Do Diario de Pernambuco, por Raphael Guerra
A promessa da prefeitura de transformar os Torrões, Zona Oeste, no modelo de combate à criminalidade ainda não foi cumprida. Um ano e meio após a Secretaria de Segurança Urbana anunciar o projeto, que traria uma série de melhorias ao local, moradores relatam que muitos problemas continuam sem solução, como pontos de tráfico de drogas, prostituição, bares improvisados e som alto durante a madrugada.
Quem chega à comunidade de Roda de Fogo, principal do bairro, se assusta com a desorganização. O Diario esteve lá em maio de 2013. Na última semana, a reportagem flagrou os mesmos problemas. Barracos nas calçadas, ferros-velhos na praça, carros estacionados irregularmente. Para completar, o canal está cheio de lixo. Ao lado dele, há barracas de comidas.
O comerciante Antônio Barros, 54, é um dos insatisfeitos. “À noite, na praça, há muitos viciados e prostituição. Não podemos sair. O quintal da minha casa amanhece com fezes e urina.” Outra crítica é a falta de espaços de esporte e lazer. A prefeitura havia prometido para outubro de 2013 a inauguração do Centro Comunitário da Paz (Compaz), na Abdias de Carvalho, com quadras, biblioteca e espaços para crianças. A abertura já foi adiada três vezes.
A doméstica Clenira Correia, 47, conta que outro problema é a falta de assistência aos jovens. Ela tem um filho de 21 anos e uma filha de 24, ambos desempregados. “No fim de 2013, fizeram um cadastro, mas até hoje eles não foram chamados.” A Secretaria de Segurança Urbana havia prometido mapear os adolescentes e adultos que não estudam nem trabalham para encaminhá-los a supletivo, agência do trabalho e capacitação.
Secretaria alega falta de verba
Entre janeiro e julho, o bairro teve oito assassinatos. No mesmo período de 2013, foram seis. O secretário-executivo de Segurança Urbana, Eduardo Machado, diz que ações foram planejadas, mas ainda não colocadas em prática. Um dos problemas, segundo ele, é o Ministério do Planejamento liberar verbas de R$ 500 milhões.
“Temos três obras importantes. Uma é o mercado que vai abrigar 50 comerciantes retirados de cima do canal. Eles foram encaminhados a capacitação no Sebrae. Outra obra é a creche-escola em construção”, citou. A outra ação é a EcoEstação – ponto de recebimento de resíduos, metralhas, móveis e materiais recicláveis.
Sobre o lixo acumulado, a secretaria informou que, em novembro passado, removeu 469 toneladas e, em agosto deste ano, mais 395 toneladas. Em relação à saúde, está em construção uma Upinha Dia, e a Unidade Básica passa por reformas.
Quanto ao tráfico e à violência, o 12º Batalhão da Polícia Militar informou que a localidade tem viatura da Patrulha do Bairro, Polícia Amiga e posto policial. Denúncias podem ser feitas 3183-5392.