Equipe do delegado preso por receber propina também será investigada

Diretores e delegados da Polícia Civil do estado passaram o final de semana monitorando a situação do delegado que está preso e internado após ter sido pego em flagrante, segundo a polícia, cobrando propina. O delegado pode seguir para a prisão a qualquer momento, mas tudo agora vai depender da evolução do seu quadro de saúde. A partir desta segunda, as investigações serão retomadas. Confira matéria publicada no Diario de Pernambuco desta segunda-feira. O texto é do repórter Raphael Guerra.

 

Policiais civis que trabalham diretamente com o delegado Carlos Gilberto Freire de Oliveira, 61 anos, preso em flagrante, de acordo com a polícia, por crime de concussão (extorsão cometida por funcionário público), também serão investigados. O objetivo é identificar se algum deles está envolvido em esquemas criminosos, como cobrança de propina, dentro da Delegacia de plantão da Várzea. O delegado passará nesta segunda-feira por novos exames no Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), onde está internado desde a última sexta-feira, quando foi preso. Após receber alta, seguirá para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

“Testemunhas e pessoas citadas durante a prisão em flagrante do delegado serão ouvidas ao longo desta semana. Temos dez dias até a conclusão do inquérito, que também apura se mais algum policial tem participação no crime”, explicou a delegada de Repressão aos Crimes contra a Administração e Serviços Públicos Andrea Veras. Segundo ela, mesmo com a divulgação da prisão do suspeito, nenhuma nova denúncia contra ele foi registrada na delegacia. Na esfera criminal, o suspeito pode pegar de dois a oito anos de detenção.

Carlos Gilberto foi flagrado em frente à reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no momento em que recebia R$ 700 para liberação de um caminhão apreendido pela Delegacia da Várzea, onde ele atua como plantonista. Antes, ele havia exigido o pagamento de R$ 1,5 mil, mas acabou aceitando receber menos da metade do valor. O dono do caminhão, vítima da extorsão, havia vendido o veículo a outra pessoa, que deixou de efetuar o pagamento de algumas parcelas. Na quarta-feira passada, a vítima foi até a delegacia prestar queixa e o veículo foi apreendido. Quando foi resgatá-lo, ela foi informada que deveria pagar a quantia estipulada pelo delegado.

Antes de ir à Cidade Universitária para entregar o dinheiro, a vítima procurou a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social e denunciou o crime. Uma sindicância foi aberta para investigar administrativamente a conduta do suspeito, que tem 26 anos de experiência na Polícia Civil. Ele pode, inclusive, ser expulso da corporação. O advogado de defesa, José Pessoa Lins Júnior, afirmou que iria se reunir na noite de ontem com familiares do delegado para decidir que providências seriam tomadas. Ele disse ainda que vai se pronunciar oficialmente hoje sobre o caso. “Meu cliente foi vítima de uma armação. Tudo será esclarecido”, garantiu o advogado.

Em março deste ano, o então delegado titular de Combate à Pirataria, Tiago Cardoso, e outros quatro policiais civis foram presos por suspeita de envolvimento num esquema de cobrança de propinas a grandes comerciantes do Recife. O grupo também teria liberado mercadorias apreendidas ou deixado de realizar prisões e apreensões de vendedores de mídias piratas, em troca de dinheiro.

Leia mais sobre o caso em:

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