Polícia Civil localiza criança que havia sido levada pelo pai

Foi localizada na noite deste sábado, pela Polícia Civil de Pernambuco, a menina Júlia Cavalcanti de Alencar, de 1 ano e 9 meses, que havia sido levada pelo pai. Ela está em segurança. A garota e o pai, Janderson Rodrigo Salgado Alencar, 29, estavam na cidade de Santana, no Amapá. Ele está preso.

A operação pela prisão contou com o apoio da Polícia Civil daquele estado que realizou a abordagem em uma residência localizada na área central da referida cidade. A operação que resultou na localização da criança e prisão do genitor da mesma foi fruto de trabalho em conjunto entre as Polícias Civis de Pernambuco e do Amapá, onde esta última também contou com informações da Inteligência da PCPE.

As delegadas da 9ª DPH da cidade de Olinda/PE, Gleide Angelo e Fabiana Leandro, que presidem as investigações, estão em vôo do Pará para o Amapá com o objetivo de proceder ao recambiamento do preso e trazer a criança para o Estado de Pernambuco.

Júlia e Janderson estavam sendo procurados desde o dia 10 de julho depois que ele não devolveu a menina para a mãe como estava previsto em decisão judicial. Ainda não há previsão para o horário de chegada de pai e filha a Pernambuco, pois as delegadas irão precisar de autorizacão judicial para viajar com a criança.

Polícia do Pará ajuda delegada nas buscas por pai e filha

Policiais civis da equipe de inteligência do estado do Pará estão auxiliando a delegada Gleide Ângelo e mais dois investigadores pernambucanos nas buscas pelo engenheiro Janderson Rodrigo de Alencar, 29 anos, e sua filha Júlia Cavalcanti Alencar, de um ano e dez meses. Os policiais da 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda chegaram à cidade de Belém na noite da última quarta-feira depois de realizarem diligências no estado do Maranhão, por onde pai e filho passaram antes de seguirem para o Norte do país. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil do Pará, os policiais do setor de inteligência ficarão à disposição da equipe comandada por Gleide Ângelo tempo que for necessário.

Ainda segundo a Polícia Civil do Pará, diligências estão sendo realizadas nas cidades de Belém e Ananindeua. “Os policiais do Pará ficarão com a equipe de Pernambuco o tempo necessário para realizar as buscas e, se for preciso, farão viagens até para o interior do estado”, ressalou o assessor da Polícia Civil, Walrimar Santos. Informações extra-oficiais apontam que Janderson teria familiares na cidade de Belém. Antes de chegar no Pará, a polícia já sabe que o engenheiro esteve hospedado em um hotel na cidade de São Luís, no Maranhão, onde foram encontrados pertences do pai e da filha.

Janderson Alencar está sendo procurado pela polícia pernambucana desde o dia 10 deste mês. Ele tinha autorização da Justiça para ficar com a menina das 9h às 18h. Como não devolveu a menina no horário determinado, o caso foi denunciado à polícia e desde então os dois estão sendo procurados. Antes de fugir com filha, segundo a Polícia Civil de Pernamnbuco, Janderson realizou um saque bancário no valor de R$ 400 mil, o que tem ajudado seu deslocamento pelo Brasil.

Os nomes e as fotografias de Janderson e Júlia foram repassados para as polícias Federal e Rodoviária Federal. O engenheiro não tem autorização da mãe para fazer viagens com a criança, o que impede a saída dele do país por aeroportos. Depois do sumiço de Janderson, Cláudia obteve na Justiça um mandado de busca e apreensão itinerante para a criança. Com isso, qualquer pessoa que encontrar o engenheiro com a filha pode acionar a polícia, que poderá resgatar a menina a entregá-la à mãe. A servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42, mãe de Júlia, segue com esperanças de reencontrar a filha. “Tenho certeza de que minha filha vai voltar para casa”, disse Cláudia na última quarta-feira.

