Gleide Ângelo, a delegada “dos casos impossíveis”

O assassinato de uma turista alemã em pleno carnaval de 2010 chamou a atenção do estado e intrigou a Polícia Civil de Pernambuco. No dia 16 de fevereiro, Jennifer Marion Nadja Kloker, com 22 anos na época, foi encontrada morta às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Antes de ser assassinada, Jennifer estava com a família num passeio de carro.

Ouvidos pela polícia, os parentes relataram que foram assaltados e que os suspeitos levaram a alemã. A versão contada pelo marido e pela sogra da vítima não durou muito para ser desconstruída. Os investigadores sabiam que existia algo de errado na história narrada nos primeiros depoimentos. Foi aí que uma delegada até então desconhecida da mídia assumiu o caso e conseguiu prender os envolvidos.

Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP
Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP

O Caso Jennifer, como ficou conhecida a investigação, ganhou diversas manchetes no Diario de Pernambuco ao longo dos três meses de cobertura. Assim como a sogra de Jennifer, a enfermeira Delma Freire, ganhava cada vez mais destaque no noticiário, a delegada Gleide Ângelo também deixava sua marca ao desvendar a trama que renderia um filme. Auxiliada pelo delegado Alfredo Jorge, Gleide concluiu o inquérito sobre a morte da alemã e descobriu que a sogra da vítima, seu filho e um italiano que vivia com Delma na Itália, onde todos moravam, mataram a jovem para ficar com um seguro de vida milionário que havia em nome da vítima.

Nesse mesmo ano de 2010, outro crime de grande repercussão ocorrido em Pernambuco ganhou destaque na imprensa. A administradora Narda Alencar Biondi, 33 anos na época, foi dada como desaparecida no dia 29 de março. Familiares e amigos conviveram com a angústia da incerteza do seu paradeiro até o dia 4 de agosto de 2010, quando, após uma investigação trabalhosa, a delegada Gleide Ângelo descobriu que Narda havia sido morta por uma amiga e seu corpo estava enterrado no quintal de uma casa no bairro de Pau Amarelo, em Paulista, onde vítima e assassina estavam morando.

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP

Quatro anos depois desse crime, a acusada foi condenada a 19 anos e seis meses de prisão. No julgamento realizado no Fórum de Paulista, a delegada Gleide Ângelo prestou depoimento como testemunha. Eu fazia a cobertura jornalística do júri popular e um fato observado nos intervalos do julgamento me chamou atenção. Todas as vezes que a delegada deixava a sala do tribunal do júri era apontada pelas pessoas que estavam na área do pátio do fórum. E não era só isso. Muitas delas aproximavam-se da delegada e a parabenizavam pelo seu trabalho. Outros tantos pediam para tirar fotografias com ela. “É muito gratificante o reconhecimento do povo pelo meu trabalho na polícia”, declara.

Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Mas recentemente, em junho do ano passado, a delegada foi designada para solucionar mais um caso que gerou revolta e comoção em todo o estado. A estudante Maria Alice de Arruda Seabra, 19 anos, foi raptada, estuprada e morta pelo padrasto que queria manter um relacionamento amoroso com a jovem. Durante a investigação, Gleide Ângelo conseguiu fazer com que o suspeito se entregasse à polícia e mostrasse o local onde havia enterrado o corpo da enteada, num canavial no município de Itapissuma, no Grande Recife. Dos 13 anos de carreira na Polícia Civil do estado, a delegada que também ficou conhecida pelos seus cabelos vermelhos, pelas roupas coloridas e pelas suas bijuterias, acumula em seu currículo soluções de diversos casos considerados difíceis.

Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP
Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP

Quando era lotada no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a receber uma placa que foi colocada em sua sala com a frase: “a delegada dos casos impossíveis.” A entrada na polícia, conta Gleide, foi em busca da segurança de um emprego público. “Entrei na Polícia Civil em 2003 como agente, mas gostei tanto que resolvi fazer o curso de direito para ser delegada. Foi quando passei no concurso e assumi o cargo de delegada em 2008.”

Atualmente, Gleide está lotada na Delegacia de Homicídios de Olinda e sua popularidade aumenta a cada dia. Na semana passada, durante a homenagem prestada às mulheres pelo Shopping Tacaruna, a delegada foi uma das agraciadas. Quando o nome dela foi anunciado, muitos aplausos foram ouvidos pelos corredores do centro de compras. E o sucesso da policial não é só nas ruas. Em sua página no Facebook, Gleide tem mais de 65 mil seguidores. Suas postagens alcançam milhares de curtidas.

