Há um mês à frente das investigações sobre o assassinato do promotor Thiago Faria, a Polícia Federal de Pernambuco se pronunciou nesta sexta-feira sobre o caso. De acordo com o superintente do órgão, delegado Marcelo Diniz Cordeiro, a PF começou a analisar as investigações repassadas pela Polícia Civil, realizou algumas diligências, entrevistas e intimações.
Para os trabalhos, foi designada uma equipe da Unidade de Combate a Crimes Contra Pessoas, que faz parte da Coordenação Geral de Defesa Institucional, sediada em Brasília. Os policiais vieram especialmente para o caso. O grupo está sendo coordenado pelo delegado Alves que, segundo o superintendente, tem experiência em atuar em homicídios, com investigação de grupos de extermínio. Esta semana, o delegado especial realizou diligências em Itaíba, de onde chegou nesta sexta-feira.
A entrevista coletiva aconteceu na sede da PF, no Cais do Apolo, há poucos dias do aniversário de um ano do crime, ocorrido no dia 14 de outubro de 2013 na PE-300, rodovia que liga Águas Belas, município onde o promotor morava, a Itaíba, onde ele trabalhava.
Em agosto deste ano, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a Polícia Federal assumisse o inquérito. O relator do incidente de deslocamento de competência, ministro Rogerio Schietti Cruz, entendeu que a demora no esclarecimento do crime representa grave violação dos direitos humanos e pode resultar na impunidade dos seus mandantes e executores.
A Seção ainda determinou que o inquérito seja acompanhado pelo Ministério Público Federal e que fique sob a jurisdição da Justiça Federal. O assassinato do integrante do Ministério Público de Pernambuco estaria inserido no contexto de atuação de grupos de extermínio na área, conhecida como Triângulo da Pistolagem.
O pedido de federalização foi feito ao STJ pelo procurador-geral da República, após solicitação do Ministério Público estadual. O procurador-geral sustentou que haveria um conflito aberto entre instituições – a Polícia Civil e o MP de Pernambuco –, o que demonstraria a impossibilidade de autoridades locais oferecerem resposta ao crime praticado.
Em pouco mais de um mês, pelo menos oito residências foram arrombadas e invadidas por criminosos nas proximidades da Praça do Trabalho, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Em todos os casos, os ladrões fugiram levando objetos das residências, e o que é mais curioso: entraram e saíram dos imóveis sem serem percebidos pelos moradores, que estavam dormindo. Os casos estão sendo investigados pela Delegacia de Casa Amarela.
As constantes ocorrências levaram a população a se precaver contra novas investidas. Reforços nos cadeados e até correntes estão sendo usadas nas grades e portas para tentar impedir as invasões. “Não estamos mais conseguindo dormir. As pessoas estão aterrorizadas. Qualquer barulho que a gente escuta durante a madrugada é motivo para pânico. Na minha casa mesmo os ladrões entraram quando eu e minhas três filhas estávamos dormindo”, conta a dona de casa Helen Mary Ohara, 48 anos. Moradora do local há 16 naos, Helen afirma nunca ter visto nada parecido nas proximidades.
“Há muito tempo, havia alguns problemas na praça, mas a polícia resolveu a situação. Agora os arrombamentos estão assustando. Da minha casa levaram uma TV 42 polegadas, um relógio da minha filha e R$ 800 e até um desodorante que estava na mesa. Só percebi o roubo quando acordei. Agora providenciei reforço nas grades”, diz Helen, que procurou a polícia no dia do roubo.
Na Rua Fernando de Souza Caeté existe uma escola onde há câmeras de monitoramento apontando para a rua. Mesmo assim, os criminosos não se intimidam. “Ninguém pode mais ficar brincando na rua. A situação está feia por aqui”, disse uma adolescente que preferiu não revelar o nome. A contadora Alessandra Albuquerque, 42, também ainda não se recuperou do susto. Quando o seu marido acordou para ir à academia de musculação percebeu que a televisão da sala e uma bicicleta que ficava no terraço não estavam mais em casa.
“Foi um desespero. Minha preocupação maior foi com meus dois filhos que também estavam dormindo quando invadiram a casa.” Em alguns imóveis, os criminosos lancharam e roubaram comida.
Dois suspeitos já foram detidos pela polícia
As denúncias de arrombamentos de casas nas proximidades da Praça do Trabalho começaram a ser investigadas no mês passado. Segundo o delegado Paulo Berenguer, titular da Delegacia de Casa Amarela, dois suspeitos já foram presos e autuados em flagrante por suspeita de envolvimento nos roubos a residências e ainda em assaltos a transeuntes. Um terceiro suspeito já foi identificado.
“Esses casos foram registrados em nossa delegacia e duas pessoas já foram presas no mês passado, em flagrante. Sabemos quem é a terceira pessoa que estava atuando e que ele e o comparsa agiam em uma moto de cor vermelha. Outro homem foi preso sozinho”, detalha o delegado Paulo Berenguer. Segundo a polícia, em geral, as peças mais cobiçadas são aparelhos de televisão e de som. “Eles costumam trocar os produtos furtados por crack”, afirma Berenguer.
Apesar das constantes ocorrências, o delegado ressaltou que nos últimos dois anos a circunscrição da sua delegacia, que abrange oito bairros, teve uma redução de quase 30% nos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs) e de 75% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). A Polícia Militar de Pernambuco informou que o comando do 11º BPM tem conhecimento das denúncias e que está trabalhando junto à Polícia Civil na identificação dos suspeitos.
A PM informou que o policiamento é feito por uma viatura da Patrulha do Bairro e que o batalhão está à disposição da comunidade pelo telefone 3183-5474. A assessoria de imprensa da PM ressaltou ainda a importância das queixas pelo número 190 e da formalização dos casos nas delegacias da Polícia Civil.