Vender Jack3D agora é considerado tráfico de drogas

Depois de toda a repercussão sobre a proibição da comercialização e crescente consumo do suplemento Jack3D no Brasil, a Anvisa decidiu que uma das substâncias contidas no produto passou a ser considerada entorpecente e sua comercialização seria enquadrada como tráfico de entorpecentes. Veja matéria publicada no Diario de Pernambuco desta sexta-feira. O blog tentou contato com o escritório de advocacia que representa o Jack3D, mas não obteve sucesso.

 

Do Diario de Pernambuco

A substância dimethylamylamine (DMAA), presente no suplemento Jack3D, passou a fazer parte da lista de entorpecentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que pode levar à prisão, por tráfico de drogas, das pessoas que comercializarem o produto. A inclusão, no entanto, só ocorreu em junho. O estagiário que vendeu o suplemento ao estudante Wilson Sampaio Júnior, morto aos 18 anos, em 2011, não poderá ser enquadrado nesse crime nem indiciado por homicídio. Segundo a delegada Gleide Ângelo, como os laudos periciais não apontaram a causa da morte nem a presença da substância no corpo de Wilsinho, não há como se apontar homicídio. A notícia revoltou os pais do estudante, que ficaram emocionados durante a entrevista coletiva realizada pela delegada e pelo chefe do laboratório do Instituto de Criminalística (IC), Gilberto Pacheco.

Pais de estudante (E) creem que substância causou morte (BRUNA MONTEIRO ESP.DP/D.A PRESS)

Pais de Wilsinho conversaram com delegada e perito. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A/Press
O inquérito que seguiu para a Justiça pedia o indiciamento do estagiário que vendeu o suplemento ao estudante em uma academia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O professor foi indiciado pelos crimes contra a saúde pública e de relações de consumo e responde em liberdade. “É um absurdo que o país não tenha uma metodologia para encontrar essa substância no corpo de quem usa o Jack3D. Quantas pessoas vão precisar morrer para que alguém seja indiciado por isso?”, indagou o pai de Wilsinho, o dentista Wilson Sampaio. A mãe do estudante também desabafou. “Nós não vamos desistir de provar que o Jack3D matou o nosso filho. Não vamos nos dar por derrotados”, afirmou Marcelle Sampaio.

Atleta tinha 18 anos (REPRODUÇÃO DA INTERNET/FACBEOOK)

Wilsinho tinha 18 anos. Foto: Divulgação

“Entendemos a dor da família, mas não temos como indiciar por homicídio o rapaz que vendeu o produto. Os laudos não afirmam que houve homicídio”, ressaltou a delegada. “Peço desculpas em não poder avançar nas análises, mas não conheço um laboratório que tenha metodologia para identificar a presença do DMAA no corpo das pessoas”, afirmou o perito Gilberto Pacheco.

 

 

Delegada Gleide Ângelo assume caso de morte por Jack3D

 

A delegada Gleide Ângelo foi designada pelo gestor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Casimiro Ulisses, para apurar o inquérito que investiga a morte do jovem Wilson Sampaio Filho, 18 anos, ocorrida em maio do ano passado. A família acredita que Wilsinho, como o estudante era chamado, tenha morrido em decorrência do uso do suplemento alimentar Jack3D, que tem venda proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido a algumas substâncias presentes em sua composição.

O caso foi publicado pelo Diario de Pernambuco em setembro de 2011 e o estagiário que vendeu o produto ao jovem em uma academia badalada da Zona Sul do Recife acabou indiciado pelos crimes contra a saúde pública e relações de consumo. A empresa responsável pelo Jack3D afirmou, na época, que o produto que estava sendo comercializado no Brasil era falsificado e não o fabricado por eles.

Gleide já recebeu o inquérito e está analisando o material. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/PPress

 

Para a família de Wilsinho, não restam dúvidas de que o rapaz que sonhava em ser jogador de futebol foi vítima do uso do suplemento. Desde então, Wilson e Marcelle Sampaio lutam para provar que o Jack3D causou a morte do filho. A delegada Gleide já recebeu toda a documentação referente à morte do jovem e está analisando o que já foi investigado pela Delegacia do Consumidor em relação à venda do produto.

Em depoimento à polícia, no ano passado, o estagiário indiciado disse que não vendeu o produto e disse que não tinha relação de amizade com a vítima. No entanto, ficou confirmado – por meio de testemunhas, fotos e outras provas – que os dois mantinham contato. Wilson tinha o sonho de ser jogador de futebol e foi encontrado pelos pais caído no banheiro de casa.

 

Investigação de morte por Jack3D ainda parada

Depois de ter sido publicada com exclusividade pelo Diario de Pernambuco em setembro do ano passado, a morte de um  jovem de 18 anos que, segundo a família, foi causada pelo uso do suplemento alimentar Jack3D, ainda não foi iniciada. O  produto, que tem venda proibida no Brasil pela Anvisa, continua sendo vendido em lojas do Recife e sites da internet com a promessa de uma nova fórmula. As autoridades dizem que mesmo assim o suplemento ainda oferece riscos à saúde. Muitos jovens recifenses seguem consumindo o produto.

Veja parte da matéria publicada no Diario de Pernambuco desta terça-feira.
O restante desta reportagem pode ser conferido na edição impressa do jornal.

Wilson e Marcellle Sampaio, pais de Wilsinho, querem que o caso  seja esclarecido (BERNARDO DANTAS/DP/D.A PRESS)
Wilson e Marcellle Sampaio, pais de Wilsinho, querem que o caso seja esclarecido. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A/Press

A morte de Wilson Sampaio Filho, que pode ter sido causada pelo uso do suplemento Jack 3D, parece estar longe de ser esclarecida pela Polícia Civil de Pernambuco. Em dezembro do ano passado, após meses de investigações, a Delegacia do Consumidor indiciou um estagiário de educação física por ele ter vendido o produto ao jovem numa badalada academia da Zona Sul do Recife. O suspeito responde na Justiça por crimes contra a saúde pública e das relações de consumo. Na época, o caso foi encaminhado também ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que iria apontar de quem era a culpa pela morte do estudante recifense. Desde então, o inquérito passou por várias delegacias, mas nenhuma conclusão foi dada.

A mãe de Wilsinho, a funcionária pública Marcelle Sampaio, 42, relatou ontem a luta para que o caso não fique impune. Segundo ela, o inquérito estava sendo conduzido pela Delegacia de Boa Viagem e chegou a retornar para a do Consumidor. No início deste mês, após muitos pedidos dos pais, finalmente o caso chegou ao DHPP. “Queremos que um novo exame seja feito para identificar que havia substâncias dimethylamylamine (DMAA) no corpo do meu filho”, disse Marcelle.

Ao Diario, o gestor do DHPP, Cassemiro Ulisses, informou que deve designar, nos próximos dias, um delegado especial para comandar as investigações. O prazo de conclusão é de 30 dias, mas pode ser prorrogado. Em depoimento à polícia, no ano passado, o estagiário afirmou que não vendeu o produto, nem tinha uma relação de amizade com a vítima. No entanto, ficou confirmado – por meio de testemunhas e de outras provas colhidas – que os dois mantinham contato. Wilson tinha o sonho de ser jogador de futebol. O Diario entrou em contato com o escritório que representa o Jack 3D no Brasil, mas não obteve retorno dos advogados.