Pai e filha desaparecidos podem estar na cidade de Belém, no Pará

A Polícia Civil de Pernambuco pode estar muito perto de encontrar o engenheiro Janderson Rodrigo de Alencar, 29 anos, e sua filha Júlia Cavalcanti Alencar, de um ano e dez meses. A cidade de Belém, no estado do Pará, no Norte do país, seria o paradeiro atual de pai e filha. Eles estão desaparecidos desde o último dia 10, depois que Janderson não devolveu a menina à mãe na casa dela, em Olinda.
Janderson e Júlia ainda estão desaparecidos. Foto: Divulgação
Janderson e Júlia ainda estão sendo procurados. Foto: Divulgação

Ontem, a delegada Gleide Ângelo e policiais do estado do Maranhão chegaram a realizar diligências para tentar encontrar os dois em São Luís, mas não tiveram sucesso. Eles foram vistos em um hotel da cidade no sábado. No entanto, quando os policiais chegaram ao local, Janderson e Júlia já haviam saído. Apenas alguns pertences deles foram encontrados pela polícia.

Informações sobre o paradeiro de Janderson e da menina também foram publicadas no blog SJNotíciasMA, de São Luís. De acordo com as notícias veiculadas pelo jornalista Stenio Johnny, Janderson chegou a fretar vários táxis para se deslocar na capital do Maranhão e teria parentes em Belém. “Ele chegou a pagar três diárias adiantadas no hotel onde estava hospedado, mas foi embora antes. De lá ele foi para o Centro Histórico e pernoitou na cidade de Açailândia. Em seguida, fretou outro táxi e foi para a cidade de Marabá (PA) e depois para Belém. Pelo que soube, ele anda com uma grande quantia em dinheiro”, contou o jornalista.

Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP

A primeira informação sobre o possível paradeiro da filha reacendeu as esperanças da servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42, de reencontrar a menina. “Eu soube que eles passaram pelo estado do Maranhão através da imprensa. Estou com mais expectativas de que minha filha seja encontrada logo. Desejo muito estar com ela em meus braços o mais rápido possível”, desabafou Cláudia. A delegada Gleide Ângelo segue em diligências fora do estado desde a última terça-feira.

Janderson tinha uma autorização judicial para ficar com a menina em 10 de julho, no horário das 9h às 18h, quando deveria devolvê-la à mãe. Desde então os dois estão sendo procurados pela polícia. O caso foi denunciado pela família da criança ao Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), onde a mãe de Júlia prestou depoimento e contou detalhes da sua relação com o engenheiro, de quem estava separada. A Polícia Civil descobriu que no início deste mês Janderson realizou um saque bancário no valor de R$ 400 mil, o que, para a polícia, foi um sinal de que ele teria premeditado fugir com a filha.

Os nomes e as fotografias de Janderson e Júlia foram encaminhados para as polícias Federal e Rodoviária Federal. Além disso, ele não tem autorização da mãe para realizar viagens com a criança, o que dificultaria a saída dele do país através de aeroportos. Após o sumiço de Janderson, Cláudia conseguiu na Justiça um mandado de busca e apreensão itinerante para a criança. Com isso, qualquer pessoa que encontrar o engenheiro com a filha pode acionar a polícia, que poderá resgatar a menina a entregá-la à mãe.

A família de Júlia criou uma conta no Instagram e uma página no Facebook para ajudar a localizar a criança. Também foi criada a hastag #VamosEncontrarJulia. Quem tiver informações pode telefonar para os números (81) 99752-9191 ou (81) 99977-2143. A advogada da mãe da criança, Suelene Sá Almeida, lembrou que como o pai não tem carteira de habilitação nem carro, ele pode ter contado com a ajuda de outras pessoas na fuga.

Delegada Gleide Ângelo investiga desaparecimento de Júlia Alencar

Por Thamires Oliveira
Especial para o Diario

A delegada Gleide Ângelo, titular da 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda, foi designada ontem para assumir as investigações sobre o caso da menina Júlia Cavalcanti Alencar, de um ano e dez meses, que está desaparecida desde o dia 10 de julho. A mãe da garota, a servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42, acusa o ex-companheiro, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado de Alencar, 29, de ter fugido com a filha. Segundo a polícia, ele sacou R$ 400 mil em um banco antes de levar a menina.

Janderson e Júlia ainda estão desaparecidos. Foto: Divulgação
Janderson e Júlia ainda estão desaparecidos. Foto: Divulgação

O caso estava sendo investigado pelo Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA). Nova responsável pela apuração, Gleide Ângelo já atuou em casos de desaparecimento de grande repercussão, como o da estudante Maria Alice Seabra, que foi morta pelo padrasto e teve o corpo deixado em um canavial de Itapissuma, e o da estudante Vaniela Oliveira, encontrada viva, em João Pessoa, após três dias de sumiço.

