Inquérito que apura venda de túmulos deve ficar pronto até o fim do mês

O delegado da Boa Vista, Adelson Barbosa, pretende concluir, até o fim deste mês, o inquérito que apura as denúncias de venda ilegal de túmulos das irmandades. Ele já tem em mãos alguns dos nomes dos suspeitos que serão indiciados por estelionato, formação de quadrilha e crime contra a economia popular. A quantidade de pessoas e os nomes, porém, estão sendo mantidos em sigilo. O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público de Pernambuco.

Polícia vem investigando a venda ilegal em Santo Amaro há três meses. Irmandades estão sob intervenção (BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS)

“Estamos bem adiantados, mas a cada dia aparecem novas provas e mais testemunhas que precisam prestar esclarecimentos. Já foram ouvidas mais de 40”, pontuou o delegado. Ao longo de mais de três meses de investigações, ficou comprovado que o grupo agia há pelo menos seis anos e envolvia nomes de padres. Notas fiscais com CNPJ das irmandades católicas (algumas inclusive com valores alterados) foram apreendidas e estão anexadas ao inquérito.

Entre as vítimas, que pagaram valores superfaturados, estão um médico e um professor universitário. O delegado informou ontem que ainda não sabe se será mesmo necessário o depoimento do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. “Caso seja, não será feito na delegacia”, disse. O objetivo é evitar o assédio da imprensa, visto que a ouvida visa, basicamente, entender a relação das irmandades com a Igreja Católica.

Polícia investiga padres e funerárias que estariam superfaturando túmulos

Por Raphael Guerra

Padres, membros de irmandades da Igreja Católica e funcionários de pelo menos seis funerárias estão sendo investigados por fazerem parte de um esquema de venda ilegal de túmulos no Cemitério de Santo Amaro, no Recife. Segundo a Polícia Civil, os suspeitos estariam se aproveitando da fragilidade de familiares de pessoas mortas para comercializarem espaços pertencentes às irmandades religiosas por preços que chegam a R$ 800.

Por uma vaga, parentes dos mortos têm que desembolsar valores de até R$ 800 (BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS)

Oito vítimas já prestaram depoimento. O vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Albérico de Almeida, também foi ouvido como testemunha. Ele confirmou que há instituições da Igreja proibidas, pelo estatuto criados por elas, de vender ou alugar túmulos. Diante da gravidade, o Ministério Público de Pernambuco passou a acompanhar o caso.

As denúncias começaram a ser investigadas há três meses. Pelo menos três padres são suspeitos de participação no esquema por terem autorizado a venda dos túmulos.
À polícia, as vítimas relataram que, ao procurarem funerárias próximas ao cemitério, foram abordadas por funcionários que alegaram falta de vagas. Mostrando-se solidários, porém, eles afirmaram que tentariam conseguir um túmulo e pediram um telefone para contato.

Pouco tempo depois, as vítimas receberam telefonemas, que informaram que havia vaga de posse das irmandades católicas. Para isso, precisariam pagar a taxa de R$ 38,80 à prefeitura e até R$ 800 em dinheiro à vista. No inquérito ainda consta que um suposto padre também era indicado aos familiares para o momento de oração no velório por R$ 100.

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