Polícia Civil decreta greve e deve parar no Sábado de Zé Pereira

Às vésperas da abertura do carnaval, policiais civis reunidos em assembleia ontem à noite decidirem decretar greve por tempo indeterminado. Eles acusam o governo do estado de não ter cumprido acordo firmado em dezembro do ano passado. A assembleia convocada pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) lotou o auditório da sede da entidade. A decisão foi pela paralisação das atividades a partir da 0h do Sábado de Zé Pereira, dia do desfile do Galo da Madrugada, após cumprimento do prazo legal de 72 horas.

Policiais farão passeata nesta quinta-feira. Foto: Sinpol/Divulgação
Policiais farão passeata nesta quinta-feira. Foto: Sinpol/Divulgação

Segundo o Sinpol, o acordo vinha sendo cumprido apenas parcialmente. Mas o clima de revolta é atribuído ao fato de o estado não ter encaminhado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) no início do período legislativo o projeto de lei para reformulação do Plano de Cargos Carreiras e Vencimentos (PCCV) da Polícia Civil, alterando as faixas de progressão de 1,5% para 2%, que poderia vigorar no mês de abril.

“Decidimos pela greve e uma passeata até o Palácio do Campo das Princesas”, enfatizou o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros. A passeata está programada para as 15h desta quinta-feira, saindo da sede do sindicato, na Rua Frei Cassimiro, 179, em Santo Amaro, região central do Recife.

O Sinpol informou que vai cumprir a exigência de 72 horas de comunicação da greve, adiantando que todos os serviços serão paralisados excetuando o registro de flagrantes nos plantões. Os serviços essenciais serão mantidos considerando a garantia de 30% do efetivo que é de 5,3 mil agentes, escrivães e auxiliares de legistas. A Secretaria de Administração informou que somente se posicionará quando for oficialmente informada.

Polícia Civil de Pernambuco divulga nota em resposta à ADEPPE

A Polícia Civil de Pernambuco enviou nota ao blog em reposta à nota divulgada pela ADEPPE. Confira a nota na íntegra abaixo:

A Polícia Civil de Pernambuco, em razão das afirmações do presidente da ADEPPE (Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco) vem, através desta, reafirmar o respeito e a observância das prerrogativas e das garantias funcionais dos delegados de polícia, garantindo-lhes a autonomia necessária ao exercício da missão constitucional, ressaltando o compromisso institucional na viabilidade dos meios necessários ao pleno exercício dessas atribuições, com vistas à excelência na prestação dos serviços públicos. Neste diapasão, é inegável os avanços ao longo dos últimos oito anos na atuação da Polícia Judiciária Estadual, mormente no esclarecimento dos crimes violentos letais intencionais que atingem o maior bem jurídico, a vida. Essa significativa mudança na forma de atuar é atribuída, grande parte, à inserção da inteligência policial que redefiniu nossa atuação, influenciando positivamente os três níveis – estratégico, tático e operacional. As Operações de Repressão Qualificada, com assessoria dos órgãos de inteligência, constituíram-se ferramenta eficaz no combate às organizações criminosas, por vezes, desarticulando toda associação com encarceramento dos seus integrantes e na robusta produção de provas. Por este motivo, a decisão de atuar no moldes da intervenção qualificada retromencionada, é faculdade exclusiva da autoridade policial que preside as investigações, cabendo a instituição garantir-lhe as condições necessárias para o desenvolvimento e a conclusão. A Polícia Civil de Pernambuco, no cumprimento do dever legal, não medirá esforços na garantia da manutenção dos seus serviços, sobretudo, no funcionamento das unidades de plantão. A política estadual de segurança, denominada Pacto pela Vida, reconhecida internacionalmente como uma das melhores práticas de gestão da segurança pública no mundo, com reconhecimento internacional traduzido em duas premiações distintas, uma delas concedida pela ONU, “Melhoria dos Serviços Públicos” e outra pelo BID como o comenda “GOVERNARTE”, a arte do bom governo, não pode ser  avaliada como uma simples política de encarceramento, ressaltando-se, ainda, sua legitimidade no processo de construção, aferida através de uma ampla consulta popular.