Jaboatão terá fazenda para tratar viciados em drogas

 

O enfrentamento contra as drogas está em pauta mais uma vez. A oportunidade agora é da Igreja Católica, por meio da Arquidiocese de Olinda e Recife. Será inaugurada a primeira Fazenda Esperança da RMR, em Jaboatão dos Guararapes. A instituição trabalha com dependentes químicos de 15 a 45 anos numa ação que envolve trabalho, espiritualidade e convivência. O município doou 30 hectares de terra para a construção da fazenda. O tratamento dura 12 meses e todo o projeto é promovido por voluntários. A proposta é que a fazenda seja masculina, e inicialmente receba 80 rapazes, divididos em quatro casas. Além disso, o espaço contará com uma capela, um refeitório, salas de estudos e uma casa de triagem. Lá, os jovens tem portas e portões abertos para ir e vir a hora que quiserem.

Na fazenda, os jovens lidam com animais e vivem do próprio trabalho. Aprendem ou desenvolvem algum ofício, além de distribuírem artefatos de sua autoria para a família vender. “A Fazenda Esperança mostra o lado social da Igreja Católica. É a difusão do evangelho vivido na prática”, afirmou o coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Josenildo Tavares. A introdução do jovem na fazenda não é totalmente gratuita. Deve ser pago o valor de mais ou menos um salário mínimo, que é convertido na venda dos produtos feitos pelos jovens ao longo do ano, realizada pela família. Quem quiser procurar em Garanhuns pode telefonar para (87) 3762-4661 ou (87) 3761-0594.

A iniciativa é louvável, não há como negar, no entanto, é preciso ainda muito mais para acabar com o problema das drogas em Pernambuco e no Brasil. O crack está acabando com famílias inteiras e o poder público parece ainda não ter acordado para essa realidade. No Recife, meninas estão se prostituindo para sustentar o vício da droga, jovens estão mergulhados numa onda que não conseguem sair e falta mais ação dos gestores para tal problema.

Sinesp começa a funcionar após Dilma sancionar lei

 

Da Agência Brasil

Está em vigor desde a quinta-feira o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp), uma ferramenta com dados atualizados de segurança pública e padronização do registro de ocorrências no país. A lei foi sancionada no dia 4 pela presidenta Dilma Rousseff. O Sinesp vai armazenar e integrar dados e informações de segurança pública, como ocorrências criminais, registro de armas de fogo, entrada e saída de estrangeiros, pessoas desaparecidas, sistema prisional, condenações, penas, mandados de prisão, além da repressão à produção, fabricação e tráfico de crack e outras drogas, bem como apreensão de drogas ilícitas.

O sistema é integrado pela União e por governos estaduais. Os municípios, o Poder Judiciário, a Defensoria Pública e o Ministério Público poderão participar do Sinesp posteriormente. Um conselho gestor será responsável pela administração, coordenação e formulação de diretrizes do sistema. “O integrante que deixar de fornecer ou atualizar seus dados e informações no Sinesp não poderá receber recursos nem celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou ações de segurança pública e do sistema prisional, na forma do regulamento”, diz a lei.

De acordo com o Ministério da Justiça, a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça vai iniciar o processo de desenvolvimento e implantação do sistema em parceria com os entes federados para adequação às novas regras. Posteriormente, um edital será aberto para facilitar a compra de equipamentos e capacitação de profissionais. A ferramenta foi anunciada em fevereiro do ano passado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante a divulgação do Mapa da Violência 2011. A proposta, de autoria do Poder Executivo, foi enviada ao Congresso Nacional como uma das medidas do Programa Crack É Possível Vencer.

Militares brasileiros mergulhados nas drogas

 

Do jornal Estado de Minas

Com fardas imponentes e armas na cintura, eles são treinados para combater o crime, lutar na guerra, salvar pessoas em perigo. A missão nobre, o regime rigoroso de disciplina e uma legislação penal própria extremamente dura, porém, não têm livrado os militares do flagelo das drogas. É crescente o uso de bebida, maconha, pó e pedra nos quartéis. No ano passado, 161 denúncias contra integrantes das Forças Armadas chegaram à Justiça Militar — uma média de 14 por mês. De janeiro à primeira quinzena de junho, foram 56.

