Depois de promover um final de semana de congresso sob o Viaduto Capitão Temudo, no Coque, bairro de São José, os integrantes da Ação de Rua e Cultura Alternativa (Arca), igreja que surgiu em 1999 a partir da ideia de cinco skatistas do Recife, deixaram a comunidade com a sensação de dever cumprido. Além disso, uma praça toda montada de materiais recicláveis foi entregue para o lazer dos moradores da comunidade, que já foi considerada uma das mais violentas do Recife. Durante o evento foram debatidos temas como violência contra a mulher e contra a criança, violência e exploração sexual infantil, violência urbana, além de fé e política.
O encontro foi aberto ao público e gratuito e teve ainda apresentações artísticas, culturais, bazar e uma feirinha com a comunidade. A auxiliar de serviços gerais Edjane Maria da Silva, 34 anos, participou do congresso e aprovou a iniciatava da Arca em montar a praça. “O evento foi uma coisa muito boa para todos nós. É muito importante isso que a Arca está fazendo aqui. A praça ficou uma maravilha. Agora cabe à população preservar esse espaço”, ressaltou Edjane.
A telefonista Simone Batista, 39, também é moradora do Coque. Ontem pela manhã acompanhava a filha e a sobrinha nas atividades do congresso. “Essa iniciativa foi ótima. Tenho quatro filhas e todas elas adoraram a praça que foi montada nesse espaço. Foi um bem muito grande para a população. Eu já inaugurei um dos bancos quando assisti ao culto no sábado”, contou Simone.
A administradora Girlene Correia Braz, 40, faz parte da Igreja Apostólica Viva de Boa Viagem e participou do evento. “Achei muito impactante a escolha do local e o modo como foi feito todo o trabalho na comunidade. Nunca tinha vindo no Coque e não sei se viria se não fosse dessa forma. Todos que participaram da iniciativa irão sair ganhando, os participantes e os moradores da comunidade”, ressaltou Girlene. Na manhã de ontem, banda Sal da Terra fez todo mundo dançar ao som do forró pé-de-serra.
De acordo com Daniel Oliveira, mais conhecido como Caveira, todo o evento foi desenvolvido a partir de doações e parcerias. “Além de todas as discussões de temas que fizemos aqui, tivemos a iniciativa de deixar esse espaço de lazer para a comunidade. Fizemos arquibancadas para assisterem aos jogos, bancos e até mesinhas para a diversão do pessoal. Em todos nossos eventos, montamos um espaço de conviniência. Nesse daqui vamos deixá-lo para a população do Coque”, destacou Caveira, que é pastor e um dos fundadores de igreja.
Arca
A Arca nasceu como o Ministério Skatistas de Cristo e, inicialmente, seus integrantes – uma turma de jovens skatistas e frequentadores da cena underground – encontravam-se nas dependências da Primeira Igreja Batista do Recife, no Centro do Recife. A ideia era reunir pessoas que não se encaixavam em modelos pré-fabricados, mas que desejavam ouvir mensagens da Bíblia. O grupo atua no cenário urbano com trabalhos voltados para alcançar pessoas à margem da sociedade, como os dependentes de drogas.