Nas redes sociais, a família de Júlia Alencar iniciou uma campanha com o slogan Vamos encontrar Júlia. Há nove dias sem nenhuma notícia da filha, Cláudia permanece na esperança de que ela seja devolvida pelo pai. Janderson deveria ter entregue a menina para a mãe às 18h do domingo, conforme determinado pela Justiça. “É enlouquecedor não saber nenhuma notícia. Não sei se ela está comendo, se está dormindo, se está bem. Eu clamo que se ele ama a filha, e está vendo ela sofrer, não a prive do convívio com a mãe e a família”, desabafa Cláudia.

Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Cláudia espera reencontrar a filha logo. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP

Segundo Cláudia, a filha é doce e tímida. Durante os quatro meses que o casal morou junto, a relação entre pai e filha era “carinhosa e protetora”, e ninguém jamais poderia prever essa atitude por parte do pai. Em novembro de 2015, a Justiça determinou uma medida protetiva para Cláudia, depois de ela ter sido ameaçada de morte pelo ex-companheiro. A determinação, no entanto, não afetava a relação entre pai e filha. Durante os sete meses seguintes, o casal disputou a guarda da menina na Justiça, que a entregou para a mãe, definindo uma visita semanal do pai no sábado ou no domingo, das 9h às 18h.

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelo vai continuar as investigações. Foto: Paulo Paiva/DP

A primeira visita ocorreu de forma satisfatória para ambas as partes. Na segunda visita, dia 10 de julho, Janderson não voltou para entregar a filha em Olinda. Desde então, o celular dele se encontra desligado e todas as suas contas nas redes sociais foram deletadas. A família do engenheiro afirma também não ter notícias sobre a localização dele. “Vivo na esperança de encontrar minha filha. A família sonha em ver de novo ela correndo, brincando e arrastando sua boneca pela casa”, conta Cláudia.

A polícia acredita que o crime tenha sido premeditado devido ao saque de alto valor realizado por Janderson antes de sumir com a menina. Segundo a polícia e Cláudia, ele não exercia a profissão e vivia de renda de herança familiar. “Ele já morou em várias cidades do Brasil e do mundo e tem contatos em vários lugares. É provável que ele tenha saído do estado e até do país”, afirma a advogada de Cláudia, Suelene Sá Almeida. Após o registro do desaparecimento do ex-companheiro e da filha, ela conseguiu na Justiça um mandado de busca e apreensão itinerante. Informações podem ser repassadas pelos telefones (81) 99752-9191 e (81) 99977-2143.

Gleide Ângelo, a delegada “dos casos impossíveis”

O assassinato de uma turista alemã em pleno carnaval de 2010 chamou a atenção do estado e intrigou a Polícia Civil de Pernambuco. No dia 16 de fevereiro, Jennifer Marion Nadja Kloker, com 22 anos na época, foi encontrada morta às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Antes de ser assassinada, Jennifer estava com a família num passeio de carro.

Ouvidos pela polícia, os parentes relataram que foram assaltados e que os suspeitos levaram a alemã. A versão contada pelo marido e pela sogra da vítima não durou muito para ser desconstruída. Os investigadores sabiam que existia algo de errado na história narrada nos primeiros depoimentos. Foi aí que uma delegada até então desconhecida da mídia assumiu o caso e conseguiu prender os envolvidos.

Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP
Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP

O Caso Jennifer, como ficou conhecida a investigação, ganhou diversas manchetes no Diario de Pernambuco ao longo dos três meses de cobertura. Assim como a sogra de Jennifer, a enfermeira Delma Freire, ganhava cada vez mais destaque no noticiário, a delegada Gleide Ângelo também deixava sua marca ao desvendar a trama que renderia um filme. Auxiliada pelo delegado Alfredo Jorge, Gleide concluiu o inquérito sobre a morte da alemã e descobriu que a sogra da vítima, seu filho e um italiano que vivia com Delma na Itália, onde todos moravam, mataram a jovem para ficar com um seguro de vida milionário que havia em nome da vítima.

