Todos os internos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) estarão usando uniformes até o fim deste ano. A decisão foi tomada pelo secretário da Criança e Juventude, Pedro Eurico, para tentar diminuir a violência e a disputa pelas roupas de marcas nas unidades. Segundo o secretário, além de estar proibido uso de camisas e bermudas com nomes de lojas famosas, os adolescentes também não podem usar cordões de prata pendurados no pescoço. A determinação está sendo questionada por entidades de defesa dos Direitos Humanos. Em outros estado do Brasil, como São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, segundo o secretário, adolescentes em conflito com lei já usam fardamento dentro das unidades.
De acordo com Pedro Eurico, os jovens de todas as unidades do estado costumam brigar por causa da exposição de roupas de marca. “Essa é uma questão grave e que não existe apenas entre os jovens que cumprem medidas socioeducativas. É um problema da sociedade como um todo, principalmente nas áreas carentes”, ressaltou.
Os critérios para o uso da farda ainda estão sendo definidos. O que já está certo é que os jovens usarão bermuda e camisa tipo polo. “Estamos discutindo se haverá várias cores de camisa na mesma unidade, cores diferentes por unidade ou se será uma cor padrão para todos os locais. Para isso, vamos ouvir ainda a opinião de psicólogos e pedagogos”, explicou o secretário.
Para a psicóloga Virgínia Airola, do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), a questão precisa ser aprofundada para que não haja a violação do direito à cidadania e à identidade dos garotos. “Não se pode dizer que a proibição do uso das roupas de marcas será a solução dos problemas. Não é apenas uma questão de roupa. É uma questão de conduta. A disputa pode continuar a acontecer porque um jovem está com a farda mais limpa ou mais nova que o outro, por exemplo”, alertou a psicóloga.
Além da proibição do uso de bermudas e camisas renomadas, a secretaria determinou também que os adolescentes não podem usar cordões de prata, conhecidos como medalhões, onde colocam pingentes com variados símbolos. “Esses medalhões são objetos de identificação de liderança e de controle dentro das unidades. Isso também já está proibido”, afirmou Eurico. Ainda segundo o secretário, os agentes socioeducativos também foram proibidos de usar fardas pretas. Atualmente, eles vestem camisa de cor azul e calça jeans. “Vamos implantar lavanderias industriais nas nove grandes unidades do estado para que esses jovens possam lavar suas roupas”, disse o secretário.
Fico assustador com algumas pessoas que dizem defender direitos humanos, querer dizer que tal medida vai ferir a cidadania de tais delinquentes; é sabido que os jovens identificam-se com certas marcas de roupas – principalmente as que representam poder econômico dentro dos grupos – , creio que a decisão do secretário foi acertada. É preciso levar esses infratores à sério!
A malandragem tem direito a tudo: cordão, roupa de marca e direitos humanos, enquanto nós cidadãos, ficamos a mercê da sorte.