A rotina de 30 reenducandos mudou há um ano, desde que começaram a trabalhar no Cemitério de Santo Amaro, de segunda-feira a sábado, através do Programa Nova Chance. Monitorados por tornozeleiras eletrônicas, eles cuidam dos quase 1,5 hectares de terra, fazendo limpeza, capinação, varrição e coleta de lixo. Das mais de 200 pessoas que já passaram pelo programa, apenas cerca de 10% não se adaptaram e precisaram ser substituídas.
O trabalho faz parte de uma parceria entre a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) e a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). A cada três dias trabalhados, os detentos têm a redução de um dia na pena. Eles também recebem um salário mínimo por mês (R$ 724), dos quais 25% ficam aplicados para receber após deixar o sistema prisional.
Atualmente, 68 presos trabalham nos cemitérios do Recife. O gerente de atividades de campo do Cemitério de Santo Amaro, Luciano Nascimento, os elogia. “Em geral, eles querem trabalhar de verdade para ganharem a redução.”
J.P.B., condenado em 2010, atua há seis meses em Santo Amaro. O salário ajuda a manter os dois filhos e a mulher, mas o interesse dele também está em sair do presídio durante o dia. “Um mês após chegar ao Cotel comecei a trabalhar. As prisões são lotadas e com muita gente ociosa. Eu prefiro estar na rua trabalhando.”
Segundo o secretário da Seres, coronel Romero Ribeiro, o trabalho deixa a ressocialização mais perto dos apenados. “Nosso objetivo é expandir o projeto para 15 cidades, com mil pessoas inscritas. Hoje, trabalhamos com quatro: Recife, Petrolina, Pesqueira e Paulista. São 450 trabalhadores ao todo.”
Do Diario de Pernambuco