Delma Freire é transferida de presídio após ameaças de outras presas

Quem acompanhou através da imprensa a cobertura sobre a morte da alemã Jennifer Kloker, assassinada em fevereiro de 2010, na BR-408, em São Lourenço da Mata, certamente lembra de uma mulher que aparecia frente às câmeras chorando e pedindo justiça pela morte da nora. Ao final da investigação, Delma Freire de Medeiros acabou presa e apontada pela polícia como a mandante da morte de Jennifer, que era casada com Pablo, filho dela. O motivo: a família queria ficar com o seguro de vida milionário feito em nome da vítima pelo italiano Ferdinando Tonelli, pai adotivo de Pablo.

Delma Freire foi apontada como mandante do crime. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press
Delma Freire foi apontada como mandante do crime. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press

Assim como Jennifer, que foi assassinada na presença do filho de apenas três anos, Ferdinando também seria executado. Nos planos de Delma, segundo a polícia, estava cogitado ela casar com Ferdinando e depois mandar matá-lo para assim ficar com todo o dinheiro dele. Em 2012, cinco pessoas foram a júri popular pela morte de Jennifer. Delma, Pablo, Ferdinando e Dinarte Medeiros, irmão de Delma, foram condenados. O executor, Alexsandro Neves dos Santos, foi condenado em 2013. Pois bem, de personalidade forte, a senhora Delma toda vida foi o centro das atenções do Caso Jennifer. Sempre negou sua participação no assassinato da nora. Só abriu o jogo depois que os outros acusados confessaram que ela foi a mentora.

Expectativa é a de que Delma Freire confesse o crime. Foto: Reprodução/Diariodepernambuco.com.br
Dia em que Delma Freire foi levada para a Colônia Penal Feminina de Paratibe. Foto: Reprodução/Diariodepernambuco.com.br

Com exceção de Dinarte, que recebeu delação premiada por colaborar com o trabalho da polícia, todos os acusados estão cumprindo pena em regime fechado. Os advogados estão esperando uma decisão da Justiça para as apelações que fizeram relativas às penas recebidas pelos acusados. Pablo e Ferdinando foram condenados a 25 anos e seis meses de prisão. Dinarte pegou 14 anos e Delma Freire foi condenada a 32 anos reclusão. A sogra da alemã estava cumprindo sua pena na Colônia Penal Feminina de Paratibe, em Abreu e Lima, no entanto, por determinação judicial, foi transferida para a Colônia Penal Feminina do Recife, no Engenho do Meio, antiga Bom Pastor.

Fontes do blog informaram que Delma teria se envolvido em algumas brigas na unidade prisional e por isso precisou deixar o local. Segundo a Secretaria de Ressocialização, a mudança de endereço da presa em questão foi devida à convivência com as outras detentas que não estava lá em coisas. Sob constantes ameaças e hostilização por parte das demais presas e após ser chamada várias vezes de caboeta, a direção da unidade achou por bem tirá-la do presídio antes que algo de pior acontecesse.

Cena que perdemos de ver foi a saída dela do presídio. Deve ter mandado um beijo no ombro para as ex-colegas de cárcere e seguiu de cabeça erguida. Só não sabemos até quando ela não vai arrumar confusão na nova casa, que abriga presas muito mais descoladas e brabas que a primeira unidade.

Assassino da alemã Jennifer Kloker condenado a 26 anos de prisão

Três anos depois, o Caso Jennifer, como ficou conhecido o assassinato da turista alemã Jennifer Marion Nadja Kloker, teve um desfecho. Na noite dessa quarta-feira, o júri de São Lourenço da Mata, formado por cinco mulheres e dois homens, decidiu pela condenação de Alexsandro Neves dos Santos, último réu a ser julgado e apontado como autor dos disparos que mataram a jovem. O juiz José Wilson Soares determinou a pena de 26 anos em regime fechado. A defesa já adiantou que vai recorrer.

Alexsandro Neves é apontado como autor dos disparos (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)

O crime ocorreu naquele município na terça-feira de carnaval de 2010. Há dois meses, os demais participantes foram julgados: Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli e Dinarte Dantas. Em um julgamento que durou quase dez horas, Alexsandro voltou atrás no depoimento dado à polícia e negou ter atirado em Jennifer, apontando Pablo, companheiro da vítima, como o autor dos disparos. Na ouvida, ele disse, ainda, que foi contratado pelos Tonelli para aplicar o golpe do seguro do carro, o que teria justificado sua ida ao local do homicídio.

