Caso Betinho terá terceira audiência de instrução nesta quarta-feira

Está prevista para acontecer nesta quarta-feira, às 13h, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano, a terceira audiência de instrução sobre o assassinato do professor José Bernardino da Silva Filho, mais conhecido como Betinho. A vítima foi encontrada morta dentro do seu apartamento, em maio do ano passado, na Avenida Conde da Boa Vista. A previsão é de que sejam ouvidos nesta quarta-feira o delegado Alfredo Jorge, responsável pela investigação, e um dos estudantes acusados do crime.

A investigação da Polícia Civil apontou que o estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, 20 anos, e outro estudante que à época tinha 17 anos foram os responsáveis pelo crime. Os dois eram alunos do Colégio Agnes, no Recife, onde Betinho trabalhava. O mais velho é filho do diretor do colégio.

Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal
Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal

No final de setembro do ano passado, depois de pouco mais de quatro meses de investigação, o delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pediu a prisão preventiva de Ademário à Justiça. Ele foi indiciado por homicídio qualificado. Além disso, o delegado pediu a internação para cumprimento de medida socioeducativa do adolescente, por ato infracional correspondente ao crime de homicídio.

Para concluir o inquérito, o delegado ouviu cerca de 40 pessoas e interregou os suspeitos duas vezes. Os estudantes negam envolvimento no assassinato. O caso seguiu para a Justiça sem a motivação esclarecida.

Segundo a polícia, Betinho foi torturado antes de morrer. “Ele teve o fio de ferro enrolado ao pescoço quando ainda estava vivo. Depois sofreu os golpes que causaram sua morte. As digitais do adolescente de 17 anos foram encontradas exatamente no ferro elétrico e no ventilador, cujo fio estava amarrando as pernas da vítima. Já a digital de Ademário estava na porta de um móvel do apartamento”, declarou o delegado Alfredo Jorge no dia da apresentação do inquérito.

Betinho morava no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife. Além do Agnes, ele também trabalhava na Escola Municipal Moacir de Albuquerque, em Nova Descoberta, de onde havia pedido transferência uma semana antes de ser assassinado após ser flagrado saindo do banheiro com um adolescente que é aluno da escola.

Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Além dos dois estudantes, o inquérito do DHPP foi enviado à Justiça com o indiciamento da supervisora de uma creche de Olinda. De acordo com o delegado Alfredo Jorge, Wenderly Gomes de Castro, tentou atrapalhar as investigações indicando falsas testemunhas para prestaram depoimentos.

Estudante de 17 anos foi o executor do professor Betinho do Agnes

Um adolescente de 17 anos está sendo apontado pela polícia como executor da morte do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49. Ele e outro aluno do Colégio Agnes (de 19 anos) são os suspeitos do crime, segundo o delegado Alfredo Jorge. Como antecipado pelo Diario com exclusividade, impressões digitais foram encontradas por peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) na casa do professor.

Delegado Alfredo Jorge espera que suspeitos confessem o crime. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Delegado Alfredo Jorge espera que suspeitos confessem o crime. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

As digitais do adolescente estavam no ferro de passar roupas usado para matar a vítima, no ventilador cujo fio serviu para amarrar as pernas do pedagogo e ainda na geladeira da residência. Já as do estudante de 19 anos foram colhidas na cômoda do apartamento de Betinho. Um dos estudantes é filho de um integrante da administração do colégio.

O professor foi encontrado morto em seu apartamento, no Edifício Módulo, na Conde da Boa Vista, em 16 de maio. De acordo com a polícia, os suspeitos devem ser ouvidos novamente na próxima semana. “Os dois prestaram depoimento em 21 de maio e negaram participação. Também negaram que estiveram na casa da vítima e alegaram que nem sabiam onde Betinho morava. Mas as digitais provam que eles estiveram na cena do crime”, apontou o delegado.

Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal
Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal

Alfredo Jorge afirmou que a motivação do assassinato segue indefinida e por isso a investigação vai continuar. “Precisamos saber se houve relação sexual antes do crime. Estamos esperando os laudos.”

Até o momento, a polícia não decidiu quando irá pedir a prisão temporária ou preventiva do suspeito de 19 anos e a internação do adolescente. Ambos cursam o terceiro ano do ensino médio.

“Ainda não temos a motivação, mas o inquérito pode ser fechado sem essa conclusão e encaminhado à Justiça com as provas e indícios. Ambos apresentaram álibis para a noite do crime. O mais velho disse que estava em casa e o adolescente contou que estava com a namorada, mas a versão do mais novo já foi derrubada. Acho possível que o motivo do crime só seja descoberto com a confissão dos dois suspeitos.”

