Dois suspeitos do assassinato a tiros da menina Vitória Batista Nascimento dos Santos, 9 anos, ocorrido na manhã de domingo no Ibura de Baixo, foram presos ontem. O ex-presidiário Roberto Domingos, 20 anos, e um adolescente de 17 anos estavam em uma casa abandonada, utilizada para consumo de drogas, na UR-11, quando foram detidos por policiais militares do 6ª Batalhão, após denúncias de moradores. Eles estavam com dois revólveres calibre 32, com numerações raspadas.
Com o ex-presidiário foi encontrado um ofício emitido pelo delegado Paulo Furtado, responsável pela investigação do caso, intimando o suspeito a comparecer hoje ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em depoimento, Roberto contou que recebeu ontem o documento e que estaria escondido por orientação do advogado, que o acompanharia ao DHPP.
Questionado sobre o crime, ele disse que não conhecia a criança. “Não fui eu que matei. Eu conhecia a mãe e o menino (irmão de Vitória) de vista. Eu estava em casa”, disse Roberto, suspeito de ter atirado contra a menina. Ele já foi preso por roubo. Já o adolescente tinha antecedentes por tráfico de drogas. Ele seria filho de um ex-policial militar que está preso.
A principal hipótese para o crime é que o irmão da garota, de 12 anos, devia R$ 250 a traficantes. A mãe da menina, Ana Cristina, 32, também foi baleada e está na UTI do Hospital Otávio de Freitas.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga a possibilidade de três pessoas estarem envolvidas na morte da menina Vitória Batista Nascimento dos Santos, 9 anos. A criança foi assassinada com tiros na cabeça na manhã do último domingo, dentro de casa, no Ibura de Baixo, Zona Sul do Recife. O crime chocou o bairro. A mãe dela também foi baleada. Segundo o delegado Paulo Furtado, da 3ª Delegacia de Homicídios, uma equipe de investigação já foi ao local do crime e identificou os apelidos dos supostos executores.
O corpo foi sepultado na tarde de ontem, em Santo Amaro. Hoje, a polícia começa a ouvir depoimentos para tentar esclarecer o caso. A mãe de Vitória, a dona de casa Ana Cristina do Nascimento, 32, está internada no Hospital Otávio de Freitas. Segundo a polícia, a família estava sendo ameaçada desde a semana passada.
De acordo com Furtado, além da hipótese de o crime ter sido motivado por uma dívida de drogas do irmão da garota, um menino de 12 anos, outra linha de investigação está sendo analisada. A primeira informação é de que o garoto estaria devendo R$ 250 a traficantes da comunidade de Terra Nostra, também na Zona Sul, onde a família reside. “Mas também estamos apurando uma informação de que um traficante queria comprar a casa e a mãe da menina que morreu não queria fechar negócio com ele. Além disso, parece que ela também tinha dívidas.” Ana Cristina e filho seriam viciados em crack, segundo familiares.
De acordo com a polícia, além de Ana Cristina e Vitória, outras quatro crianças, todas filhas de Ana, estavam dormindo quando dois homens chegaram de moto ao local para cometer os crimes. Uma das meninas, de seis anos, conseguiu tirar os três irmãos menores de casa e fugiu com eles para a casa da tia, que fica próxima. Vitória teria sido baleada porque estava gritando muito. A mãe dela tentou se esconder debaixo da cama, mas foi atingida várias vezes. Ambas chegaram a ser socorridas e foram levadas para a Políclinica Arnaldo Marques. A criança não resistiu. Até o fim da tarde de ontem, ninguém havia sido preso pelo crime.
Cirurgia
Ana Cristina foi submetida a uma cirurgia na manhã de ontem e segue internada na sala de recuperação. Os outros filhos estão com o pai, que é separado dela. Ele e as crianças se encontram na casa de parentes. “Estamos aqui no cemitério para enterrar minha sobrinha. Os outros meninos ficaram todos em casa. É um momento muito triste”, lamentou Alexandre Vicente, tio de Vitória.