A defesa de Alexsandro, representada pelo advogado Armando Gonçalves, baseou sua tese no fato de que em menos de dois minutos seria impossível praticar o crime. Esse é o tempo que o carro onde a alemã foi conduzida para o local do crime ficou parado na BR-408, segundo o GPS instalado no veículo. O Ministério Público de Pernambuco, no entanto, provou que a perícia apontou que o crime poderia ter sido praticado em 49 segundos.

Em dezembro, Delma Freire foi condenada a 32 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado, além de fraude processual. Pablo e Ferdinando receberam, cada um, 25 anos e seis meses de prisão, pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Dinarte foi condenado a 14 anos pelos mesmos crimes, mas foi beneficiado pela delação premiada ao contribuir com as investigações da polícia e responde em liberdade.

Do Diario de Pernambuco.

Caso Jennifer: último acusado do crime no banco dos réus

Três anos e dez dias após a morte da alemã Jennifer Kloker, o quinto e último acusado de participação no crime que teve repercussão internacional será julgado. Alexsandro Neves dos Santos, apontado como o autor dos disparos que tiraram a vida da jovem alemã, não deve confessar participação no crime, como o fez na fase das investigações. À polícia, Alexsandro revelou que foi contratado pelos parentes de Jennifer para matá-la por R$ 5 mil. Chegou a receber a metade do dinheiro antes do crime.

Alexsandro deve negar participação. Foto: Juliana Leitão/DP/D.A.Press

O júri popular está previsto para iniciar depois das 9h, no Fórum de São Lourenço da Mata. Alexsandro deveria ter sido julgado em dezembro, junto com os outros acusados, mas a data precisou ser adiada porque o advogado dele, Armando Gonçalves, estava de licença médica. O julgamento será coordenado pelo juiz José Wilson Soares Martins, titular da Vara Criminal da cidade. Alexsandro está preso no Complexo Prisional do Curado.

A defesa solicitou a participação do perito do Instituto de Criminalística responsável pelo laudo do exame residuográfico e deve alegar que o acusado não sabia do assassinato. Alexsandro Neves informou que foi chamado para dar um golpe ao tocar fogo em um carro para receber dinheiro da seguradora e não para matar a alemã. Ele receberia R$ 5 mil pelo ato. Além do perito, os delegados Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, do DHPP, foram intimados.

Segundo a polícia, a morte da alemã foi motivada pela existência de um seguro de vida avaliado em R$ 1,2 milhão. Inicialmente, os envolvidos alegaram que Jennifer foi sequestrada por dois motoqueiros após um assalto. Depois de ouvir testemunhas e receber informações do GPS do carro usado pela família, a polícia começou a montar o quebra-cabeça.

Quatro acusados já foram condenados pelo crime: Fotos Diario de Pernambuco

Condenações
Delma Freire, 51 anos, apontada como mentora e mandante do crime, foi condenada por homicídio duplamente qualificado, formação de quadrilha e fraude processual. A sogra de Jennifer ficou com a maior pena, 32 anos em regime fechado. Desses, ela já cumpriu mais de dois, pois está presa desde a época das investigações policiais. Pablo, 24, e Ferdinando Tonelli, 47, foram condenados a 25 anos e 6 meses por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Eles estão presos no Complexo Prisional do Curado desde 2010. Já Dinarte Medeiros, 42 (irmão de Delma), que responde ao processo livre, pegou 14 anos e 4 meses por homicídio e formação de quadrilha.

Com informações do Diariodepernambuco.com.br

 

Advogados vão pedir mais tempo para defesa no julgamento do Caso Jennifer

O julgamento do Caso Jennifer pode ser adiado mais uma vez. Os advogados dos cinco acusados de envolvimento no homicídio duplamente qualificado da turista alemã Jennifer Kloker, ocorrido em fevereiro de 2010, vão solicitar à Justiça mais tempo que o previsto para que possam apresentar os argumentos em favor dos réus.

Pelas regras do tribunal do júri, acusação e defesa terão até duas horas e meia, cada uma, para mostrar sua versão, e mais uma hora e meia para a réplica e a tréplica. Já que há cinco advogados, eles precisariam repartir o tempo, o que daria, em média, menos de meia hora para cada um fazer sua apresentação.
Os defensores já informaram que caso a juíza Marinês Marques Viana não atenda ao pedido, ingressarão com uma medida judicial, o que acarretará a interrupção do júri. O pedido será feito no início do julgamento, na manhã da próxima segunda, no Fórum de São Lourenço da Mata.

