seu julgamento as testemunhas não comparecerem ao Fórum, pois não haviam sido notificadas. A Justiça, então, acabou concedendo a liberdade ao acusado.

Fontes da polícia acreditam que a morte de João Carlos, conhecido como Galeguinho de João de Tonhé, foi uma forma de vingança relacionada às muitas mortes que ele teria praticado nos anos de 1990 em Serra Talhada. O cidadão, que já chegou a trocar tiros com PMs e confessou a morte de um homem que teria matado seu pai num assalto, estava com novo julgamento marcado para junho deste ano. “Acreditamos que só estavam esperando ele aparecer na rua para matá-lo. Esse homem já assassinou muita gente e as famílias estão se vingando”, contou um policial em reserva.

Memória

Brigas de família no interior do estado

Exu
A terra de Luiz Gonzaga, no Sertão, foi palco por mais de 30 anos de uma guerra política entre famílias. Os moradores viveram décadas de medo devido às lutas entre as famílias Alencar e Sampaio. Mais de 40 mortes foram registradas durante o conflito, que só acabou depois de muitos acordos de paz frustrados. O alvo da briga entre os clãs era o poder político da cidade.

Cabrobó
Numa guerra que durou 14 anos no Sertão, um total de 150 pessoas foram assassinadas entre as cidades de Cabrobó e Belém de São Francisco. Cinco famílias disputavam o poder na região e os membros acabaram pedindo ajuda da Justiça para encerrar com a matança.

Floresta
Outro caso no Sertão do estado é a guerra entre as famílias Ferraz e Novaes, em Floresta. A rixa teve início em 1913 pela disputa do poder. Depois de alguns anos de paz, os assassinatos voltaram nos anos 1990. Em 1992, o prefeito Francisco Ferraz Novaes foi morto.

Itaíba
O município do Agreste, onde em outubro de 2013 foi morto o promotor de Justiça Thiago Faria Soares, ganhou fama nos anos 2000 por ter um Triângulo da Pistolagem, motivado por disputas de terra. O fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, apontado como o mandante da morte do promotor, também foi acusado de mandar matar, em 1990, o prefeito de Águas Belas, Hildebrando Lima.

Do Diario de Permambuco

Morte em apartamento no Espinheiro será investigada pelo DHPP

A partir desta segunda-feira, o delegado Isaías Novaes, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), deve assumir o inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Geraldo Martins de Souza Júnior, 27 anos, no último sábado, no Edifício Tamataúpe, 316, na Rua do Espinheiro, no bairro de mesmo nome. A Polícia Civil está investigando se a morte foi acidental ou proposital e se há envolvimento do crime com o uso de drogas. Por enquanto, há indícios de óbito por asfixia. Ontem pela manhã, peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local para coletar material no apartamento.

Segundo testemunhas, a vítima estava com outros quatro homens dentro do imóvel, entre eles o proprietário, Péricles Filho, quando teria entrado em surto e tentado saltar do terceiro andar. Nesse momento, na tentativa de contê-lo, um dos colegas teria dado uma gravata em Geraldo. Uma testemunha, que pediu para não ser identificada, disse que ouviu muitos gritos vindos do apartamento. “Desde a madrugada já estava acontecendo um bate-boca, uma gritaria. Ele (a vítima) parecia estar descontrolado, querendo pular. Um dos homens estava na janela tentando impedir o salto e o outro segurava ele. Depois ouvi uma quebradeira e o silêncio”, contou.

Em seguida, dois homens foram vistos descendo com o corpo por um dos elevadores do edifício. Um deles, identificado apenas como Gabriel, contou à polícia que Geraldo era traficante de drogas e teria entrado em surto. Após pedirem socorro em um hospital, os colegas de Geraldo chamaram a polícia, que chegou ao local para investigar uma suspeita de overdose. O dono do apartamento morava no imóvel com o pai e um irmão mais novo. Moradores informaram que ele usava drogas e que o apartamento funcionaria como ponto de distribuição. O assunto já teria sido discutido em uma reunião de condomínio.

Do Diario de Pernambuco