Sem conseguir conter violência, governador pede ajuda de prefeitos

Com o crescimento da violência no estado e declínio dos resultados do Pacto Pela Vida, o governo Paulo Câmara pediu a ajuda de prefeitos das 14 cidades da Região Metropolitana do Recife para enfrentar a criminalidade. Na tarde de ontem, ele se reuniu, no Palácio do Campo das Princesas, com 13 prefeitos e secretários de segurança. Apenas o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, não compareceu, mas enviou representante. Estado e municípios concordaram em criar parcerias e estratégias conjuntas para conter a violência. O próximo passo será ouvir os gestores do interior.

Paulo Câmarar se reuniu com prefeitos no Palácio do Campo das Princesas. Foto: Andrea Rego Barros/PCR
Paulo Câmara se reuniu com prefeitos no Palácio do Campo das Princesas. Foto: Andréa Rego Barros/PCR

Durante a reunião, o estado apresentou as ações e os índices do programa de segurança e mostrou como outras políticas sociais de prevenção a crimes, no âmbito municipal, podem ajudar a intensificar o trabalho policial e oferecer mais segurança à população.
“Ouvimos os municípios e estamos dispostos a trabalhar muito juntos. O nosso objetivo é juntar esforços. Tenho a convicção de que a gente tem condições de avançar, potencializar os resultados e fazer parcerias consistentes para a melhoria da segurança pública”, declarou Paulo Câmara.

O governador destacou que os municípios podem contribuir por meio de ações preventivas, como na educação e em programas sociais, ou melhorando a iluminação pública. “São muitas formas, mas vai depender da peculiaridade de cada cidade”, afirmou. O gestor estadual prometeu respostas mais ágeis aos casos de violência registrados em Pernambuco. “Não vamos admitir que a bandidagem queira imperar em nosso estado. Vamos buscar dar respostas mais rápidas e prender quem tem que ser preso.”

No ano passado, Pernambuco registrou 4,4 mil assassinatos. O último mês com estatísticas fechadas foi dezembro de 2016, quando 472 pessoas foram mortas de forma violenta. “Temos o mapeamento de todas as áreas de segurança onde estão acontecendo mais crimes. A partir desse amplo diagnóstico, teremos condições de aprimorar a atuação do efetivo”, pontuou o governador.

O secretário de Planejamento e Gestão e coordenador do Pacto Pela Vida, Márcio Steffani, informou que o estado já está realizando, em parceria com prefeituras e o Corpo de Bombeiros, operações de fiscalização em bares, postos de gasolina e outros estabelecimentos. “Mais de 70 já foram interditados por descumprimento de normas municipais. Ações de fiscalização no trânsito, mais especificamente em relação às motocicletas, que são muito utilizadas em roubos e assaltos, também estão sendo intensificadas.”

O secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, ressaltou que as parcerias vão gerar impactos positivos na atuação dos poderes policiais. “Nós sabemos dos índices de violência e vamos trabalhar junto com os prefeitos e suas equipes para tentar diminui-los.

Carnaval
O governador ressaltou que a equipe de segurança tem se preparado para garantir a tranquilidade dos foliões. “O carnaval está sendo bem planejado. Na próxima semana, a Secretaria de Defesa Social vai anunciar todo o esquema. Mas estamos convictos que demos um passo importante com o projeto de lei que foi enviado à Assembleia Legislativa, que valoriza a carreira (dos policiais militares)”, e mostra nossa preocupação.”

Comandos da PM e dos Bombeiros têm reunião com o governo

Comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros terão hoje uma reunião com o núcleo de gestão do governo do estado, no Palácio do Campo das Princesas, para discutir propostas de aumento de salário e melhores condições de trabalho para a tropa. A pauta também incluirá reivindicações das esposas dos militares, que ontem fizeram uma passeata pela região central do Recife e foram recebidas por uma comissão da administração estadual.

Ontem, mulheres e familiares de PMs fizeram protesto. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP
Ontem, mulheres e familiares de PMs fizeram protesto. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP

Nenhum representante de associações de militares ou bombeiros participará do encontro, mas a expectativa é de que os comandantes discutam vários pontos da pauta das categorias, que entregaram os plantões do Programa Jornada Extra de Segurança (PJES), reduzindo o efetivo nas ruas e levando o governo a solicitar tropas federais.

Ontem, cerca de 300 pessoas participaram da caminhada das esposas, que foi reforçada por PMs e Bombeiros de folga. O grupo foi do Derby ao palácio, onde chegou pouco antes das 18h.

Vestidos com camisas pretas e segurando cartazes, os manifestantes pediam “respeito e dignidade” para as categorias. Uma comissão de quatro esposas e um advogado foi recebida pelo chefe da Casa Militar, coronel Eduardo Pereira, num encontro que durou quase duas horas. Ao fim da reunião, as esposas afirmaram que pediram ao coronel uma mudança imediata no tratamento aos policiais nos batalhões. “A perseguição e as retaliações que os policiais estão sofrendo acabam refletindo dentro de casa, em suas esposas, maridos, filhos. Pedimos que isso acabe”, ressaltou Jane Leite, umas das organizadoras do movimento, e esposa do vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), Nadelson Leite.

Ainda segundo as representantes do comissão recebida no palácio, o governo teria sugerido que para uma abertura de negociações, os militares voltassem a fazer o PJES, o que teria sido negado pela comissão. O estado não se pronunciou após o encontro.

O protesto foi pacífico, mas causou problemas no trânsito em alguns pontos do Centro do Recife. Vias como a Agamenon Magalhães e a Avenida Conde da Boa Vista registraram congestionamentos. “Esse ato é para mostrar para toda a sociedade o que vem acontecendo de absurdo nos batalhões. O policial não é um homem de aço, não é um robô. Eles estão com coletes vencidos, com viaturas sem rádio de transmissão. Os bandidos estão bem mais armados e isso se reflete na sociedade, no medo do cidadão”, comentou a organizadora Verônica Souza, casada com o presidente da ACS, Albérison Carlos.

Ao longo do protesto, alguns familiares de policiais relataram as experiências vividas pelas famílias. “Minha esposa está na PM há dois anos e por pouco não morreu. O local onde trabalha foi metralhado por bandidos, enquanto ela só tinha uma pistola”, declarou um homem em cima do trio elétrico.