Filho de suspeito de mandar matar promotor depõe nesta terça

Está marcado para as 15h desta terça-feira, na Delegacia de Águas Belas, o depoimento do advogado Leandro Ubirajara à polícia. Leandro é o filho mais velho de José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o Zé Maria de Mané Pedo, que está sendo apontado pela polícia como o mandante do assassinato do promotor de Justiça, Thiago Faria Saores, 36 anos, morto no último dia 14.

Leandro será ouvido nesta terça à tarde. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Leandro será ouvido nesta terça à tarde. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Leandro seria ouvido nessa segunda-feira, mas o depoimento, segundo ele próprio, foi adiado para esta terça à tarde. Também está previsto para esta tarde a entrada no pedido de revogação de prisão do agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, 47, que está preso apontado como o suspeito de ter afetuado os tiros contra o promotor.

Edmacy é cunhado de José Maria. Esse último está foragido e o Disque-Denúncia está oferecendo uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levem à prisão dele.

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Reunião nesta quarta-feira vai definir novas estratégias na investigação

Uma nova reunião entre os delegados e promotores de Justiça envolvidos nas investigações sobre a morte do promotor Thiago Faria está programada para acontecer nesta quarta-feira. O objetivo é definir os próximos passos que serão dados para elucidar o crime e capturar o suposto mandante, Zé Maria, que ainda está foragido. O Disque-Denúncia oferece R$ 10 mil como recompensa, sob anonimato.

O encontro acontecerá na Delegacia de Águas Belas, onde estão concentradas as investigações. Nessa segunda-feira, apenas um depoimento foi colhido pela polícia. Um borracheiro, cuja identidade está sendo mantida em sigilo, foi convocado a prestar esclarecimentos. Na saída, a testemunha não quis falar com a imprensa.

O promotor Guilherme Castro acompanhou os trabalhos da polícia. Além dele, o promotor Epaminondas Ribeiro Tavares também esteve na Delegacia de Águas Belas. Já a delegada Josineide Confessor voltou à cidade para acompanhar as investigações.

O silêncio no caso do promotor Thiago Faria Soares

Nove dias após a morte do promotor de Itaíba, Thiago Faria Soares, a Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) não querem mais dar qualquer informação a respeito das investigações sobre o assassinato. Segundo os investigadores, a decisão foi tomada em conjunto pela polícia e pelo MPPE, que já solicitaram ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) o sigilo absoluto sobre as investigações.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) encaminhou uma nota informando que em razão da solicitação feita à Justiça pelo presidente do Inquérito e pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) de decretação de sigilo nas apurações do assassinato do promotor Thiago Faria, a partir desta data os integrantes da SDS e dos seus Órgãos Operativos, estão impedidos de darem entrevistas sobre o caso.

Já  o Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que recebeu no início da tarde desta terça-feira o pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para decretar o sigilo nas apurações do assassinato do promotor Thiago Faria. O pedido ainda está sendo analisado pelo juiz Caio Neto de Jomael Oliveira Freire. 

Só não podemos entender como um crime que teve tanta repercussão no estado e foi também notícia nacional venha agora a ser ignorado pela imprensa. E onde fica o direito à informação das pessoas?

Polícia quer saber como noiva do promotor executado sobreviveu

A polícia ainda tem dúvidas de como a advogada Mysheva Ferrão Martins, 30 anos, conseguiu escapar do atentado ao carro onde ela se encontrava, juntamente com o noivo, o promotor Thiago Faria Soares, e um tio, na manhã da última segunda-feira. O promotor foi morto com quatro tiros de espingarda calibre 12, na deserta PE-300.

O diretor de Operações Especializadas da Polícia Civil, Joselito Kerhle, que passou a semana no município de Águas Belas à frente das investigações, confirmou que há dúvidas quanto à dinâmica de como Mysheva conseguiu sobreviver.“Não está claro se deixaram ela fugir ou se ela conseguiu escapar. Esse ponto ainda precisa ser esclarecido”, contou.

Mais uma vez ontem, a noiva do promotor assassinado foi ouvida pelos investigadores (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)

A advogada já foi ouvida quatro vezes pelos investigadores, sendo a última ontem. Ao todo, foram três longos depoimentos e uma conversa informal, em sua casa, em Águas Belas. Ela afirmou que também deveria ter sido executada, caso não tivesse se fingido de morta no momento do crime. De forma confusa, ela também já teria afirmado que pulou do carro quando viu que os matadores, em um Corsa, retornavam após ter disparado o primeiro tiro que atingiu o braço do noivo.