Os advogados do estudante de 19 anos afirmaram que a família ainda não vai se pronunciar. Os defensores vão aguardar as intimações para os novos depoimentos. Procurado mais uma vez, o Colégio Agnes também preferiu não se pronunciar.

Pontos cegos
A polícia revelou que existem pontos cegos na câmera de monitoramento do Módulo e que há a possibilidade de alguém ter entrado e saído do edifício sem ser filmado. A análise das gravações estão em andamento.

Polícia colhe novos depoimentos sobre morte do professor Betinho

Pelo menos cinco pessoas prestarão depoimentos hoje no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sobre as investigações da morte do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49 anos. Pela manhã, três estudantes do Colégio Agnes, onde Betinho era coordenador pedagógico, serão ouvidos pelo delegado Alfredo Jorge. À tarde, duas pessoas ligadas à vítima serão interrogadas. Durante todo o dia de ontem, oito pessoas prestaram esclarecimentos à polícia. Também ontem, um irmão e uma irmã de Betinho procuraram o delegado para saber como andam as investigações.

Depoimentos estão sendo tomados no DHPP. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Depoimentos estão sendo tomados no DHPP. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O auxiliar administrativo Silvio Pereira, 40, veio acompanhado de uma irmã e da esposa e afirmou que a família espera justiça para o caso. “Viemos para falar com o delegado e saber se há novidades. O que a gente quer é que a pessoa que matou meu irmão venha até a delegacia e confesse o crime. Ninguém pode tirar a vida de outra pessoa e ficar impune”, desabafou Silvio. Na manhã de ontem, a única pessoa interrogada pela polícia foi um aluno do Agnes. O jovem veio acompanhado do avô que já foi diretor do colégio particular e também conhecia a vítima. “Vim acompanhar meu neto que respondeu as perguntas do delegado sobre se ele conhecia Betinho e se ele sabia das atividades dele fora do colégio”, afirmou o pastor Adauto Lins.

Irmão do professor Betinho procurou o delegado ontem para saber das investigações
Irmão do professor Betinho procurou o delegado ontem para saber das investigações

À tarde, a movimentação foi intensa no DHPP. Mais sete pessoas prestaram depoimentos aos policiais que investigam o caso. Um morador do edifício Módulo que era vizinho do pedagogo, duas funcionárias e a mãe de um aluno do Agnes, além da diretora, da vice e uma estagiária da Escola Moacir de Albuquerque, onde a vítima também trabalhava, foram ouvidos. “Falava com ele apenas de bom dia e boa noite. Nem o nome dele eu sabia”, disse o vizinho que preferiu não revelar seu nome e afirmou morar no local há poucos meses.

Dois alunos da escola particular onde Betinho trabalhava estão sendo investigados pela polícia. Eles prestaram depoimento na quinta-feira passada e negaram participação no assassinato. A polícia, no entanto, afirma ter indícios contra os dois estudantes, sendo um adolescente. Betinho foi encontrado morto dentro do seu apartamento na noite do último dia 16. Ele estava despido da cintura para baixo, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado no pescoço. A polícia disse ainda que o ferro foi usado para dar pancadas na cabeça da vítima que morava sozinha no imóvel.

Caso Betinho: investigações tomam novo rumo

As investigações sobre o assassinato do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49 anos, encontrado morto dentro do seu apartamento no dia 16, tomaram novos rumos. O crime, que a princípio estaria ligado somente à vida pessoal da vítima, pode estar relacionado ao ambiente profissional de Betinho. A Polícia Civil investiga a participação de alunos de um dos colégios onde ele trabalhava.

Crime está sendo investigado pelo delegado Alfredo Jorge do DHPP. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Crime está sendo investigado pelo delegado Alfredo Jorge do DHPP. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Betinho era coordenador pedagógico do Colégio Agnes e professor da Escola Municipal Moacir de Albuquerque. Na última quinta-feira, dois estudantes do colégio particular prestaram depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e negaram envolvimento. Novas ouvidas serão colhidas hoje. Pelo menos oito pessoas das duas instituições de ensino prestarão depoimentos.

Ontem os investigadores passaram a tarde analisando imagens de monitoramento do Edifício Módulo para colher novos indícios. Fontes da Polícia Civil revelaram que as primeiras imagens enviadas ao DHPP não eram referentes ao dia em que o professor chegou em casa, a quinta-feira dia 14, e sim de dois dias antes. Embora ainda não saiba os detalhes nem a motivação do crime, a polícia já tem alguns indícios contra os estudantes investigados, um deles de 17 anos.

Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal
Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal do Recife. Foto: Arquivo Pessoal

Betinho trabalhava no Agnes há 17 anos. Alunos, funcionários colegas e familiares lamentaram a morte do pedagogo que morava sozinho. O crime foi registrado pelo plantão da Força-Tarefa do DHPP ainda na noite do último dia 16. Na segunda-feira (18), o delegado Alfredo Jorge assumiu as investigações. Procurado pelo Diario ontem, ele disse que não poderia falar sobre o caso.

