Agentes penitenciários vão esperar até sexta para decidir paralisação

Apenas na próxima sexta-feira, os agentes penitenciários de Pernambuco irão decidir se haverá paralisação da categoria de 48 horas neste final de semana. Depois de uma reunião de mais de duas horas na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, na tarde desta quarta-feira a categoria resolveu esperar que o governo do estado atenda alguns pedidos considerados emergenciais para que o trabalho não seja prejudicado nos próximos sábado e domingo.

Reunião durou mais de duas horas. Foto: Mauro Filho/Divulgação
Reunião durou mais de duas horas. Foto: Mauro Filho/Divulgação

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, João Carvalho, os pontos que devem ser atendidos até a sexta-feira são a compra de novos coletes à prova de balas para os agentes, a contratação imediata de 132 agentes penitenciários aprovados no último concurso e andamento no Plano de Cargos e Carreira. “Queremos melhores condições de trabalho. Vamos esperar até sexta-feira uma resposta do governo. Se não atenderem nossos pedidos, a paralisação do final de semana está mantida”, ressaltou Carvalho.

Segundo o secretário de Ressocialização do estado, Eden Vespaziano, o governo do estado está providenciando a compra de 800 coletes novos para os agentes penitenciários e também a nomeação dos 132 aprovados no concurso de 2009. “A reunião foi boa. A conversa foi esclarecedora. Já estamos dando andamento às nomeações e compra dos coletes. A Secretaria de Administração e Reforma do estado (SAD) está dando seguimento aos dois processos”, ressaltou Vespaziano.

O outro ponto que os agentes penitenciários esperam solução é sobre o Plano de Cargos e Carreiras. De acordo com o secretário Eden Vespaziano, os pagamentos das progressões dos profissionais também já foi autorizado pelo governo e os pagamentos devem ser realizados em breve.

Independentemente do cumprimento das exigências do sindicato até sexta-feira, uma assembleia dos agentes penitenciários está marcada para o próximo dia 10 para decidir ou não por uma greve geral. Atualmente existem pouco mais de 1,4 mil agentes para guardar 31 mil presos nas 20 unidades prisionais do estado.

Promessa de melhoria na estrutura para visitantes de presídio

Em cerca de 90 dias, os parentes dos presos do Complexo Prisional do Curado, antigo Aníbal Bruno, ganharão uma nova estrutura para aguardar a entrada da unidade em dias de visita. O prazo foi dado ontem pelo novo secretário-executivo de Ressocialização, o coronel reformado da Polícia Militar Eden Vespaziano. Empossado sexta-feira, depois de o antigo secretário Humberto Inojosa renunciar, ele visitou unidades do complexo durante o fim de semana.

A nova estrutura para os parentes dos presos deve ficar pronta em três meses. Foto: Julio Jacobina
A nova estrutura para os parentes dos presos deve ficar pronta em três meses. Foto: Julio Jacobina

A construção de uma nova área de acolhimento para as famílias foi anunciada durante a última semana, pelo secretário de Direitos Humanos do estado, Pedro Eurico.  Segundo Vespaziano, a nova área será coberta e ocupará um espaço maior do que a atual, além de contar com estruturas de banheiro. Ontem ele passou cerca de três horas dentro do complexo, no início do horário de visitas, assim como no sábado.

“A ideia no primeiro momento é começar a conhecer melhor quais as dificuldades, quais os sentimentos das pessoas para, no decorrer da semana, começar a fazer as mudanças, melhorias voltadas para quem está dentro e fora. Queremos humanizar o sistema”, explicou o novo secretário-executivo, que deve agendar reuniões nesta semana sobre o complexo.

Segundo ele, uma antiga construção em frente ao presídio já foi destruída para dar lugar ao novo espaço de acolhimento. “Não começamos a licitar, por questões administrativas, mas já estamos dando encaminhamento à parte de engenharia”, garantiu Vespaziano. Além disso, seis banheiros químicos foram instalados nas proximidades do complexo ontem.

“Melhora porque os banheiros estavam sempre sem funcionar, mas a gente ainda espera muito tempo. Às vezes, ficamos mais de duas horas na chuva ou no sol intenso”, comentou a diarista Shirley Silva, 24, mulher de um dos detentos. Vespaziano afirmou que os banheiros foram consertados durante o fim de semana. Para tentar reduzir as filas, o governo promete comprar um scanner humano para fazer as revistas e mais raios x para as bagagens.