A advogada contou ainda que teria se escondido numa vala, ao lado da pista. “Precisamos ter certeza dessas informações”, disse Kerhle. O tio de Mysheva, que está sendo poupado dos depoimentos por ter problemas de saúde, conseguiu escapar dos tiros sem ferimentos. De acordo com a polícia, Mysheva tem apenas uma escoriação em um dos joelhos.

Missa em memória do promotor será celebrada neste domingo

Será celebrada na manhã deste domingo, na Capela de São Sebastião, no centro de Águas Belas, a missa de sétimo em memória do promotor Thiago Faria Soares, 36 anos, que foi assassinado com quatro tiros de espingarda, na última segunda-feira. A celebração está prevista para as 10h, na igreja que fica a poucos metros da casa de Mysheva Ferrão Martins, noiva de Thiago.

Missa será na capela de São Sebastião. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Missa será na capela de São Sebastião. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Já que Thiago era natural do Rio de Janeiro, é provável que nenhum familiar dele participe da missa. Mysheva e seus familiares devem comparecer à igreja. A celebração será realizada pelo padre Evandro da Silva. Na noite deste sábado, a capela estava lotada de fiéis e alguns deles comentavam sobre a celebração pela alma do promotor. Algumas pessoas, inclusive, disseram que iriam participar. “Estou hoje aqui na missa para pedir o fim da violência em nossa cidade. Amanhã (domingo), estarei aqui novamente”, disse uma dona de casa.

 

Suspeito de mandar matar promotor se reuniu com pistoleiros antes do crime

Uma reunião entre três pistoleiros e o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o Zé Maria, ocorrida 15 dias antes do assassinato do promotor Thiago Faria Soares, além das imagens de câmeras de pontos comerciais de Águas Belas que mostram José Maria e Edmacy Cruz Ubirajara circulando pelo município na manhã do crime, fazem a polícia relacionar diretamente a dupla ao assassinato.

Polícia continua buscando suspeitos. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
Polícia continua buscando suspeitos. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

No entanto, embora a disputa de terra entre o fazendeiro Zé Maria e Mysheva Martins continue sendo a principal linha de motivação para a execução do promotor, a polícia disse que ainda não descartou nenhuma outra possibilidade para o assassinato. Ontem, a Polícia Civil afirmou que existe a possibilidade de Zé Maria, que ainda está foragido, ter sido o motorista do veículo que interceptou o carro do promotor, e de onde saíram os disparos de espingarda calibre 12 que o mataram.

Já as imagens que foram solicitadas de um estabelecimento na PE-300, via onde o atentado ocorreu, foram encaminhadas para o Instituto de Criminalística (IC), no Recife, para serem melhoradas. A polícia informou que elas têm baixa qualidade. Segundo o chefe da Polícia Civil do estado, delegado Osvaldo Morais, através dos depoimentos colhidos até agora, foi constatado que havia vários rumores na localidade de que o promotor seria executado por defender os interesses da noiva.

Promotor falou com noiva depois de ser baleado e tentou fugir dos assassinos

O promotor de Justiça Thiago Faria Soares, 36 anos, ainda chegou a falar com a noiva Mysheva Freire Ferrão Martins, 30, depois de ter sido atingindo pelo primeiro tiro, na manhã da última segunda-feira, no Agreste do estado. O Diario teve acesso a parte do depoimento da advogada no qual ela relata os últimos momentos vividos pelo promotor antes dele ser baleado outras três vezes e morrer no próprio carro.

Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo
Thiago Faria foi executado dentro do próprio carro. Foto: Anônimo

À polícia, Mysheva relatou que o executor do noivo, o agricultor Edmacy Cruz Ubirajara, que está preso no Cotel, estava sentado na janela do carro com uma arma apontada para a caminhonete importada do noivo, quando fez o primeiro disparo. Segundo ela, o automóvel onde ela estava, juntamente com o tio, vinha na PE-300 a cerca de 70 km/h. Todas as informações serão confirmadas ou não por meio de uma reprodução simulada da execução, que ainda não tenha data prevista para acontecer.

Ainda segundo o depoimento da advogada, ela e o noivo vinham na estrada conversando sobre a festa de casamento deles, que aconteceria no próximo dia 1º de novembro, quando o veículo com os criminosos se aproximou. Um deles começou a atirar contra o carro onde estavam. “Depois de levar o primeiro tiro, no braço esquerdo, o promotor ainda chegou a chamar o nome da noiva. Ela passou a mão atrás da cabeça para ver se havia sido atingida também.