Nesse mesmo ano de 2010, outro crime de grande repercussão ocorrido em Pernambuco ganhou destaque na imprensa. A administradora Narda Alencar Biondi, 33 anos na época, foi dada como desaparecida no dia 29 de março. Familiares e amigos conviveram com a angústia da incerteza do seu paradeiro até o dia 4 de agosto de 2010, quando, após uma investigação trabalhosa, a delegada Gleide Ângelo descobriu que Narda havia sido morta por uma amiga e seu corpo estava enterrado no quintal de uma casa no bairro de Pau Amarelo, em Paulista, onde vítima e assassina estavam morando.

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP

Quatro anos depois desse crime, a acusada foi condenada a 19 anos e seis meses de prisão. No julgamento realizado no Fórum de Paulista, a delegada Gleide Ângelo prestou depoimento como testemunha. Eu fazia a cobertura jornalística do júri popular e um fato observado nos intervalos do julgamento me chamou atenção. Todas as vezes que a delegada deixava a sala do tribunal do júri era apontada pelas pessoas que estavam na área do pátio do fórum. E não era só isso. Muitas delas aproximavam-se da delegada e a parabenizavam pelo seu trabalho. Outros tantos pediam para tirar fotografias com ela. “É muito gratificante o reconhecimento do povo pelo meu trabalho na polícia”, declara.

Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Mas recentemente, em junho do ano passado, a delegada foi designada para solucionar mais um caso que gerou revolta e comoção em todo o estado. A estudante Maria Alice de Arruda Seabra, 19 anos, foi raptada, estuprada e morta pelo padrasto que queria manter um relacionamento amoroso com a jovem. Durante a investigação, Gleide Ângelo conseguiu fazer com que o suspeito se entregasse à polícia e mostrasse o local onde havia enterrado o corpo da enteada, num canavial no município de Itapissuma, no Grande Recife. Dos 13 anos de carreira na Polícia Civil do estado, a delegada que também ficou conhecida pelos seus cabelos vermelhos, pelas roupas coloridas e pelas suas bijuterias, acumula em seu currículo soluções de diversos casos considerados difíceis.

Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP
Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP

Quando era lotada no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a receber uma placa que foi colocada em sua sala com a frase: “a delegada dos casos impossíveis.” A entrada na polícia, conta Gleide, foi em busca da segurança de um emprego público. “Entrei na Polícia Civil em 2003 como agente, mas gostei tanto que resolvi fazer o curso de direito para ser delegada. Foi quando passei no concurso e assumi o cargo de delegada em 2008.”

Atualmente, Gleide está lotada na Delegacia de Homicídios de Olinda e sua popularidade aumenta a cada dia. Na semana passada, durante a homenagem prestada às mulheres pelo Shopping Tacaruna, a delegada foi uma das agraciadas. Quando o nome dela foi anunciado, muitos aplausos foram ouvidos pelos corredores do centro de compras. E o sucesso da policial não é só nas ruas. Em sua página no Facebook, Gleide tem mais de 65 mil seguidores. Suas postagens alcançam milhares de curtidas.

Mulher é morta e esquartejada por usar redes sociais

Do Diario de Pernambuco

Flávia Maria do Nascimento, 33 anos, não tinha autorização do marido para usar as redes sociais. Para acessar o Facebook, Flávia foi obrigada a manter uma conta única para ser usada pelo casal. Um dia, a dona de casa criou um perfil individual. Flávio Machado de Lima, 41, não gostou, descobriu a senha e rastreou todas as atividades da mulher na rede social. Na madrugada de ontem, o corpo foi encontrado na casa que construíram juntos, na Rua Professor Andrade Bezerra, no bairro de Salgadinho, Olinda. Flávia foi esquartejada e partes de seu corpo foram espalhadas em três sacos plásticos pretos. O suspeito está foragido.

Motivado por ciúmes, suspeito cometeu o crime, segundo família da vítima. Foto: Reproducao TV Clube
Motivado por ciúmes, segundo parentes da vítima, suspeito cometeu o crime. Foto: Reproducao TV Clube

Apesar do crime com requintes de crueldade, a família da vítima nunca suspeitou de Flávio. “Era uma pessoa legal, todo mundo gostava dele”, disse Fernanda Maria do Nascimento, 29, irmã de Flávia. Ontem, no entanto, após a morte da dona de casa, surgiram suspeitas de agressões anteriores que ela estaria supostamente escondendo. “Um conhecido nos disse que presenciou uma vez ele apertando o pescoço de minha irmã porque ela estava conversando no telefone. Ele pensava que era homem, mas era nossa mãe. Flávia proibiu essa pessoa de contar sobre a agressão para a gente”, contou Fernanda.

