Assim como já acontece em Setúbal, na Zona Sul do Recife, vários edifícios localizados no bairro do Rosarinho, na Zona Norte, estão envolvidos num projeto em parceria com a Polícia Militar. Adesivos com as descrições “Propriedade monitorada – Rede de vizinhos protegidos” são vistos em dezenas de condomínios da região.
Ewerton Gayo é síndico de um desses prédios e conta que a comunicação entres os responspáveis pelos edifícios e o comando do 19º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na área, é de grande importância. O projeto recebe ainda o apoio da Prefeitura do Recife e da Polícia Civil de Pernambuco e tem deixado os moradores do local mais confiantes.
“Entrei nesse grupo do WhatsApp em outubro do ano passado, mas o grupo já existia. Somente síndicos e subsíndicos podem fazer parte, o que já traz um certo filtro nas informações. Além disso, o grupo tem várias regras e o comando do batalhão da área faz parte também”, destacou Ewerton. Ainda segundo ele, informações sobre suspeitos de crimes, fotos e filmagens podem ser compartilhadas no grupo.
“Atualmente, existem 79 pessoas no grupo. Com isso, as informações compartilhadas pelos moradores e encaminhadas pelos síndicos ou subsíndicos podem ser avaliadas pelos responsáveis pelo policiamento na localidade”, destacou. “Sei que isso não é garantia de que vamos estar livres de assaltos, mas pelo menos ajuda a diminuir o medo de andar pelas ruas do bairro”, disse um morador do bairro que preferiu não ter o nome publicado.
Moradores da localidade de Setúbal, na Zona Sul do Recife, estão apostando na comunicação direta com a Polícia Militar para tentar reduzir a insegurança na área. Um grupo no aplicativo WhatsApp foi criado no início deste ano para que as informações sobre crimes ou atitudes suspeitas fossem compartilhadas em tempo real. A ferramenta tem agradado a quem vive no local e é vista com bons olhos pelos responsáveis por patrulhar a área.
Vinte condomínios já estão inseridos no projeto. Alguns deles identificados com adesivos que informam “Área vigiada pela comunidade.” Após a troca de informações, residentes de Setúbal dizem que houve mudanças na rotina da comunidade. Uma reunião foi realizada ontem à noite entre comerciantes, moradores da área e o secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti, com a finalidade de discutir outras medidas de segurança.
A advogada Paula Rubia Torres é uma das administradoras do grupo Setúbal Seguro. Ela conta que o meio de comunicação já possibilitou a captura de algumas imagens de situações de crimes que foram encaminhadas para a Polícia Militar. “O Setúbal Seguro nasceu a partir do Coletivo Setúbal (grupo que reúne moradores para realizar ações e debater temas) e tem dado bons resultados. Todos os prédios que estão no nosso grupo têm um celular com WhatsApp na portaria, através do qual os porteiros podem compartilhar o que estão vendo nas ruas dos edifícios em que trabalham. Depois disso, os administradores do grupo ressapam as informações para a polícia”, explicou Paula.
Moradora da Rua Izabel Magalhães, a corretora de imóveis Rosana Melo diz que o grupo tem ajudado muito na comunicação entre os residentes da localidade. “A violência está em todo lugar, e em Setúbal não é diferente. No entanto, com a criação desse grupo, nós passamos a vigiar a nossa região. O objetivo é tornar a moradia em Setúbal uma coisa gostosa. Queremos que o local seja atrativo e desejado também pela questão de segurança”, ponderou Rosana. Síndico do Edifício Montserrat, o jornalista Celso Calheiros promoveu mudanças no prédio para participar do projeto. “Estamos com um telefone com WhatsApp e vamos trocar as câmeras de monitoramento do prédio por equipamentos que possam captar boas imagens no período noturno”, contou.
O subcomandante do 19º Batalhão da Polícia Militar, major Paulo Matos, responsável pelo policiamento na Zona Sul do Recife, ressalta que a troca de informações com os moradores tem sido proveitosa. “Já existem alguns grupos como o Setúbal Seguro desde o início do ano passado. Após uma reunião com moradores da localidade, sugerimos a criação desse canal para que as informações chegassem de maneira mais rápida. Um dos grupos, por exemplo, foi dividido pelos próprios administradores em cinco quadrantes. Dessa forma, as informações são filtradas por eles e depois repassadas para nós. Isso nos ajuda bastante na identificação de suspeitos da prática de roubos em Setúbal”, destacou major Paulo.
Ainda segundo o oficial, o crime mais comum na localidade é o de assalto. “Em todo o ano de 2016, apenas um homicídio foi registrado em Setúbal e aconteceu durante uma reação a um assalto. Os roubos mais comuns naquela área são os de celulares, o que chamamos de catação”, explicou major Paulo. O 19º BPM também aplicou o projeto do comunicação via WhatsApp em Brasília Teimosa, na Rua Dhália, em Boa Viagem, e na rede hoteleira da Zona Sul.
Uma perícia do Instituto de Criminalística (IC) deverá indicar o local de onde partiu a bala que atingiu a vidraça e a porta de um apartamento no bairro do Rosarinho, na madrugada desta sexta-feira. Moradores do Edifício Sítio do Rosarinho, na Avenida Santos Dumont, acordaram assustados com um barulho por volta da 1h. A moradora do apartamento atingido, no quarto andar, chegou a levantar durante a madrugada, mas só percebeu o que havia acontecido pela manhã.
O projétil foi encontrado no meio da sala e estilhaços do vidro quebrado estavam pelo chão do imóvel. O caso foi registrado na Delegacia de Água Fria, mas a dona do apartamento ainda irá à Delegacia do Espinheiro, para fazer a solicitação do laudo pericial. Essa foi a segunda vez que uma bala perdida atingiu o prédio em menos de sete meses.
De acordo com o síndico do edifício, Ewerton Gayo, no primeiro caso, um carro que estava na garagem do edifício teve o parabrisa quebrado. “Da primeira vez que isso aconteceu, uma bala acertou a parede da garagem e depois atingiu o carro de um morador. Isso faz uns sete meses. Registrei um boletim de ocorrência, mas nunca tive retorno nenhum da polícia”, contou Ewerton. No episódio dessa madrugada, a moradora estava sozinha em casa. “Somente pela manhã ela percebeu o que havia acontecido de fato. O caso também já foi registrado na Polícia Civil e vamos esperar que as investigações digam alguma coisa. Uma perícia pode identificar a trajetória da bala”, comentou o síndico do edifício.
Caso Lara
No dia 24 de junho de 2003, a menina Lara de Menezes Albert, 7 anos, foi atingida na cabeça por uma bala perdida quando estava dentro do apartamento onde morava com a família no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul da cidade. No primeiro momento da investigação, o caso era um mistério para a polícia que não sabia de onde teria partido o tiro que feriu a garota. Somente após uma perícia realizada pelos profissionais do Instituto de Criminalística (IC) de Pernambuco ficou concluído que o disparo que atingiu Lara teria partido de um apartamento de um prédio próximo ao dela.
Com base na trajetória da bala e a posição onde a criança estava, os peritos não tiveram dúvidas de que o tiro foi disparado de um prédio a 100 metros. O resultado foi entregue ao delegado responsável pela investigação, que solicitou um mandado de busca e apreensão no apartamento apontado pela perícia. Uma pistola foi encontrada no apartamento onde morava um tenente da Polícia Militar. Ele negou para a polícia que tivesse feito o disparo, no entanto, a comparação balística apontou que o projétil que atingiu a vítima saiu da arma do tenente. O inquérito foi concluído e o autor indiciado.