O promotor parou o carro, que chegou a estancar. Nesse momento, Mysheva começou a gritar pedindo para Thiago ligar o carro e acelerar para tentar fugir”, contou um policial que participa das investigações. Enquanto Thiago tentava girar a chave na ignição, Mysheva disse que mexia na marcha para tentar fazer o veículo dar partida. As tentativas foram em vão e os criminosos acabaram se reaproximando do automóvel para concluir a execução.

MPPE designou 11 promotores para acompanhar caso de Itaíba

O grupo de promotores de Justiça montado para atuar no inquérito policial do assassinato do promotor de Itaíba, Thiago Faria Soares, foi escolhido a dedo. A equipe reúne especialistas nas áreas criminal, especialmente organizações criminosas, e conflitos agrários, pontos que se destacam nas investigações do crime ocorrido segunda-feira.

Promotor Marcelo Grenhalgh foi transferido de São José da Coroa Grande para assumir Itaíba, onde chegou ontem (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)

Para tratar do inquérito ou de pontos decorrentes dele, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) designou 11 promotores com atuação no estado, em Rondônia e Minas Gerais. Antes mesmo da nomeação, publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, o promotor Marcelo Grenhalgh de Cerqueira Lima e Moraes Penalva Santos circulou ontem em Itaíba. Ele será o titular da promotoria e também atuará na força-tarefa montada para dar celeridade aos processos civis e criminais dos 22 municípios da 5ª Circunscrição Ministerial, no Agreste.

Ao todo, o procurador geral de Justiça Aguinaldo Fenelon designa em três portarias 17 promotores para atuar na região. O trabalho de investigação não individualizado diminui a atenção sobre um promotor como ocorreu aparentemente com Thiago. O promotor assassinado pediu a suspeição no julgamento de 16 processos envolvendo a família da noiva, a advogada Mysheva Martins. Ele, inclusive, seria transferido para Jupi, uma maneira de agilizar tais processos pendentes. Com as nomeações, uma das prioridades será analisar processos envolvendo a família Martins, de forte influência na região.

Revezamento
Dos 17 promotores, 10 vão trabalhar em ações ligadas ao inquérito policiail. Esse grupo inclui promotores do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), que integra o Conselho Nacioanal de Procuradores Geral (CPG). Dois são de Rondônia, Eriberto Gomes Barroso e Otávio Xavier Junior, e um de Minas Gerais, Fábio Galindo Silvestre. Outros sete, onde também está incluído Marcelo Grenhalgh, vão se revezar nos trabalhos nos 22 municípios da região. Esse novo modelo é uma tentativa de deixar mais impessoal o trabalho dos promotores e prevenir ameaças e homicídios.

Do Diario de Pernambuco

Polícia procura mandante do crime contra promotor e outros participantes

Depois da prisão do suspeito de ter atirado no promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Thiago Faria Soares, que foi identificado como Edmacy Cruz Ubirajara, a polícia corre contra o tempo agora para prender o mandante da execução. Segundo a polícia, o suspeito é o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, cunhado de Edmacy.

O homem, identificado como Edmacyr Cruz Ubirajara, foi reconhecido pela noiva da vítima, Mysheva Martins, que estava no carro do promotor na hora do crime. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

De acordo com o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, o crime também teria contado com a participação de mais três atiradores, uma vez que a polícia trabalha com a hipótese de que quatro pessoas estariam no carro que interceptou o veículo do promotor.

“O Edmacyr era alvo da operação desde início da investigação. Ainda na segunda-feira conseguimos chegar até ele, mas ele conseguiu fugir. Na tarde de ontem, o suspeito se apresentou à Delegacia de Águas Belas com um advogado, mas acabou detido, uma vez que já havia um mandado de prisão expedido por crime de roubo. Agora, já foi decretada a prisão temporária do suspeito e a principal testemunha fez o reconhecimento fotográfico dele. O caso está esclarecido. Todo o desenrolar da investigação leva a isso. O mandante já foi identificado e teve o mandado de prisão expedido pela Justiça. Resta apenas identificar outros co-participantes. O preso vai ser reinquerido para dar mais detalhes sobre o caso”, detalhou Damázio, em entrevista à TV Clube.