 

Alemã de 22 anos foi assassinada em fevereiro de 2010 (ROMAGNANOI/DIVULGAÇÃO)
Alemã de 22 anos foi assassinada em fevereiro de 2010

Decisão
Está prevista para esta quinta-feira uma reunião entre os cinco advogados para discutir o assunto. A assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) informou que a juíza só se pronunciará sobre a solicitação quando o pedido for formalizado.  Jennifer foi morta a tiros perto do TIP. A defesa dos réus sustenta que ela foi vítima de assalto e a promotoria afirma que ela foi assassinada para que seu marido e família recebessem um seguro de vida. O júri popular já foi adiado por duas vezes.

Confira matéria completa na edição do Diario de Pernambuco desta quinta-feira.

 

Contagem regressiva para início do julgamento do Caso Jennifer

Na próxima segunda-feira, o Fórum Paulo André Dias da Silva, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, será palco do julgamento dos cinco acusados pela morte da turista alemã Jennifer Kloker, ocorrida em fevereiro de 2010.

Irão sentar no bancos dos réus os acusados Delma Freire, Pablo e Ferdinando Tonelli, Alexsandro dos Santos e Dinarte Dantas. Todos foram denunciados pelo Ministério Público como responsáveis pelo assassinato da estrangeira que foi motivado por questões financeiras. A cobiça em um seguro de vida milionário em nome da vítima.

Sala do Tribunal do Júri de São Lourenço da Mata. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A.Press

Nessa quarta-feira, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) mostrou para a imprensa como será a disposição de cada pessoa dentro da Sala do Júri. Na foto acima, você pode perceber que na cadeira principal ficará a juíza Marinês Marques Viana. Do lado esquerdo da magistrada (na foto), ficarão os promotores do Ministério Público. À direita, sentarão os advogados de defesa. Nas sete cadeiras à frente da juíza, serão colocados os jurados.

Fórum está passando por obras para o julgamento. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A/Press

Já os acusados serão dispostos do lado dos advogados, nas cadeiras encostadas na parede e serão escoltados por policiais militares e agentes penitenciários. O salão do Tribunal do Júri dispõe apenas de 84 vagas. Nos últimos dias antes do julgamento, o Fórum de São Lourenço está passando por obras para receber o público. Acompanhe aqui pelo blog, no portal do Diariodepernambuco.com.br ou pelo twitter @wagner__oliver.

 

 

 

Acusados de matar turista alemã Jennifer Kloker voltam ao banco dos réus

 

Jennifer Kloker foi morta em fevereiro de 2010. Foto: RomagnaNoi/Divulgacao

Em maio de 2011, estive de frente aos cinco acusados de participar da morte da turista alemã Jennifer Kloker. Depois de vários meses acompanhando as investigações sobre o caso era chegada a hora dos culpados apontados pela polícia pagarem pelo que fizeram. No entanto, uma manobra da defesa da mentora do crime conseguiu adiar por mais um ano um novo julgamento. Nessa terça-feira, o Tribunal de Justiça de Pernambuco anunciou que os réus Delma Freire de Medeiros, Pablo Richardson Tonelli, Ferdinando Tonelli, Alexsandro Neves dos Santos e Dinarte Dantas de Medeiros serão julgados entre os dias 10 e 13 de dezembro próximo. Eles irão a júri popular no Fórum de São Lourenço, comarca onde ocorreu o crime, em fevereiro de 2010.

Delma Freire foi apontada como mandante do crime. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press

O crime, motivado por conta do seguro de vida da vítima, teve repercussão internacional e chocou os pernambucanos quando foi comprovado que a sogra, o sogro e o próprio marido da alemã estavam por trás do assassinato. O Diario de Pernambuco apostou todas as suas fichas na cobertura deste crime a colaborou muito com o trabalho da polícia descobrindo fatos novos. Com exceção de Dinarte, que é irmão de Delma e que colaborou com as investigações, todos os outros acusados estão presos.

Alexsandro e Pablo tiveram participação no assassinato. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press

Veja matéria publicada no portald do Diariodepernambuco.com.br nesta terça-feira:

