As investigações sobre o assassinato do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49 anos, encontrado morto dentro do seu apartamento no dia 16, tomaram novos rumos. O crime, que a princípio estaria ligado somente à vida pessoal da vítima, pode estar relacionado ao ambiente profissional de Betinho. A Polícia Civil investiga a participação de alunos de um dos colégios onde ele trabalhava.
Betinho era coordenador pedagógico do Colégio Agnes e professor da Escola Municipal Moacir de Albuquerque. Na última quinta-feira, dois estudantes do colégio particular prestaram depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e negaram envolvimento. Novas ouvidas serão colhidas hoje. Pelo menos oito pessoas das duas instituições de ensino prestarão depoimentos.
Ontem os investigadores passaram a tarde analisando imagens de monitoramento do Edifício Módulo para colher novos indícios. Fontes da Polícia Civil revelaram que as primeiras imagens enviadas ao DHPP não eram referentes ao dia em que o professor chegou em casa, a quinta-feira dia 14, e sim de dois dias antes. Embora ainda não saiba os detalhes nem a motivação do crime, a polícia já tem alguns indícios contra os estudantes investigados, um deles de 17 anos.
Betinho trabalhava no Agnes há 17 anos. Alunos, funcionários colegas e familiares lamentaram a morte do pedagogo que morava sozinho. O crime foi registrado pelo plantão da Força-Tarefa do DHPP ainda na noite do último dia 16. Na segunda-feira (18), o delegado Alfredo Jorge assumiu as investigações. Procurado pelo Diario ontem, ele disse que não poderia falar sobre o caso.
Na semana passada, dois rapazes que costumavam frequentar a casa de Betinho foram intimados e prestaram depoimentos no DHPP. Ambos negaram participação no assassinato. Um deles contou à polícia que já havia mantido relacionamento com a vítima e que continuava frequentando o apartamento para consumir drogas com o pedagogo.
A família de Betinho afirmou desconhecer o envolvimento dele com drogas. Dentro do apartamento, a polícia encontrou cachimbos e latas para fumar crack. Durante os dois dias em que o pedagogo não foi visto pelos vizinhos, a porta do apartamento dele esteve aberta e batia com o vento.
“Ele deixava um pano para vedar a porta quando saía, porque estava com problemas, mas fechava por dentro. Quando foram verificar, a porta estava encostada e a grade da frente com um cadeado, que foi arrombado”, disse uma moradora, que preferiu não se identificar, um dia após a descoberta do corpo.
Saiba mais:
O que a polícia já sabe:
O pedagogo chegou ao prédio na quinta-feira (14) à noite, estacionou sua motocicleta e entrou em seu apartamento
Ele não foi trabalhar na sexta-feira (15), nem foi visto pelos vizinhos durante toda a sexta-feira e o sábado
O corpo foi encontrado na noite do sábado por um rapaz que costumava frequentar o apartamento da vítima e por um morador do edifício
Betinho estava sem roupas da cintura para baixo, com as pernas amarradas pelo fio do ventilador e com fio do ferro de passar roupas enrolado no pescoço
O(s) suspeito(s) desceu(ram) do sétimo andar, onde morava o pedagogo, até o quarto andar, onde jogou(ram) as chaves do apartamento num lixeiro
As imagens da câmera de monitoramento do prédio gravadas na quinta-feira (14) já estão sendo analisadas pela polícia
O que a polícia precisa descobrir:
Quem esteve no apartamento do professor a partir do momento em que ele chegou em casa na noite do último dia 14
Quem cometeu o crime e amarrou as pernas e o pescoço do pedagogo que trabalhava em duas escolas no Recife
Quem desceu do sétimo até o quarto andar do Edifício Módulo e jogou as chaves do apartamento num lixeiro
Quais foram os motivos que levaram uma ou mais pessoas a tirarem a vida do pedagogo que era querido por todos
Se entre as pessoas que aparecem nas imagens do circuito do prédio está algum dos investigados pelo crime
Se houve luta corporal antes do crime e se a pessoa entrou no apartamento com a autorização da vítima