Na semana passada, dois rapazes que costumavam frequentar a casa de Betinho foram intimados e prestaram depoimentos no DHPP. Ambos negaram participação no assassinato. Um deles contou à polícia que já havia mantido relacionamento com a vítima e que continuava frequentando o apartamento para consumir drogas com o pedagogo.

A família de Betinho afirmou desconhecer o envolvimento dele com drogas. Dentro do apartamento, a polícia encontrou cachimbos e latas para fumar crack. Durante os dois dias em que o pedagogo não foi visto pelos vizinhos, a porta do apartamento dele esteve aberta e batia com o vento.

“Ele deixava um pano para vedar a porta quando saía, porque estava com problemas, mas fechava por dentro. Quando foram verificar, a porta estava encostada e a grade da frente com um cadeado, que foi arrombado”, disse uma moradora, que preferiu não se identificar, um dia após a descoberta do corpo.

Saiba mais:

O que a polícia já sabe:

O pedagogo chegou ao prédio na quinta-feira (14) à noite, estacionou sua motocicleta e entrou em seu apartamento

Ele não foi trabalhar na sexta-feira (15), nem foi visto pelos vizinhos durante toda a sexta-feira e o sábado

O corpo foi encontrado na noite do sábado por um rapaz que costumava frequentar o apartamento da vítima e por um morador do edifício

Betinho estava sem roupas da cintura para baixo, com as pernas amarradas pelo fio do ventilador e com fio do ferro de passar roupas enrolado no pescoço

O(s) suspeito(s) desceu(ram) do sétimo andar, onde morava o pedagogo, até o quarto andar, onde jogou(ram) as chaves do apartamento num lixeiro

As imagens da câmera de monitoramento do prédio gravadas na quinta-feira (14) já estão sendo analisadas pela polícia

O que a polícia precisa descobrir:

Quem esteve no apartamento do professor a partir do momento em que ele chegou em casa na noite do último dia 14

Quem cometeu o crime e amarrou as pernas e o pescoço do pedagogo que trabalhava em duas escolas no Recife

Quem desceu do sétimo até o quarto andar do Edifício Módulo e jogou as chaves do apartamento num lixeiro

Quais foram os motivos que levaram uma ou mais pessoas a tirarem a vida do pedagogo que era querido por todos

Se entre as pessoas que aparecem nas imagens do circuito do prédio está algum dos investigados pelo crime

Se houve luta corporal antes do crime e se a pessoa entrou no apartamento com a autorização da vítima

Corpo de professor assassinado será enterrado nesta segunda-feira

Será sepultado nesta segunda-feira o corpo do auxiliar de coordenação pedagógica do Colégio Agnes e professor da rede municipal de ensino, José Bernardino da Silva Filho, de 49 anos. Ele foi morto dentro do apartamento número 72, do Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, onde vivia há pelo menos dois anos. O corpo de José Bernardino foi retirado do imóvel no final da noite do último sábado, depois de ser encontrado por um amigo e por vizinhos, sem roupas e enrolado em fios de eletrodomésticos e com sinais de pancadas na cabeça.

Crime está sendo investigado pelo delegado Alfredo Jorge do DHPP. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Crime está sendo investigado pelo delegado Alfredo Jorge do DHPP. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

De acordo com uma vizinha, que preferiu não se identificar, o pedagogo foi visto pela última vez na noite da quinta-feira, quando estacionou a motocicleta na parte interna do prédio. Desde então, vizinhos apenas ouviam o bater da porta do apartamento. “Ele sempre deixava um pano para vedar a porta quando saía, porque ela estava com problemas, mas fechava por dentro. Quando foram verificar, a porta estava encostada e a grade da frente com um cadeado, que foi arrombado”, afirma. A informação é de que o corpo foi encontrado com os pés amarrados com um fio de ventilador e o pescoço, com fio de um ferro de passar, também utilizado para desferir golpes contra a vítima.

Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal
Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a polícia, o homem não era casado, não tinha filhos e mantinha relações homoafetivas supostamente com garotos de programa. Um jovem que ajudou a descobrir o corpo e era comumente visto nas dependências do prédio acompanhando o pedagogo deve ser localizado e interrogado pela polícia nos próximos dias, já que ele deixou o local antes da chegada das equipes do IML e da Força-Tarefa de Homicídios. O caso será investigado pelo delegado Alfredo Jorge. O corpo será sepultado às 10h de hoje no cemitério de Santo Amaro. Na página dele, no Facebook, muitas declarações de alunos e professores sobre o amigo.