O serviço de saúde do Exército encaminhou, de 2010 para cá, 42 usuários graves de crack para internação prolongada. Na Marinha, seis receberam tratamento. A Aeronáutica se recusou a passar informações sobre o assunto. Na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, o tema também é tratado com sigilo. Mas Paulo*, que é PM, e José*, bombeiro, aceitaram conversar com o Estado de Minas. Eles relataram o drama das drogas no mundo militar, as dificuldades e facilidades que a carteira diferenciada traz para um usuário e como estão tentando abandonar o vício.

Prestes a completar 20 anos de Justiça Militar, o ministro Olympio Pereira da Silva Junior, vice-presidente do Superior Tribunal Militar, é taxativo: “Os casos estão aumentando, principalmente com o crack. O que aparece no meio civil, aparece aqui dentro também, não tem jeito”. Ele lembra que, embora praticamente todos os processos sejam de militares com pequenas quantidades de drogas, no Código Penal Militar não existe a figura do usuário. “0,01 grama ou 30 quilos é tudo crime, com reclusão de até cinco anos, podendo haver desligamento da instituição”, explica.

*Nomes fictícios a pedido dos entrevistados

 

José – Bombeiro
“Já deixei minha arma por droga na boca”

Da cerveja socialmente aos porres com bebida destilada, ainda nos primeiros tempos de bombeiro, passaram-se não mais que cinco anos. “Quando vi tinha me tornado um alcoólatra. Levava vodca para o quartel. Faltava ao serviço, os colegas iam me buscar em casa bêbado porque senão era deserção”, conta José. A vontade de parar levou o brasiliense, hoje com 40 anos, a procurar ajuda. Mas, entre uma e outra recaída, ele conheceu a cocaína. Com ela, vieram as piores sensações. “Mania de perseguição, ciúme em excesso, alucinação, paranoia mesmo”, conta.

O medo que ainda havia de perder o emprego foi se dissipando. “Usava cocaína dentro do quartel. Chegou uma hora em que pensei: ‘Se quiserem me reformar, dane-se. Vou usar droga até morrer’.” Enquanto as perdas de José aumentavam — sem mulher, longe do filho, sem dinheiro —, sua noção de limite diminuía. “Já deixei minha arma por droga na boca. Vendi uma TV também. Guardava cocaína no carro, fui parado em blitz bêbado. Era só mostrar minha identificação militar que estava liberado”, lembra. “As pessoas veem a gente como um herói. Então, para os vizinhos e conhecidos, nunca fui o José. Sempre era o bombeiro. Passei a ser o bombeiro que chegava doidão, drogado, bêbado. É difícil pedir ajuda”, diz. Desde março sóbrio, o militar de músculos bem torneados e rosto bonito se mantém firme no tratamento. “Sou um bom profissional, sei que posso chegar a major”, aposta José, com 23 anos na corporação.

 

Paulo – Policial Militar
“Passava cinco, oito dias usando crack direto”

Aos 18 anos, quando vestiu a farda da Polícia Militar do DF pela primeira vez, Paulo combatia a droga por convicção. Somente aos 30, para acompanhar a então mulher, passou para o outro lado. “Foram 10 anos usando cocaína, sem grandes prejuízos. Quando experimentei o crack, vi o fundo do poço. Em cinco meses, estava acabado”, conta Paulo. Com faltas excessivas e sem condições de trabalhar, ele pediu ajuda ao comandante do quartel, que o encaminhou para o Centro de Assistência Social da PM do DF, chamado pela sigla Caso.

Hoje existem cerca de 70 policiais militares sendo tratados no Caso. A PM afirmou que 12% da corporação são dependentes de álcool, segundo estudo de 2008. “Novos levantamentos apontam para um percentual maior”, diz a nota. Paulo não arrisca levantamentos, mas a experiência o leva a uma conclusão grave: “A PM e os bombeiros estão doentes”.