Flávia tinha dois filhos, um menino com 12 anos, de outro casamento, e uma menina de 8, filha do casal, que já vivia junto há 13 anos. “O mais velho tem paralisia cerebral e ela não trabalhava fora, vivia para cuidar do filho. Era uma ótima mãe e sequer saia de casa para se divertir. Mesmo assim, ele tinha ciúmes dela”, disse a irmã.

A partir de hoje, a delegada Gleide Ângelo começa a intimar testemunhas. “Hoje (ontem) foi o enterro e as pessoas estão muito sensibilizadas, mas amanhã (hoje), vou mandar a equipe para a rua”, adiantou a delegada.

Depois do crime, o suspeito fugiu. Até a noite de ontem, ainda não havia sido localizado. Inicialmente Flávio escapou levando a filha do casal, mas depois a menina foi deixada na casa da família dele. O menino permanecerá com a família de Flávia, já que o pai morreu em um acidente de trânsito.

“Quando chegamos ao local e vimos um saco preto no chão, pelo tamanho nós deduzimos logo que era um corpo. Mas logo observamos outros sacos menores cobertos de sangue. Foi aí que desconfiamos que a mulher teria sido esquartejada”, contou o delegado Alfredo Jorge, que iniciou as investigações.

Dentro da casa também havia um carro de mão, que supostamente seria usado pelo suspeito para o transporte do corpo. Flávio teria usado uma faca tipo serra e uma foice. A vítima teria sido morta em virtude de um corte no abdômen ou por asfixia. Somente a perícia do IML poderá revelar a causa. Já o esquartejamento teria sido realizado após a morte da mulher.

Vida fiscalizada na internet

O ciúme provocado pelo uso das redes sociais não é um fato isolado e está à margem de problemas bem mais profundos do ser humano e da sociedade, como os transtornos mentais e o machismo. Estudos em todo o mundo já mostram que o uso de Facebook e Whatsapp está relacionado ao aumento no número de divórcios. No Estados Unidos, o primeiro é citado em metade dos processos de separação entre casais. Na Inglaterra, ele é a causa de um em cada três fins de relacionamento.

O acesso à tecnologia, explica o psicoterapeuta e doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento Igor Lins Lemos, facilita comportamentos inadequados. Passar mais tempo contectado pode significar estar mais suscetível à tentação de trair. Isso não justifica, porém, atos ciumentos com as redes dos parceiros. “Esse tipo de comportamento é um desmembramento do próprio ciúme alimentado de outras formas, como impedir de sair com amigos ou usar determinados tipos de roupa”, afirmou o especialista.

O ciúme, explica ele, funciona como um evento gatilho. “Geralmente, há uma crença de que você pode controlar a outra pessoa. De que o uso das redes sociais vai levar a algo ruim. A base disso pode estar vinculada à insegurança”, detalha Igor Lins Lemos. A fiscalização da vida da mulher nas redes é também uma atualização de atitudes machistas que perpassam os séculos no Brasil, na análise doutora em sociologia Ana Paula Portella. “É uma expressão de uma atitude antiga no momento atual, no qual as redes sociais ocupam espaço importante. Se fosse no século 19, seria porque a mulher abriu a janela. O olhar não deve ser para o Facebook, mas para a tentativa de controle.”

Atitudes extremas e cruéis podem ter de fundo ainda uma psicopatia ou transtorno de personalidade antissocial. Pessoas com essa característica precisam procurar especialistas. No consultório de Igor, cerca de 10% dos pacientes são pessoas que têm problemas com as redes sociais de parceiros e parceiras.

