Conselheiros tutelares em perigo

Uma criança de 8 anos é abandonada sob um viaduto do Recife como castigo por brigar na escola. Em uma creche municipal do interior, meninos e meninas tomam banho com detergente. Histórias como essas são denunciadas diariamente por conselheiros tutelares. Nos últimos três anos, nove profissionais foram ameaçados por suas atuações, segundo a Associação dos Conselheiros e Ex-conselheiros de Pernambuco.

Foto: Hesiodo Goes/Esp.DP/D.A Press
Marli procurou a polícia e a Justiça. Foto: Hesíodo Goes/Esp.DP/D.A Press

Apesar disso, apenas um deles estaria com escolta policial e outro teria sido removido de cidade. O risco é real. Há sete meses, as ameaças feitas a três conselheiros de Poção, no Agreste, transformaram-se em chacina. Na última terça-feira, o pesadelo voltou a rondar a categoria.

Dois conselheiros de Abreu e Lima foram procurados na sede do conselho por homens armados. As ameaças teriam relação com a exoneração de outros dois conselheiros em 2012. A promotora de Justiça Liliane da Fonte vai requisitar à Secretaria de Defesa Social escolta policial para as vítimas. A PM garantiu estar com reforço na área do conselho. A SDS alega sigilo para não confirmar o número de conselheiros protegidos.

Marli Nascimento, 41 anos, sente até hoje as repercussões de uma ameaça sofrida quando atuou no caso do abandono de uma criança sob um viaduto. “O padrasto do menino foi à minha casa e disse que se eu não colocasse uma pedra no assunto eu iria me arrepender”, lembra. Marli não se calou. Procurou a polícia e a Justiça. Hoje o autor das ameaças está proibido de se aproximar dela ou frequentar os mesmos lugares.
Geraílson Ribeiro, da associação, disse que a categoria propôs ao governo, em fevereiro,que a segurança dos conselhos seja feita por policiais militares da reserva, mas o pedido nunca foi atendido.

Cenas de guerra entre torcidas uniformizadas nos Aflitos

Do Superesportes

Mais uma noite de futebol em Pernambuco terminou manchada pela violência das torcidas organizadas. Poucos minutos após o fim do jogo entre Santa Cruz e Paysandu, vencido pela equipe paraense, facções dos dois clubes e do Náutico se encontraram no bairro dos Aflitos, em frente à sede alvirrubra, e protagonizaram cenas de selvageria que provocaram terror entre moradores da região.

Cenário de guerra aconteceu na sede do Náutico. Fotos: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Confusão aconteceu na sede do Náutico. Fotos: Roberto Ramos/DP/D.A Press

As imagens do conflito rapidamente viralizaram graças às redes sociais, e nelas é possível ver uma grande quantidade de pessoas ligadas à Inferno Coral invadindo a sede do Náutico através do portão da Avenida Rosa e Silva. Tudo começou quando a “Terror Bicolor” deixou o Arruda logo após o Paysandu fazer o segundo gol, que lhe daria a vitória. Diversos membros da Inferno Coral, então, perseguiram a facção paraense até a sede do Timbu, que teria sido ponto de apoio para a torcida organizada do Papão ao longo da tarde anterior à partida.

Comércio nos Aflitos teve a porta de vidro danificada
Comércio nos Aflitos teve a porta de vidro danificada

Segundo fontes que estavam presentes na hora do conflito, a quantidade de membros da Inferno Coral era muito superior à das facções de Náutico e Paysandu juntas – uma impressão que também fica clara nos vídeos. O prédio da sede alvirrubra não sofreu maiores danos, mas pelo menos dois carros estacionados no local foram depredados, bem como uma loja do outro lado da rua – esta, tomada por uma enorme quantidade de pedras. Logo chegaram várias viaturas da Polícia Militar, que dissiparam a multidão em direção à Rua da Angustura e gradualmente acalmaram os ânimos.

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Várias viaturas da PM foram acionadas para a ocorrência

Em conversa com a reportagem do Superesportes, o diretor de patrimônio do Náutico, Roberto Andrade, explicou que não foi possível para o clube impedir que membros da Fanáutico, organizada alvirrubra, entrassem na sede. “Alguns membros são sócios e estavam à paisana, não tinha como proibir”, alegou. Perguntado como a Terror Bicolor, do Paysandu, recebeu abrigo no local, Andrade justificou que os paraenses são “parceiros” da facção timbu. E prometeu que, finalmente, serão tomadas providências para impedir que novos incidentes como esse aconteçam. “A partir de agora, vai se tomar providências, proibir de entrar”, afirmou.

Alguns minutos depois do primeiro contato com a reportagem, Roberto Andrade voltou para contar mais detalhes. Ele fez questão de garantir que não partiu do Náutico o apoio logístico à facção do Paysandu. “Na verdade, a Terror não ficou nos Aflitos, eles foram apenas almoçar, ficaram um pouco e foram cedo para o estádio. Voltaram porque eles disseram para a PM que os Aflitos eram ponto de apoio deles, mas não foi o Náutico que deu guarida”, enfatizou.

Apesar da presença de pelo menos uma centena de torcedores no conflito, apenas três torcedores foram conduzidos pela Gaeco à Central de Flagrantes. Segundo o subcomandante do 23º Batalhão da PM, Major Daniel Dias, “a prioridade foi assegurar a integridade física da torcida do Paysandu, que estava em minoria, sendo atacada pela Inferno Coral”. A Secretaria de Defesa Social (SDS) fará coletiva de imprensa às 16h desta quarta-feira para falar sobre as providências a serem tomadas depois desse episódio de violência.