Nova rebelião na Funase, mais uma morte e a dor dos familiares

Olhe para esta foto abaixo e tente sentir um pouco da agonia dessas mulheres. São mães, esposas, namoradas e irmãs de jovens infratores que cumprem medida socioeducativa no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da Funase do Cabo de Santo Agostinho. Nessa sexta-feira, os internos, motivados por uma briga de disputa de comando, fizeram mais uma rebelião na unidade. O saldo: um morto, três feridos e muito desespero do lado de fora da unidade.

Parentes dos internos entraram em desespero. Foto: Helder Tavares/DP/D.A/Press

Essa foi a quinta morte ocorrida neste ano em centros de atendimento de adolescentes e jovens infratores. Coisa que não se tem visto, pelo menos nos últimos anos, nas penitenciárias e presídios do estado. O corpo do jovem que morreu deve ser sepultado ainda neste sábado. Ele sabia que estava marcado para morrer e chegou a dizer isso aos familiares e pediu para ser transferido da unidade. A morte foi mais rápida. Agora, resta aos parentes enterrar o seu corpo. Resta também esperar para saber quem vai responder pela morte do jovem que estava guardado pelo estado por ter praticado ato infracional correspondente ao crime de homicídio.

 

Leia matéria publicada no Diario de Pernambuco deste sábado:

No começo da tarde de ontem, Alexandre de Melo Camilo, 20 anos, telefonou para
os familiares. Pediu que fossem tirá-lo do Centro de Atendimento
Socioeducativo (Case) do Cabo de Santo Agostinho, pois estava marcado para
morrer. O prenúncio de Alexandre confirmou-se horas depois, por volta das
19h30, quando a polícia fez o balanço da rebelião ocorrida no centro. Foi a
segunda rebelião e o quarto assassinato na unidade do Cabo somente neste ano,
onde estão 338 jovens. Outra morte ocorreu, em setembro, no Case de Abreu e Lima.

Os feridos foram levados para um hospital. Foto: Helder Tavares/DP/D.A/Press

A confusão, iniciada por volta das 16h30, deixou ainda três jovens feridos.
Interno há seis meses pela acusação de homicídio, Alexandre morreu após sofrer
golpes de facão ou arma similar. Possivelmente peça artesanal. “A vítima
estava com um corte profundo no pescoço e um grande ferimento na face”,
detalhou o perito do Instituto de Criminalística Severino Arruda. É como se
quisessem degolá-lo. Havia outros sinais de ferimentos, que podem ter sido
feitos por uma ou mais pessoas.

Ambulâncias do Corpo de Bombeiros foram ao local. Foto: Helder Tavares/DP/D.A/Press

Alexandre morreu no Case, enquanto os três feridos seguiram para o Hospital
Dom Helder Camara, no Cabo de Santo Agostinho. Dois deles, Airton Genes
Amorim, 18, e Hamilton José de Oliveira, 19, tiveram ferimentos por arma de
fogo. “Levei um tiro de revólver 38 no joelho”, disse um dos rapazes quando
era socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Ele não se identificou. O terceiro
interno a receber socorro médico fora do Case foi Jailson Ângelo da Silva, 18
anos.

Na agonia, algumas pessoas passaram mal. Foto: Helder Tavares/DP/D.A/Press

O motim começou no pavilhão 1, segundo a polícia, por conta de uma briga entre
grupos inimigos. “Foi uma guerra pelo comando do lugar”, disse a comandante da
Radiopatrulha, tenente-coronel Conceição Antero. Temendo ataques, os internos
do pavilhão 5 fizeram uma barricada com pedaços de madeira e colchões e
atearam fogo. A Radiopatrulha foi a primeira unidade da polícia a chegar no
centro. Em poucos minutos, o helicóptero da Secretaria de Defesa Social (SDS)
passou a sobrevoar a unidade, enquanto ouvia-se tiros dentro do Case. Ao todo,
cerca de 70 policiais atuaram para conter a rebelião. (Jailson da Paz)

Sofrimento das famílias na frente da unidade. Foto: Helder Tavares/DP/D.A/Press

 

PM volta a ponto de exploração sexual em Santo Amaro

Uma ferida que está aos olhos de todos nós e que chegou a chamar a atenção até  de uma CPI nacional continua incomodando as autoridades locais. A exploração sexual de jovens e adolescentes, a prostituição de mulheres e a comercialização e o consumo de drogas, sobretudo o crack, seguem acontecendo na Rua dos Palmares, no bairro de Santo Amaro, no Recife.

Nessa sexta-feira, uma operação da Polícia Militar encontrou muitas jovens no local, mas não achou drogas. No entanto, aquele local já é conhecido para tal fim. A oferta de sexo e de drogas acontece a qualquer hora do dia. Pelo visto, as atenções das autoridades finalmente parecem estar voltadas para esse problema. Porém, vale ressaltar que esse não é o único ponto do estado que precisa ser visitado pela polícia.

Veja matéria publicada no Diario de Pernambuco deste sábado.

Conhecido ponto de exploração sexual de crianças e adolescentes do Recife, a Rua dos Palmares, em Santo Amaro, voltou a ser alvo de ações da Polícia Militar ontem. Desde a última terça-feira, as operações ostensivas foram reforçadas na região com a intenção de coibir a exploração de jovens, além do uso e tráfico de drogas e de degradação da área de mangue. Após duas investidas, pela manhã e à tarde, a operação terminou sem prisões e apreensões de droga. A situação na Rua dos Palmares é considerada uma das mais graves da capital e o local chegou a ser visitado por integrantes da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

PM esteve em ponto de Santo Amaro. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

A ação da PM na região foi rápida. Pela manhã, duas jovens foram detidas para averiguação, mas terminaram liberadas. A PM não encontrou drogas com as mulheres, mas elas estavam em situação de risco para exploração sexual. Ambas estavam sem documentos e a polícia não comprovou na hora da detenção se eram adultas ou menores de idade. A situação na via é antiga e o lugar já é chamado de cracolândia do Recife. Denúncias apontam que jovens do lugar vendem o corpo em troca de pedras de crack. Apesar das últimas operações e da visita de membros da CPI, o movimento de prostituição de mulheres adultas continua a qualquer hora do dia na Rua dos Palmares.

 

Além de entrar na área de mangue, a PM também fez ações educativas. Conversou com algumas jovens que estavam nas proximidades, na Rua da Aurora. “Isso aqui não adianta. O governo tem que dar tratamento para a gente”, falou uma dependente de crack. A CPI recebeu informações de que pelo menos vinte locais do Recife são pontos críticos de exploração sexual. “Muitos pagodes e festas da periferia têm esse perfil. É preciso coibir, fazer fiscalização”, considerou o deputado federal Paulo Rubem (PDT), que é titular da CPI.

Segundo o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), em 2009, 30% dos 947 municípios brasileiros identificados com graves índices de abuso e exploração estão concentrados no Nordeste. Sessenta e três deles estão em Pernambuco.

Jovens costumam se prostituir no local. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

A Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), por sua vez, contabilizou 78 casos de exploração sexual e situação de risco desde o ano passado em seis pontos mapeados no Recife. Além de Santo Amaro, são eles a Praça da Encruzilhada, na Encruzilhada; a ponte em frente ao Sesc, na Avenida Norte, na Tamarineira; o trecho da Avenida Recife que fica perto do PAM de Areias; e pontos das avenidas Boa Viagem, em Boa Viagem, e Presidente Kennedy, em Peixinhos, Olinda.