SAIBA MAIS

Violência contra a mulher

249 mulheres pernambucanas foram assassinadas em 2014
247 pernambucanas foram assassinadas em 2015
15,6% foi o descréscimo no número de crimes entre 2003 e 2013, de acordo com o Mapa da Violência
19,8% foi o aumento no número de mulheres negras neste mesmo período
187 negras foram assassinadas em 2003, contra 224 mulheres em 2013.
50,9% foi a queda nos homicídios de brancas neste mesmo período
22,6% foi a queda na taxa de homicídios de mulheres, por 100 mil habitantes, entre 2006, ano da promulgação da Lei Maria da Penha, e 2013
5 estados apresentaram queda neste quesito durante o período

Como se matam mulheres no Brasil
48,8% Arma de fogo
25,3% objetos cortantes ou penetrantes
6,1% estrangulamento
8% objeto contundente
11,8% outros

Onde se mata
27,1% em casa
31,2% via pública
41,7% outros locais

Quem mais agride mulheres na faixa etária dos 30 aos 59
34% cônjuge
11,2% ex-cônjuge
75,3% das agressões nessa faixa etária ocorem em casa

44,6% das mulheres assassinadas no Brasil têm entre 33 e 59 anos

4,8 homicídios por 100 mil mulheres é a taxa brasileira atual, que coloca o país na 5ª posição entre 83
pesquisados pela Organização Mundial da Saúde

Os países mais violentos para as mulheres (homicídios por 100 mil habitantes)
El Salvador 8,9
Colombia 6,3
Guatemala 6,2
Russia 2011 5,3
Brasil 4,8

As cidades menores têm maior propensão a taxas altas de homicídios. Das 100 maiores taxas do Mapa
da Violência, nenhuma é capital. Olinda, de 389 habitantes, também não consta na lista

Fontes: Secretaria Estadual da Mulher e Mapa da violência 2015

Mãe de Alice Seabra fala com a imprensa pela 1ª vez sobre o crime

Após acompanhar na imprensa as últimas informações sobre as investigações da morte da sua filha Maria Alice Seabra, 19, a dona de casa Maria José de Arruda, 46, esteve na manhã desta terça-feira na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para saber da polícia se havia alguma possibilidade do ex-companheiro, o servente de pedreiro Gildo Xavier, 34, conseguir escapar da prisão. Gildo está preso desde o dia 23 de junho. No dia seguinte, ele confessou ter estuprado e matado a enteada e deixado o corpo em um canavial em Itapissuma.

Maria José de Arruda falou com a imprensa no DHPP. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Maria José de Arruda falou com a imprensa no DHPP. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Ainda abalada com a perda da filha, Maria José conversou com o blog na saída do DHPP e disse que pretende ver o suspeito na cadeia por muitos anos. Apesar de não ter conseguido falar com a delegada Gleide Ângelo, Maria José disse que conversou com a equipe da delegada que a tranquilizou sobre a prisão de Gildo. “Eu queria que ele ficasse na prisão para sempre, mas como isso não é possível no Brasil, quero que ele fique preso o maior tempo possível. Nunca mais quero ver a cara dele. Ele se mostrou um monstro”, desabafou.

Durante a conversa com o blog, Maria José de Arruda revelou que mudou de endereço e que sente muita falta da filha a quem se referiu como uma pessoa maravilhosa. “Maria Alice era uma ótima pessoa. Todo mundo gostava dela e ela tinha muitos amigos. Não tem sido fácil para mim seguir a vida sem ela. Estou morando em São Lourenço da Mata perto da minha filha mais velha. Agora estou sozinha com minha filha mais nova. Até as comidas que Alice gostava eu não estou conseguindo fazer, pois fico me lembrando dela”, desabafou a dona de casa.

Alice Seabra teve a mão cortada e foi estuprada em canavial

O inquérito que investigou a morte da jovem Maria Alice Seabra, 19 anos, será entregue à Justiça nesta segunda-feira. A polícia pediu a prisão preventiva do ajudante de pedreiro Gildo Xavier, 34, pelos crimes de sequestro, estupro, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. No entanto, ao final da investigação, a polícia descobriu que Gildo mentiu ao dizer que não havia cortado a mão esquerda de Alice. A vítima havia feito uma tatuagem com o nome do pai (morto há seis anos), um dia antes do crime, no antebraço esquerdo, o que deixou Gildo irritado.

Gildo saiu do DHPP pela manhã para ajudar a polícia a localizar o corpo da enteada
Em seu depoimento no DHPP, Gildo Xavier], 34, negou ter cortado a mão da jovem. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) confirmou que a garota teve a mão decepada. O membro, no entanto, não foi encontrado. A perícia feita no corpo da jovem também mostrou que ela estava sem dois dentes em decorrência das agressões que sofreu do padrasto. Em seu depoimento à delegada Gleide Ângelo, que investigou o caso, Gildo havia dito que estuprou e matou Alice dentro do carro que havia alugado em Gravatá e que não teria cortado a mão da enteada, mas essa versão foi derrubada pelos investigadores. O estupro e a morte aconteceram no canavial em Itapissuma, onde o corpo foi encontrado. As roupas da vítima e do suspeito foram localizadas no canavial.