Saiba mais

3 presídios formam o Complexo Prisional do Curado:

–  Presídio Marcelo Francisco de Araújo
–  Presídio Frei Damião de Bozzano
–  Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros

2.114 vagas é a capacidade do complexo

1.195 vagas no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros

465 no Marcelo Francisco de Araújo

454 no Frei Damião de Bozzano

Fonte: Seres e CNJ

Detentos de Pernambuco agora cuidam de parques, praças e cemitérios do Recife

Robson do Nascimento, 32, e Jorge Botelho, 60, não se conhecem, mas têm em comum o desejo pela liberdade. Presos por tráfico, os dois cumprem pena na Penitenciária Agroindustrial São João, na Ilha de Itamaracá, e há duas semanas foram inseridos no projeto Nova Chance, que emprega a mão de obra de presos do regime semiaberto na conservação de parques, praças, sementeiras e cemitérios.

Robson Nascimento trabalha no Parque da Jaqueira com capinação e jardinagem. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
Robson trabalha no Parque da Jaqueira. Fotos: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

A cada três dias de trabalho, um a menos é computado na pena. A experiência, que agora chega ao Recife, foi testada em Petrolina, em 2009, e também já é adotada em Paulista, Pesqueira e Canhotinho. Na capital, 79 internos já foram empregados, número que passará para 200 presos até o fim do ano, estima a Prefeitura do Recife.

Robson foi preso no réveillon de 2011. Usava crack dentro de um carro quando foi surpreendido pela polícia. Por conta da prisão, teve que abandonar a faculdade de administração, iniciada três meses antes do episódio. Desde então, cumpre pena em Itamaracá e começou a trabalhar no Parque da Jaqueira, na Zona Norte, com capinação e jardinagem. “Errar é humano. Aqui (Jaqueira), ocupamos a mente, espairecemos, quebramos a rotina”, afirmou. Antes de começar a faculdade, o preso já havia trabalhado em duas multinacionais com merchandising e cobrança. Quando sair, pretende migrar para o ramo de logística.

Jorge cuida da sementeira
Jorge cuida da sementeira

A história de Jorge é semelhante à de Robson. Desempregado, começou a traficar, até ser descoberto e preso pela polícia em casa, na Paraíba, após dois meses de investigações. Também cumpre pena em Itamaracá, com previsão de sair até o fim do ano. Das 8h às 16h, ele trabalha na Sementeira do Recife, em Casa Amarela, chamada por ele de “o paraíso”. “Aqui é uma maravilha. Fico livre da rotina da cadeia, ganho um salário mínimo e mantenho contato com a natureza”, contou. Jorge cumpre pena há quase sete anos. Com 2,5 hectares de área verde e 17 mil plantas, a sementeira produz as mudas usadas nos projetos da Prefeitura do Recife.

Robson e Jorge recebem um salário mínimo mensal (R$ 678), vale-alimentação, vale-transporte, uniforme e equipamentos de proteção individual e foram selecionados pelo bom comportamento e por estudarem. “É importante abrir essa janela para que eles tenham acesso ao mercado de trabalho e se capacitem”, explicou o secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti.

Únicas que abrigam presos em semiliberdade no Grande Recife, a Penitenciária Agroindustrial São João e a Colônia Penal Feminina do Engenho do Meio foram as duas escolhidas para receber a versão recifense do projeto Nova Chance. “A grande vantagem é a reinserção social”, contou o secretário de Ressocialização do estado, Romero Ribeiro.

Por Glynner Brandão, do Diario de Pernambuco

Cadeia pública de Goiana é reformada e ampliada

Depois de ser reformada e ampliada, a Cadeia Pública de Goiana foi reinaugurada nesta sexta-feira. A unidade que abrigava 48 reeducandos em oito celas passou agora a ter 13 celas e capacidade para 80 presos. Tudo no local foi trocado. A unidade ganhou novo telhado, instalações elétricas e hidráulicas, piso e gradil novos. A cadeia também passou a ser informatizada. As obras tiveram custos de R$ 590 mil.

Laura Gomes e Romero Ribeiro estiveram na unidade. Foto: Paulo Maciel/Divulgação
Laura Gomes e Romero Ribeiro estiveram na unidade. Foto: Paulo Maciel/Divulgação

A secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos falou sobre a reabertura da unidade. “A cadeia que entregamos, não seria possível se não tivéssemos trabalhando juntos, governo do estado e municipal, para tornar realidade essa obra que vai ressocializar os privados de liberdade”, ressaltou.

O secretário executivo de Ressocialização, coronel Romero Ribeiro, adiantou que o objetivo da secretaria é criar mais 7.200 vagas com as reformas das cadeias de Bonito, Catende e Ferreiros, além da construção da cadeia de Santa Cruz do Capibaribe e do Presídio de Tacaimbó.

Detento de Pesqueira busca ressocialização lutando MMA

Era a sua primeira vez num octógono e ainda que Leandro Cabral não se sentisse à vontade, não permitiu que qualquer traço de desconforto permeasse sua expressão. Enquanto caminhava sem intimidade com o ringue, tentava encontrar o rosto de seu adversário com socos lançados sem precisão. Mesmo assim, havia algo em si que chamava a atenção do público que lotava as arquibancadas daquele ginásio abafado e mergulhado em penumbra. A frieza com a qual encarava um oponente maior e mais experiente era inquietante. Intimidadora. A mesma frieza com a qual, cinco anos antes, planejou e cometeu um assassinato.