O júri popular envolvendo os cinco acusados pelo homicídio da alemã Jennifer Marion Nadja Kloker será realizado entre os dias 10 e 13 de dezembro. Delma Freire de Medeiros, Pablo Richardson Tonelli, Ferdinando Tonelli, Alexsandro Neves dos Santos e Dinarte Dantas de Medeiros serão julgados a partir das 8h, no Fórum de São Lourenço da Mata. A sessão será presidida pela juíza da 1ª Vara Cível da comarca, acumulando a Vara Criminal, Marinês Marques Viana.
Ferdinando Tonelli era sogro da vítima. Foto: Teresa Maia/DP/D.A/Press
As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) são os delegados responsáveis pelo inquérito, Alfredo Jorge e Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). A defesa dos acusados não arrolou testemunhas.
Acusação
A alemã Jennifer kloker foi assassinada por volta das 22h15 do dia 16 de fevereiro de 2010, na altura do km 97 da BR-408, no município de São Lourenço da Mata. Os acusados serão julgados por formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima). Circunstâncias agravantes serão levadas em consideração, devido ao grau de parentesco e convivência entre a alemã e três dos acusados (Delma, Ferdinando e Pablo). Delma Freire também será julgada por fraude processual, sob a acusação de tentar modificar os rumos da investigação ao indicar um falso autor do assassinato.
Adiamentos
O tribunal do júri sobre o assassinato da alemã já foi adiado duas vezes. A primeira foi no dia 24 de maio de 2011, devido ao deferimento do exame de sanidade mental da acusada Delma Freire. A perícia não foi realizada no tempo previsto e o julgamento não pôde ser realizado no dia 27 de julho, quando foi novamente adiado, sem data prevista.
O laudo pericial referente ao exame de Delma Freire foi homologado no dia 01 de novembro de 2012. A ré foi considerada imputável (quando o indivíduo, sem limitações de entendimento e/ou mental, possui a capacidade de entender o fato como ílicito e agir de acordo com este entendimento, podendo receber acusação por meio de queixa, crime ou denúncia do órgão público pela prática de um delito).
Julgamento
Vinte e cinco pessoas compõem o corpo de jurados. Primeiro, serão ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação. Como não há testemunhas de defesa, será realizado o interrogatório dos réus. Ao final dos depoimentos, o júri entra na fase do debate, quando acusação e defesa apresentam suas conclusões.

 

 

Delma Freire não é louca, segundo novo exame

 

Dois anos e cinco meses já se passaram e os acusados pela morte da turista alemã Jennifer Kloker ainda não foram julgados. A demora estava na análise da sanidade mental da sogra da vítima, Delma Freire, que foi presa e apontada como mentora do crime pelos demais acusados. No entanto, desde o dia da sua prisão, ela e seus advogados tentam provar que Delma tem problemas mentais. Na Itália, onde morava antes de vir com a família para o Brasil e tramar o crime, recebia inclusive pensão como louca. De acordo com a filha, Roberta Freire, tudo tramado pela própria mãe. Pois bem. Delma tentou fazer seu jogo de cena no Recife e acabou se dando muito mal. Depois de dois exames, os resultados apontaram que ela não tem nunhum problema mental e que pode sim ser julgada pelo crime.

O Ministério Público de Pernambuco já acatou o resultado do novo exame psicológico que comprovou, mais uma vez, que ela não apresenta nenhuma doença mental. O laudo, baseado no teste dos borrões do Rorschach, apontou Delma como uma pessoa de “personalidade estruturada, mas que age de maneira egocêntrica, na busca da satisfação das próprias necessidades”. Os advogados dela solicitaram à Justiça mais detalhes sobre o exame e podem pedir a sua anulação. A data do júri popular que vai levar a acusada, o marido, Ferdinando Tonelli, e o filho, Pablo Tonelli, e o acusado de ter atirado, Alessandro Neves dos Santos ao banco dos réus ainda não foi marcada.

 

Sogra da turista alemã foi apontada como mentora do crime e advogados tentam provar que ela é doente mental (TERESA MAIA/DP/D.A PRESS)
Sogra da turista alemã foi apontada como mentora do crime e advogados tentam provar que ela é doente mental 

 

“A atitude da defesa de solicitar exames mentais para Delma foi meramente protelatória. Uma arma para adiar o julgamento. Os exames comprovaram que não há alteração de temperamento na acusada. Agora não há mais motivos para o júri não acontecer”, disse o promotor André Rabelo. Os advogados da sogra da turista alemã, Washington Barros e José Carlos Penha, afirmam ter interpretado o resultado do laudo de outra forma. “Os testes apontam que Delma não é normal. Ela tem traços de loucura. Solicitamos à Justiça detalhes de como o laudo foi elaborado, pois ele não é conclusivo”, disparou Barros.
Um seguro de vida avaliado em R$ 1,2 milhão motivou um roteiro que resultou na execução de Jennifer Kloker, em 17 de fevereiro de 2010. A princípio seria um sequestro ocorrido após um assalto, às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata. A versão sustentada até então pelos Tonelli e por Delma era a de que dois motoqueiros teriam abordado o grupo e levado apenas a vítima. Após ouvir testemunhas e receber informações do GPS do carro usado pela família, a polícia começou a desvendar o crime.
Com informações do Diario de Pernambuco.