Uma menina de apenas 9 anos, Vitória Batista Nascimento dos Santos, foi assassinada com tiros na cabeça nas primeiras horas da manhã de ontem, na comunidade Terra Nostra, no Ibura de Baixo, periferia do Recife. A criança dormia com a mãe e cinco irmãos mais novos quando a pequena casa em que viviam foi invadida por desconhecidos.
A mãe, Ana Cristina do Nascimento dos Santos, 32, foi baleada no peito e, até o fechamento desta edição, estava internada em estado grave na UTI do Hospital Otávio de Freitas. Segundo investigações da polícia, o crime foi praticado por traficantes. O alvo dos criminosos seria um garoto de 12 anos, também filho de Ana Cristina. Ele não estava no imóvel no momento da invasão. O menino estaria devendo R$ 250 ao tráfico.
Parentes das vítimas contaram que os traficantes iniciaram as ameaças à família na semana passada, em plena rua. “Eles só não mataram Ana Cristina na hora porque ela estava com o bebezinho dela, de um ano e seis meses, no colo”, disse Rosana Batista, 56, cunhada da mulher. Segundo ela, assim como o filho de 12 anos, Ana Cristina também é dependente de drogas desde a adolescência. “Ela já foi espancada e ameaçada várias vezes por conta dessas dívidas. Uma vez, apanhou grávida de Vitória”, completou. Depois das últimas ameaças, o garoto estava escondido para não morrer.
A família também informou que o mesmo menino teria se envolvido no assassinato de um morador de rua no Ibura, há dois anos. O homem foi queimado enquanto dormia em um carro abandonado. A irmã mais velha de Vitória, Elaine Cristina dos Santos, 18, lamentava a forma trágica como a criança foi assassinada. “Por que não eu? Ela era uma pessoa boa”, dizia, agarrada a uma foto da irmã.
A desestruturação da família de Vitória era assistida de perto pela pastora Ana Elizabeth Campelo, da igreja frequentada pela menina. “Diante da dependência da mãe, ela assumia todas as tarefas de casa e cuidava dos irmãos. Mas mesmo com esse tipo de vida, a menina não aparentava tristeza”, comentou a pastora. A partir de agora, as crianças deverão ficar com o pai, Wellington dos Santos, que já não vivia com a mãe delas.
Vitória ainda foi levada com vida para a Policlínica Arnaldo Marques, no Ibura, mas não resistiu. A violência praticada contra a criança emocionou os guardas municipais e equipes de plantão na unidade de saúde. “O pai chegou carregando ela nas costas, desesperado. Tinha muito sangue”, comentou o guarda municipal Roberto Cássio dos Santos. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido encontrado. O corpo da criança será sepultado hoje no Cemitério de Santo Amaro.
Mil e quinhentos reais, um notebook e dez parcelas de R$ 200. Foram esses os valores cobrados por um casal ao tentar vender a própria filha, de dois anos. Os dois foram presos em flagrante, na noite de ontem, na Estação do Metrô de Jaboatão, quando entregariam a menina a Sandrine Costa Ananias, de 24 anos, de Campina Grande, na Paraíba, que fez a denúncia à polícia.
A estudante de Serviço Social viu o anúncio da criança em uma página do Facebook sobre adoção, a qual costuma entrar para fazer trabalhos científicos. Sandrine Costa estranhou a oferta na rede social e começou a conversar com a mãe, a manicure T.B.P., de 23 anos. Ofereceu-lhe ajuda no valor de R$ 200 para que ela não vendesse a menina. A postagem foi feita na última sexta-feira. A mãe ainda tentou negociar com pessoas de Goiás e do Espírito Santo, além da Paraíba.
“Falei com ela na própria sexta e, no domingo, ela voltou a falar comigo querendo fechar negócio. Afirmou que um casal teria ofertado R$ 5 mil. Eu disse que não tinha esse valor. Ofereci R$ 1,5 mil, um notebook e inventei que pagaria o restante em dez vezes de R$ 200. Ela aceitou. Então procurei o Ministério Público e a Polícia Civil da Paraíba para denunciar”, contou Sandrine.