A jovem Alice Seabra foi uma das vítimas do mês de junho. Foto: Julio Jacobina/DP.D.A Press
Corpo de Alice Seabra foi encontrado num canavial em Itapissuma

Gildo segue preso no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. Caso seja condenado à pena máxima pelos quatro crimes, pode pegar até 48 anos de prisão. Alice foi sequestrada pelo padrasto no dia 19 de junho após ter sido levada por ele para uma suposta entrevista de emprego. Ele disse à polícia ter cometido o crime no mesmo dia e que fugiu para o Ceará. Quatro dias depois o suspeito volltou, se entregou à polícia e mostrou onde havia deixado o corpo da enteada. Gildo disse que passou a ter interesse sexual em Alice desde quando ela havia feito 16 anos.

Alice Seabra ainda não foi localizada pela polícia. Foto: Reprodução/Facebook
Alice Seabra sonhava em trabalhar e sair de casa por causa dos ciúmes de Gildo. Foto: Reprodução/Facebook

O suspeito morava com a mãe da vítima há 15 anos, com quem tem uma filha de 11 anos. Os parentes e amigos de Gildo e da família de Maria Alice ficaram surpresos e revoltados com o crime. Todas as pessoas ligadas à família afirmaram que Gildo sempre teve muito ciúme de Alice. A jovem não podia sair sozinha e nem mesmo atender ligações no celular ou conversar com outras pessoas nas redes sociais por conta das reclamações do padrasto. “Todo mundo achava que era cuidado de pai, mas ficamos chocados quando descobrimos tudo”, disse uma vizinha.

Leia mais sobre o caso em:

Veja entrevista de Gleide Ângelo sobre o confissão do padrasto de Alice Seabra

Patrão e amigos de Gildo Xavier, acusado de matar Alice, irão depor no DHPP

A delegada Gleide Ângelo vai ouvir nesta semana as pessoas que tiveram contato com Gildo desde o momento em que ele saiu de Gravatá no dia 19, quando sequestrou e matou a enteada, até chegar ao Recife. No depoimento em que confessou o crime, o padrasto da jovem disse que conversou com o patrão e com um amigo que o ajudou a alugar o carro usado no crime.

Gleide Ângelo falou sobre o desfecho da história. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Gleide tem até sexta-feira para fechar o inquérito. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Depois disso, seguiu para o Recife, onde colocou uma película no veículo. Todas essas pessoas prestarão depoimento. Como o acusado se entregou no dia 23, a polícia tem até o 3 de julho para concluir o inquérito.

Na noite da sexta-feira, uma equipe composta por peritos do DHPP fez uma perícia no Gol preto alugado por Gildo. Os laudos devem ficar prontos em até dez dias. Segundo a polícia, o objetivo da perícia é traçar a dinâmica do crime e confrontá-la com o depoimento do suspeito, além de descobrir se ele agiu sozinho ou teve ajuda de alguém.

A investigação científica começou com a análise de vestígios nas roupas e alimentos encontrados no porta-malas do carro. Em seguida, os peritos utilizaram luminol como reagente para identificar partículas de sangue no carro. Foi encontrado sangue no banco do carona, onde a jovem estava, na coluna ao lado desse banco, onde ele disse ter batido a cabeça da vítima, no banco traseiro e na porta. A polícia espera ainda os resultados dos exames sexológico e tanatoscópico que estão sendo feitos pelo IML.

Veja entrevista de Gleide Ângelo sobre a confissão do padrasto de Alice Seabra

Após três horas de depoimento nesta quinta-feira, Gildo Xavier, 34 anos, padrasto da jovem Alice Seabra, 19, encontrada morta na tarde dessa quarta-feira num canavial em Itapissuma, contou detalhes do crime. À tarde, a delegada Gleide Ângelo, responsável pelo caso, deu entrevista coletiva e falou como tudo aconteceu. Na conversa com os jornalistas, a delegada voltou a chamar Gildo de monstro e se emocionou ao contar detalhes do crime. Confira a entrevista abaixo gravada pelo blog: