Adolescente encomendou a morte do pai por R$ 2 mil

Dois mil reais. Esse seria o valor pago pelo adolescente de 14 anos aos criminosos que assassinaram o seu pai no último sábado, no município de Riacho das Almas, no Agreste do estado. Segundo o delegado de Lajedo, Altemar Mamede, que foi o responsável pelo flagrante do caso, o garoto foi apreendido com R$ 3,8 mil  no bolso logo após a morte do pai, que era proprietário de uma padaria na cidade.

Além do adolescente, três homens já foram presos pelo crime e outras duas pessoas estão sendo investigadas. “Do total desse dinheiro que estava com o garoto, R$ 2 mil ele usaria para pagar os assassinos do pai. O pagamento só não foi feito porque chegamos até ele antes e o apreendemos”, contou o delegado Altemar Mamade.

Crime aconteceu na padaria da vítima. Foto: Reprodução TV Clube
Crime aconteceu na padaria da vítima. Foto: Reprodução TV Clube

Ainda segundo o delegado, o garoto alegou que mandou matar o pai porque seria maltratado por ele. “Ele confessou o crime e disse ainda que de casa assitiu a tudo pela TV que registra o circuito de monitoramento da padaria. O caso agora será investigado pela Delegacia de Riacho das Almas, que deve receber o inquérito nesta terça-feira, e os policiais devem continuar as diligências para chegar aos outros suspeitos do crime, sendo uma adolescente”, contou o delegado.

O crime deixou os moradores da cidade surpresos e revoltados. Também de acordo com o delegado, o garoto era criado pelo pai que tem outro filho do segundo casamento. A mãe do adolescente não vive na cidade.

O comerciante de 39 anos, que era proprietário da padaria Pai e Filhos, foi assassinado dentro do estabelecimento. Dois homens chegaram em uma moto e atiraram. Ele morreu na hora. A arma do crime ainda não foi localizada pela polícia. Os três suspeitos presos pelo homicídio foram encaminhados para a cadeia pública de Riacho das Almas, já o adolescente foi levado para a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Caruaru.

Em depoimento à polícia, o garoto disse que era agredido pelo pai, forçado a trabalhar na padaria e proibido de namorar uma adolescente também moradora do município. No entanto, de acordo com a polícia, o comerciante teria batido no filho uma vez, por ele estar envolvido com “más companhias”, que seriam as pessoas suspeitas de praticar o homicídio. Ainda segundo a polícia, o adolescente trabalhava na padaria em horário reduzido, era remunerado pelo trabalho, bem tratado e estudava em uma escola particular da cidade.

Mais de 1,7 mil pessoas foram traficadas no Brasil em 13 anos

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) revelou que de 2000 a 2013 foram registrados 1.758 casos relacionados a tráfico de pessoas no Brasil. O caso mais recorrente é o de redução de pessoas a condições análogas às de escravidão, com 1.348 casos.

Muitas vítimas demoram para denunciar as agressões. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press
Vítimas são enganadas com falsas promessas. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press

Outros casos que apareceram nas estatísticas do Ministério Público (MP) foram a entrega de filho menor para pessoa inidônea, com 127 registros; o aliciamento para fins de emigração (100 casos); o tráfico interno de pessoas para fins de exploração sexual (37); e tráfico internacional de pessoas (23 registros).

A Região Sudeste é a recordista de casos, com 754. O Centro-Oeste aparece em seguida, com 358 registros, ligeiramente acima da Região Sul (332 casos). O estudo detectou também um aumento relevante de ocorrências entre 2010 e 2012. Nesse período, os registros relativos ao tráfico de pessoas no Brasil passou de 211 para 416 por ano.

Os dados foram levantados a partir de documentos judiciais e extrajudiciais de 23 unidades do MP. “Com os dados, será possível estudar formas de padronizar e nivelar a atuação do MP no combate ao tráfico de pessoas, a partir de uma agenda comum para o enfrentamento do problema”, disse o conselheiro Jarbas Soares, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do CNMP, ao site da entidade.

O estudo pode ser visto na íntegra, na página do CNMP.

Da Agência Brasil