Taxa de homicídios de mulheres negras é mais que o dobro da de mulheres brancas

Da Agência Brasil

A taxa de mulheres negras vítimas de homicídios no país é mais que o dobro da de mulheres brancas. Para cada 100 mil habitantes, o número é de 7,2 e 3,2 respectivamente. Os dados estão no Diagnóstico dos Homicídios no Brasil: Subsídios para o Pacto Nacional pela Redução de Homicídios, divulgado nessa sexta-feira pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça.

Perfil etário das vítimas - mulheres negras

O documento foi elaborado para subsidiar políticas públicas de combate à violência em conjunto com os estados e municípios como parte de um pacto para reduzir as mortes violentas em 81 localidades que concentram cerca de 50% do total de homicídios dolosos registrados no Brasil.

É na faixa etária dos 15 aos 29 anos que está a maior parte das vítimas mulheres. Para as jovens negras, a taxa de mortes violentas é de 11,5 por 100 mil habitantes, enquanto para as jovens brancas é de 4,6. Os dados são do último levantamento do Datasus, de 2013.

De acordo com a publicação, os homicídios de mulheres estão relacionados a causas e fatores de risco diferentes dos homens. No caso deles, os homicídios parecem estar mais relacionados à participação em gangues, envolvimento com drogas e conflitos interpessoais. As mulheres são vítimas de questões relacionadas a conflitos familiares e têm como algozes, na maioria das vezes, os seus parceiros.

Perfil etário das vítimas - mulheres brancas

A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, disse que os dados levantados pelo diagnóstico servirão para definir metas e ações voltadas para a redução da criminalidade e do número de homicídios no país. “A partir dessa pesquisa, vamos buscar, focalizar, ações não só de polícia para dentro das áreas críticas. Nossa meta a ser atingida é reduzir cerca de 5% ao ano [o número de homicídios]”, disse Regina Miki

Negros e jovens

Ao tratar dos perfis de vulnerabilidade e vitimização no país, o relatório mostra que os negros – somatória de pretos e pardos, segundo o Censo 2010 – representam 50,7% da população do país e corresponderam a 72% das mortes por agressão. A de brancos e amarelos, o número é de 26%.

Os jovens com idade entre 15 e 29 anos estão no topo da pirâmide das mortes causadas por homicídio no país. O percentual de assassinatos dessa parcela da população chega a 52,9% do geral, de acordo com o Datasus, do Ministério da Saúde. Quando os dados sobre os jovens são desagregados por cor/raça, é possível ver a concentração de mortes para os jovens negros, cuja taxa por 100 mil habitantes é de 79,4. Para os jovens brancos, ela é de 26,6.

Recife espera seguir exemplo do estado na redução de homicídios

Em 2007, a capital pernambucana contabilizava uma média de 68 homicídios para cada 100 mil habitantes. Seis anos depois, a taxa caiu para 38. Com a criação do programa Pacto pela Vida do Recife, porém, a prefeitura lançará uma meta ainda mais ousada. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana garantiu que vai trabalhar para reduzir os índices a 10 mortes para cada 100 mil habitantes – conforme preconiza a Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo precisa ser atingido até o final de 2016, quando chega ao fim a gestão do prefeito Geraldo Julio. Nos primeiros quatro meses deste ano, Recife já obteve uma redução de 21,8% em relação ao mesmo período de 2012 – um dado relevante se comparado com a média do estado, que conseguiu uma queda inferior a 6%.

Desde a criação do Pacto pela Vida, a meta é de queda anual de 12%, mas, nos últimos dois anos, houve oscilações mensais e a Secretaria de Defesa Social não conseguiu cumprir o objetivo. “Estamos trabalhando com o setor de inteligência para desarticular as organizações criminosas e com a polícia preventiva, presente nos bairros e comunidades. Vamos lutar para atingir a meta até dezembro”, afirmou Wilson Damázio.

Confiança

Moradora do bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, a técnica de laboratório Ana Lúcia Gomes, 54 anos, se diz confiante com os resultados do Pacto pela Vida. Ela também destacou como principal ponto positivo o reforço no policiamento nos bairros.   “Estamos nos sentindo mais seguros graças às prisões”, destacou.

Entre as ações que serão implementadas pela Prefeitura do Recife estão o reforço na iluminação pública, a interação da Polícia Militar com a guarda municipal e a criação de mais espaços de lazer nas comunidades. O Pacto Pela Vida do Recife começou a ser construído em parceria com a sociedade no dia 6 de abril, durante a Consulta Pública realizada no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, na Madalena.

Do Diario de Pernambuco