Um fim trágico e anunciado. Um adolescente de 16 anos com histórico de infrações e marcado para morrer, foi assassinado na unidade da Funase em Abreu e Lima, na madrugada dessa segunda-feira. Os suspeitos são quatro colegas de cela, também adolescentes. Douglas Leitão da Silva, a vítima, cumpria medida socioeducativa naquela unidade há oito dias após ser apreedido por participar de um assalto. Antes disso, ameaças de inimigos já haviam forçado ele e família a deixarem sua casa, num bairro periférico de Jaboatão, e entrar no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).
A família chegou a se mudar para outro estado, mas voltou alegando não ter condições de sobreviver com os R$ 100 e a cesta básica fornecidos mensalmente pelo programa. A morte de Douglas foi a terceira numa unidade da Funase neste ano. As outras duas foram em Caruaru. Após o caso, o secretário da Criança e Juventude, Pedro Eurico, anunciou a ampliação de vagas nas unidades e a contratação de novos agentes socioeducativos.
Os quatro suspeitos confessaram a morte ao delegado Igor Leite. “Eles mataram o adolescente porque acharam que ele queria delatar alguma coisa. Contaram que usaram fio de ventilador e lençóis”. Os familiares de Douglas disseram que tentaram de tudo para tirá-lo do crime. “Esse menino estudava e fazia reforço. Mas preferiu outros caminhos. Começou a praticar roubos e furtos e trazia as coisas para dentro de casa. Foi quando reclamamos com ele e procuramos ajuda do Conselho Tutelar”, detalhou o padrasto, o autônomo Severino Anselmo, 41.
A mãe de Douglas contou que o filho deixou a casa recusando ajuda da família lhe dava. “Fomos levados para vários lugares longe da minha casa e ele não melhorava. Também passou a consumir drogas. Foi então que resolvi voltar para junto do meu marido e acabei saindo do PPCAAM”, afirmou a dona de casa Claudiceia Leitão da Silva, 37, que tem outros cinco filhos mais novos. Apesar de ter sido reconhecido pela mãe e pelo padrasto na tarde dessa segunda-feira, o corpo do adolescente permanece no IML, no Recife. O sepultamento deve acontecer nesta terça-feira no Cemitério da Saudade, em Jaboatão.
Veja entrevista com Pedro Eurico, Secretário da Criança e Juventude do estado
Que medidas serão tomadas para evitar novas mortes nas unidades da Funase?
Um total de 228 agentes socioeducativos será contratado para a Funase. Eles passarão por uma qualificação na Unicap, inclusive em Direitos Humanos, para só depois irem para as unidades. Além disso, teremos mais 300 vagas até o fim deste ano e num período de 60 dias estaremos com câmeras de monitoramento em todas as unidades. Vamos nomear os 60 aprovados no concurso. Serão psicólogos, advogados e assistentes sociais. Teremos também parcerias com o Detran para oferecer carteiras de habilitação aos internos maiores de 18 anos, e com o Senai, para cursos profissionalizantes.
As vagas serão ampliadas?
Reiniciamos as obras da unidade de Pacas, em Vitória de Santo Antão, onde vamos oferecer 90 vagas. As obras devem terminar em três meses. Já no Cabo, vamos construir nova unidade com 72 vagas. No Bongi, o Centro de Internação Provisória (Cenip) vai ser ampliado. Isso porque a presidência da Funase vai ser transferida para a Avenida Rosa e Silva, nos Aflitos. Com isso, teremos condições de fazer uma unidade modelo no Bongi. Há também a previsão de uma unidade em Garanhuns, no Agreste.
Do Diario de Pernambuco