Agora, a agressividade que guiou as mãos de Leandro enquanto ele executava o crime brutal pode ser também seu passe de saída da prisão. Desta vez, canalizada. Moldada pelos princípios rígidos das artes marciais. Figura central de um projeto idealizado por seu pai, Leandro passou a ter aulas de taekwondo e jiu jitsu dentro do presídio de Pesqueira há um ano e meio. Em 9 de março, foi liberado pela juíza Orleide Rosélia Nascimento Silva para participar de um evento de MMA em Belo Jardim.

A matéria completa você pode conferir na edição impressa do Diario de Pernambuco deste domingo. O trabalho é de autoria dos repórteres Brenno Costa e Celso Ishigami. As imagens são do fotógrafo Paulo Paiva.

Confira o vídeo com reportagem

 

Presos do Ceará vendem artesanato em seminário no Recife

Dois detentos do sistema prisional do estado do Ceará estão participando do Seminário Nacional – Sistema Prisional e Reinserção Social, que acontece até esta quarta-feira no Golden Tulip Recife Palace Hotel, em Boa Viagem. Os dois reeducandos fazem parte do projeto Mãos que Constroem, desenvolvido pela Secretaria de Justiça do Ceará.

Grupo veio do estado do Ceará para o seminário. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press
Grupo veio do estado do Ceará para o seminário. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

Segundo o coordenador de Inclusão Social do Preso e do Egresso da Sejuc, Rodrigo Moraes, eles foram convidados para expor os trabalhos realizados pelos presos do Ceará aqui em Pernambuco. “Esses produtos que estão sendo vendidos aqui são todos produzidos pelos reeducandos. Os detentos estão sempre realizando algum tipo de trabalho. Na construção do estádio Castelão, por exemplo, tivemos 25 presos empregados. Além disso, teremos 290 detentos que irão trabalhar na construção do VLT do nosso estado e uma previsão de cerca de dois mil para trabalharem nas obras do Minha casa, minha vida”, adiantou Moraes.

Simônio e Madalena estão felizes com o trabalho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press
Simônio e Madalena estão felizes com o trabalho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

Para o detento Simônio Freitas Martins, 32 anos, que cumpriu pena por assalto, essa oportunidade tem mudado sua vida. “Antes de entrar no sistema, eu já pintava um pouco. Depois do presídio, eu aprendi mais e passei a ensinar a outros presos. Hoje, eu já estou no regime aberto e esse trabalho está sendo importante na minha volta à sociedade”, revelou. Madalena Mara Tavares de Melo, 33, está presa por tráfico de drogas e encontrou no artesanato a oportunidade de ressocialização.

Confira o vídeo com o trabalho de pintura de Simônio:



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Cerca de oito mil detentos de Pernambuco estudam no presídio

Cerca de oito mil detentos de Pernambuco estudam nos presídios

O sistema prisional de Pernambuco tem atualmente um total de 27 mil detentos num espaço onde caberiam apenas dez mil presos. Um retrato da superlotação que assola quase todas as unidades prisionais do Brasil. Apesar desse dado negativo, a Secretaria de Ressocialização do estado (Seres) comemora o alto índice de presos que estão estudando atrás das grades.

Seminário acontece até esta quarta-feira em Boa Viagem
Seminário acontece até esta quarta-feira em Boa Viagem. Foto: SDSDH/Divulgação

 

Segundo o superintendente da Seres, coronel Romero Ribeiro, cerca de oito mil reeducandos estão frequentando as salas de aula. Os números foram apresentados nessa terça-feira na abertura do Seminário Nacional – Sistema Prisional e Reinserção Social, que acontece até esta quarta-feira no Golden Tulip Recife Palace Hotel, em Boa Viagem. No seminário foi apresentado o resultado de uma pesquisa que resultou numa Proposta de Reinserção Singular para os detentos. O primeiro passo de Pernambuco pode estar sendo dado justamente com o investimento na edução dos presos.

A pesquisa, que foi realizada com detentos da Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, e da Colônia Penal Feminina do Recife, no Engenho do Meio, identificou o rompimento dos laços familiares como uma das principais causas que dificultam a reinserção de ex-presidiários na sociedade.

“Não podemos colocar as pessoas no presídio e deixá-las simplesmente trancadas. A prisão não é para sempre e essas pessoas irão voltar para as ruas. Por isso, é preciso que os detentos recebam uma atenção especial enquanto estão nas unidades e um apoio quando deixarem a prisão”, ressaltou Carina Vasconcelos, que é professora de direito, conselheira do Conselho Penitenciário de Pernambuco e participou da pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro Pró-Cidadania.