Suspeito de matar promotor não participou da reprodução simulada

O agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, 47 anos, que chegou a passar 65 dias preso no Centro de Triagem (Cotel), no Grande Recife, como suspeito de matar o promotor, compareceu à Delegacia de Águas Belas na manhã dessa segunda-feira. Edmacy atendeu a uma intimação para se apresentar aos delegados que investigam o caso, no entanto, se negou a participar da reprodução simulada depois de ter sido informado que a encenação seria feita apenas com base no depoimento de Mysheva Martins.

Familiares de Edmacy acompanharam trabalhos junto aos policiais. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Familiares de Edmacy acompanharam trabalhos junto aos policiais. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

“Eu não posso participar da simulação de uma coisa que não presenciei. Sou inocente desse crime e vou provar isso, como já estamos conseguindo fazer”, afirmou o agricultor, que chegou à delegacia com três advogados e mais de dez parentes. Edmacy é cunhado do fazendeiro José Maria Pedro Rozendo, que, segundo a polícia, foi o mentor do assassinato do promotor Thiago Faria. Ele está com a prisão decretada pela Justiça, mas ainda não foi localizado pela polícia.

O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 10 mil por informações que levem à prisão. Na manhã de ontem, os parentes e advogados de Edmacy e José Maria acompanharam a reconstituição da abordagem ao carro do promotor. Essa cena foi a mais demorada de toda a reprodução simulada. Para que todos os detalhes fossem analisados e fotografados com precisão, o trânsito na PE-300 precisou ser interditado nos dois sentidos por mais de uma hora.

Reconstituição da morte do promotor de Itaíba acontece nesta segunda-feira

Dois meses e nove dias após a morte do promotor de Justiça de Itaíba Thiago Faria Soares, 36 anos, a Polícia Civil e o Instituto de Criminalística (IC) de Pernambuco irão realizar a reprodução simulada do momento do assassinato que segue em investigação, agora pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A reconstituição que será realizada na rodovia PE-300, na manhã desta segunda-feira, no horário aproximado ao do crime, vai ser fundamental, junto com os resultados dos laudos periciais, para a conclusão do inquérito policial.

Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo
Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo

Quatro delegados da PC e seis profissionais do IC, entre peritos, auxiliares e fotógrafo foram escalados para o trabalho. As investigações, que correm sob segredo de justiça, estão sendo conduzidas agora pelos delegados Josineide Confessor e Alfredo Jorge. No entanto, os delegados Salustiano Albuquerque e Rômulo Holanda, que iniciaram as investigações, deverão estar presentes para auxiliar nos trabalhos. A perita criminal Vanja Coelho estará à frente dos detalhes periciais. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) está acompanhando as investigações. A única pessoa que estava presa como suspeito do crime, Edmacy Cruz Ubirajara, 47, foi solto na semana passada por falta de provas.

Thiago Faria foi morto a caminho do trabalho. Foto: Reprodução/Facebook
Promotor foi morto a caminho do trabalho ao lado da noiva. Foto: Reprodução/Facebook

Edmacy, assim como a advogada Mysheva Martins, 30, noiva do promotor assassinado, e o tio dela que estava no carro na hora do crime foram convocados a participar da reconstituição. Porém, os três têm o direito de se recusarem a fazer parte da reprodução simulada. Caso eles não queiram participar, a polícia já tem pessoas que possam substituí-los. O crime aconteceu numa manhã de segunda-feira, como a de hoje, quando a cidade recebe uma grande quantidade de pessoas por causa da feira livre que acontece em quase todas as ruas do município.

Promotor falou com noiva depois de ser baleado e tentou fugir dos assassinos

O promotor de Justiça Thiago Faria Soares, 36 anos, ainda chegou a falar com a noiva Mysheva Freire Ferrão Martins, 30, depois de ter sido atingindo pelo primeiro tiro, na manhã da última segunda-feira, no Agreste do estado. O Diario teve acesso a parte do depoimento da advogada no qual ela relata os últimos momentos vividos pelo promotor antes dele ser baleado outras três vezes e morrer no próprio carro.

Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo
Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo

À polícia, Mysheva relatou que o executor do noivo, o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, que está preso no Cotel, estava sentado na janela do carro com uma arma apontada para a caminhonete importada do noivo, quando fez o primeiro disparo. Segundo ela, o automóvel onde ela estava, juntamente com o tio, vinha na PE-300 a cerca de 70 km/h. Todas as informações serão confirmadas ou não por meio de uma reprodução simulada da execução, que ainda não tenha data prevista para acontecer.

Ainda segundo o depoimento da advogada, ela e o noivo vinham na estrada conversando sobre a festa de casamento deles, que aconteceria no próximo dia 1º de novembro, quando o veículo com os criminosos se aproximou. Um deles começou a atirar contra o carro onde estavam. “Depois de levar o primeiro tiro, no braço esquerdo, o promotor ainda chegou a chamar o nome da noiva. Ela passou a mão atrás da cabeça para ver se havia sido atingida também.

O promotor parou o carro, que chegou a estancar. Nesse momento, Mysheva começou a gritar pedindo para Thiago ligar o carro e acelerar para tentar fugir”, contou um policial que participa das investigações. Enquanto Thiago tentava girar a chave na ignição, Mysheva disse que mexia na marcha para tentar fazer o veículo dar partida. As tentativas foram em vão e os criminosos acabaram se reaproximando do automóvel para concluir a execução.

Polícia aguarda laudo para concluir investigação sobre morte de engenheira

Uma espera angustiante. Há um ano, a família da engenheira civil Alzira Cortez de Souza espera respostas sobre sua morte, que continua cercada de dúvidas. Os familiares suspeitam que o companheiro de Alzira a espancou na casa onde o casal vivia, em Jaboatão, mas as investigações ainda não chegaram a uma conclusão. A engenheira, que tinha 58 anos, morreu após passar dois dias internada no Hospital da Restauração, onde deu entrada como vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Alzira também tinha lesões pelo corpo, que, para a família, foram provocadas pelo homem, um técnico de informática. Na época, os parentes chegaram a registrar um boletim de ocorrência. A Delegacia de Piedade investiga o caso.

Amaro Cortez e família esperam a conclusão. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A. Press
Amaro Cortez e família esperam a conclusão. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A. Press

O laudo do IML apontou hemorragia interna do crânio e sugere que as lesões são compatíveis com as causas jurídicas tanto de homicídio quanto acidente. Vinte pessoas já foram ouvidas e duas reproduções simuladas foram realizadas. “Devolvi o laudo da reprodução simulada ao médico legista, solicitando o esclarecimento de algumas lacunas. O companheiro da vítima já prestou depoimento e afirmou que as lesões foram decorrentes de duas quedas”, informou a delegada Ana Amélia Carvalho.

As dúvidas surgiram porque era preciso descobrir de onde Alzira caiu e de que forma aconteceu a queda. “O ex-marido contou que ela caiu num restaurante e, no dia seguinte, se desequilibrou em seu quarto, enquanto ele dormia. Se as lacunas não forem preenchidas, ficará difícil apontar crime, mas a depender das respostas do IML posso concluir pelo indiciamento por homicídio ou omissão de socorro, já que ele não a levou logo a uma unidade de saúde”, destacou a delegada.

A professora Maria Luiza de Souza Rezende, irmã de Alzira, confirma que a família tem fortes suspeitas sobre o ex-companheiro. O irmão, o desenhista Amaro Cortez, 50, conta que a angústia da família só aumenta. “Continuamos acreditando em espancamento”.

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