A morte cada vez mais perto

Um em cada três brasileiros teve amigos ou parentes assassinados. O dado foi revelado pela pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo o estudo, divulgado nessa segunda-feira, cerca de 50 milhões de brasileiros maiores de 16 anos perderam uma pessoa próxima vítima de homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte).

O índice dos que tiveram familiares ou amigos mortos violentamente é maior entre os negros, 38%, enquanto entre os brancos é de 27%. O levantamento mostra ainda que 12% da população maior de 16 anos, cerca de 16 milhões de pessoas, tiveram alguém do circulo afetivo morto por um agente de segurança, policial ou guarda municipal. Entre os jovens, de 16 a 24 anos, esse percentual chega a 17%.

Violência tem deixado a população aterrorizada. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O levantamento revela ainda que foram vítimas de ferimentos com armas de fogo 4% dos entrevistados, o que representa na projeção populacional de 5 milhões de indivíduos com mais de 16 anos. As vítimas de facas e outras armas brancas somam 8%, ou 10 milhões de pessoas. Além disso, 12% dos ouvidos disseram ter sofrido ameaças de morte.

Quase todos os que responderam à pesquisa (94%) acreditam que o índice de homicídios no Brasil é muito alto e 96% acham que todas as esferas de governo precisam se unir para reduzir a violência. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que também é elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registradas 58.383 mortes violentas no Brasil em 2015. Para a pesquisa, foram ouvidas 2.065 pessoas em 150 municípios de 3 a 8 de abril.

Da Agência Brasil

Padrasto de Alice Seabra ficará dez dias em isolamento no Cotel

Preso no isolamento, em uma cela do Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, Gildo Xavier, 34 anos, assassino confesso da enteada, Maria Alice Seabra, não recebeu nenhuma visita de parente ou advogado. Segundo a direção da unidade, ele aparentou traquilidade, falou pouco, dormiu bem e fez todas as refeições no primeiro dia de sua nova vida.

Gildo ainda não recebeu visita de parentes. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Gildo ainda não recebeu visita de parentes. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Após os dez dias de isolamento, ele será encaminhado ao pavilhão de segurança onde estão os presos de maior periculosidade ou dos crimes que tiveram grande repercussão na imprensa. Entre eles está o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, 55 anos, apontado como mandante do assassinato do promotor de Itaíba, Thiago Faria.

De acordo com o diretor do Cotel, Josafá Reis, a preocupação em deixar Gildo em cela isolada é para garantir a segurança dele. “Após o período de isolamento ele ficará na unidade de disciplina, onde as celas são individuais, devido à natureza do crime. O provável é que ele permaneça nesse pavilhão até ser julgado”, explicou. O pavilhão de disciplina conta atualmente com 19 detentos. Eles não têm contato entre si. Ficam em celas individuais.

Nos primeiros dez dias de isolamento, antes da transferência para o pavilhão, o detento não tem direito a visita ou banho de sol. A cela tem apenas uma cama e um vaso sanitário. Na sua primeira noite, antes de dormir, Gildo Xavier jantou sopa com pão. Pela manhã, o café da manhã teve pão e papa e o almoço arroz, carne e feijão. “Essa é a refeição de todos os detentos”, disse o diretor.

Enquanto o assassino confesso tenta se adaptar à sua nova rotina, a vida que ele deixou para trás ainda está longe de se refazer. Três becos dão acesso à casa onde a família mora, na Vila Tamandaré, no bairro da Estância. Pelo pouco espaço e proximidade das casas, os vizinhos se conhecem bem.

Famílias penam para visitar parentes no Cotel, em Abreu e Lima

Durante essa semana, o Diario de Pernambuco publicou a série de reportagens #NaportadoCotel da repórter Marcionila Teixeira, que revela o drama das famílias que são obrigadas a passaram horas numa fila que vara a noite e a madrugada do sábado para visitarem seus parentes presos no Centro de Triagem de Abreu e Lima todos os domingos. A reportagem também está disponível num hotsite que está disponível no portal do Diariodepernambuco.com.br. Acompanhe o vídeo feito na frente do Cotel. As imagens são da fotógrafa Bruna Monteiro.

Famílias sofrem para liberar corpos dos parentes no IML

Desde cedo, parentes de pessoas que foram vtimas de mortes violentas no Grande Recife sofrem na recepção do Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, para liberar os corpos para sepultamento. Algumas pessoas chegaram ao órgão às 7h e apenas depois das 11h conseguiram a documentação para providenciar o enterro.

Familiares das vítimas sofrem à espera dos corpos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A/Press

Um mototaxista que preferiu não ter o nome publicado estava com mais três familiares para tentar liberar o corpo do sobrinho que foi assassinado na noite desse domingo. “Estamos aqui desde 7h30 e até agora está faltando a médica assinar o atestado. Isso é um absurdo. Todo mundo aqui já está sofrendo muito e chega no IML ainda tem que passar por uma situação dessas”, reclamou.

Segundo funcionários das funerárias das proximidades do IML, quase todas as segundas-feiras está havendo a demora na liberação dos corpos. “Isso tem sido uma coisa frequente. E agora os agentes funerários estão proibidos de entrar no IML. As famílias têm que resolver tudo sozinhas. Colocaram um policial na portaria do instituto apenas para barrar nossa entrada”, revelou um agente funerário.