Pai de cinco filhos, o maranhense de 45 anos se lembra com tristeza da época em que fumava a pedra. “Passava cinco, oito dias usando crack direto, sem querer saber de nada. É uma droga miserável. Foi preciso um baque grande, uma traição conjugal, para eu acordar”, afirma. Mais de cinco meses sem consumir, participando de terapia individual e em grupo, além de sessões de musculação para combater a ansiedade, Paulo não se importa com os cochichos e olhares atravessados dos colegas. “Comentam: ‘Esse aí foi internado por causa de crack’. Eu não ligo, o que importa é que estou limpo.”

Denarc de olho no tráfico de pasta base de cocaína

 

O Departamento de Repressão ao Narcotráfico da Polícia Civil (Denarc) divulgou o balanço das suas apreensões de drogas do início do ano até o último dia 22 de junho. Segundo o gestor do Denarc, delelgado Luiz Andrey, o foco principal dos policiais tem sido a pasta base de cocaína. “É partir da pasta base que se produz o crack, por isso investigamos e estamos prendendo e fazendo apreensões junto aos distribuidores e atacadistas”, aponta Andrey. Até agora, um total de 96 kg de pasta base de cocaína foram recolhidos pelo departamento. De acordo com dados da polícia, no ano passado, 261 kg da droga foram retirados de circulação apenas pelo Denarc. “Nosso trabalho visa descobrir quem são os grandes fornecedores e não apenas os pequenos vendedores”, completa o delegado.

Delegado Luiz Andrey, gestor do Denarc, falou sobre as apreensões

Ainda de acordo com o balanço da especializada, até o dia 22 deste mês, foram apreendidos 91 kg de crack prontos para o consumo. No ano passado todo, foram retirados de circulação um total de 84 kg da droga. O que mostra que o trabalho de investigação e combate tem sido mais efetivo. “Após a criação do Denarc, em 2008, conseguimos ter mais resultado nas operações e apreensões de drogas. Isso é o resultado do investimento na capacitação dos policiais e novas tecnologias”, conclui Luiz Andrey.

Neste ano, 96 kg de pasta base de cocaína já foram apreendidos

Um total de 1 kg de cocaína em pó foi apreendido desde o início do ano. Em 2011, esse número chegou a 10 kg. Já quanto à apreensão de maconha, o Denarc afirma que retirou de circulação até o dia 22 deste mês 175 kg do entorpecente. No ano passado, o saldo foi de 888 kg. Quem tiver informações que possam ajudar a polícia a prender traficantes ou fechar pontos de distribuição de drogas no Grande Recife, pode telefonar para o Disque-Denúncia (81) 3421.9595 ou ainda telefonar para o Denarc (81) 3184.3398. A denúncia pode ser feita de forma anônima.

 

 

Prevenção de drogas em cartilhas da Turma da Mônica

 

Da Agência Brasil

 

Nesta terça-feira, quando se encerra a Semana Nacional sobre Drogas, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça irá lançar quatro publicações com foco na prevenção do uso de drogas para adolescentes e jovens de 15 mil escolas públicas do país em parceria com a Maurício de Sousa Produções. As cartilhas, que tratam de álcool, crack e outras drogas, utilizam personagens da Turma da Mônica Jovem e Turma da Tina para alertar pais, educadores e alunos sobre o tema. Trata-se da nova etapa do projeto “Diga Sim à Vida”, que já tem publicações da Turma da Mônica destinadas a crianças. O evento será às 17 horas, no Salão Negro do Ministério da Justiça.

As revistas Turma da Mônica Jovem sobre uso do álcool e crack e outras drogas são direcionadas aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental.  Para o Ensino Médio, as publicações serão ilustradas com personagens da Turma da Tina. Elas serão distribuídas em escolas cujos professores irão participar do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas, oferecido na modalidade a distância pela Universidade de Brasília (UnB). As aulas serão realizadas no segundo semestre deste ano e terão duração de cinco meses.

Concurso Cultural

Durante o evento, a secretária-executiva do Ministério da Justiça, Márcia Pelegrini, e a diretora de Articulação e Coordenação de Políticas Sobre Drogas da Senad, Carla Dalbosco, entregarão os prêmios dos Concursos Culturais A Prevenção do Uso de Drogas é Compromisso de Todos, voltados a ações preventivas nas escolas e na comunidade promovidas pela Senad. Serão 79 premiados, que receberão de R$ 3 mil a R$ 9 mil, a depender da categoria, que inclui cartazes, vídeos, fotografia, monografia e jingle.

 

Covardia acaba sonho de adolescente

 

Do Diario de Pernambuco

 

Durante seus breves 17 anos de vida, ele sempre lutou contra o destino. Filho de uma família pobre, nunca usou sua condição social como argumento para deixar de correr atrás do sonho que vinha construindo desde a infância. Na escola, sempre estava na biblioteca, mergulhado nos livros. A paixão pela leitura e a admiração por aqueles que lhe ensinaram a reconhecer as primeiras palavras despertaram nele a vontade de ser professor.

Era para isso que lutava até que, na sexta-feira, a batalha foi perdida. Enquanto se preparava para ir dar aula, dois homens arrombaram a porta da casa. Estavam à procura de seu irmão mais novo, de 16 anos, envolvido com drogas. Como não o encontraram, não deixaram a “visita” por menos.

Dispararam vários tiros contra o adolescente, que ainda clamou para não morrer, e um outro contra a mãe dele, por ter tentado defender o filho. O crime aconteceu no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife. Na manhã de ontem, no cemitério de Casa Amarela, parentes e amigos despediram-se do “filho querido” e “aluno exemplar”. Sob forte comoção, cobravam justiça pela morte de mais um inocente que teve seu futuro roubado pela violência.

O assassinato aconteceu por volta das 19h da última sexta-feira. Segundo um familiar da vítima, os dois homens, conhecidos como Júlio César e Júnior Eta, bateram na porta da avó do rival, que fica na mesma rua, à procura dele. Como não o encontraram, foram até a casa da mãe do adolescente, onde ele vive com mais quatro irmãos. Chegando lá, arrombaram a porta e foram logo perguntando pelo desafeto.

A mãe dele, que estava com o neto de três anos no braço, implorou para que deixassem a família em paz, mas foi em vão. Foi quando o filho de 17 anos, que tinha acabado de sair do banho e ia se arrumar para sair para dar aula, chegou na sala, perguntou o que estava acontecendo e foi baleado. “Os dois bandidos são daqui do Morro mesmo e já o conheciam, sabiam que o negócio não era com ele. Mas por maldade atiraram assim mesmo para não perder a viagem. São dois covardes”, desabafou um familiar.

Ao vê-lo baleado, a mãe correu para a frente do filho. Sem piedade, os bandidos atiraram no peito da mulher que acabou derrubando a criança no chão. Insatisfeitos, eles ainda continuaram atirando no rapaz. “Foram muitos tiros, uma verdadeira execução”, resumiu o delegado Humberto Ramos, da Força Tarefa da capital, que fez a ocorrência.

Segundo a polícia, os dois suspeitos são ex-presidiários e haviam recebido indulto da Justiça um dia antes. A mãe do rapaz foi levada para o Hospital Otávio de Freitas, onde passou por cirurgia. Seu quadro de saúde é estável.

O pai da vítima estava inconsolável. Ele contou que, na semana passada, os dois tiveram seu último encontro. “Ele me pediu um sapato para ir à escola. Era o orgulho da gente. Por causa do mais novo, que não vale nada, foi embora desse jeito. Ele não merecia morrer e muito menos assim”, desabafou. Por conta do envolvimento do caçula com drogas, toda a família vinha sendo ameaçada pelos traficantes, o que continuou depois do crime. Amigos contaram que a vítima queria se mudar com a mãe, mas não estava conseguindo dinheiro para o aluguel.

O jovem morto cursava o primeiro ano do magistério numa escola estadual no Centro do Recife. Pela manhã e à noite, dava aulas de reforço voluntário, sem receber remuneração, no programa de Educação de Jovens e Adultos numa escola municipal na Macaxeira, Zona Norte, onde estudou desde criança. Os suspeitos estão foragidos, e o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).