A polícia que envergonha a todos

As imagens de um policial militar espancando uma mulher dentro de um ônibus no Centro do Recife estão circulando nas redes sociais desde a manhã de ontem. Além de chocantes, as cenas são revoltantes. Um agente da segurança pública, pago pelo dinheiro do povo, é filmado agredindo uma mulher com uma criança no colo dentro de um coletivo. Antes que você se pergunte qual o motivo da agressão, diante de tamanha brutalidade do PM, isso é o que menos importa. Nenhuma situação justificaria um homem agredir uma mulher que está sentada e ainda mais com uma criança no colo.

O que se sabe até o momento é que na noite da dessa terça-feira, a desempregada Viviane Gomes da Silva James pegou um ônibus que fazia a linha Alto José Bonifácio, no Centro da cidade. Como não havia pago a passagem e estava sentada no banco dianteiro, o motorista parou o coletivo nas proximidades da Praça da Independência, para pedir a intervenção da polícia militar. “Eles discutiram um pouco antes. O motorista a mandou descer e ela não quis. Estava com uma criança no braço. Quando os policiais subiram, a confusão começou. Foi quando comecei a gravar”, lembra a operadora de telemarketing, de 20 anos, que preferiu não se identificar.

 

Imagens foram feitas por uma passageira. Foto: Divulgação
Imagens foram feitas por uma passageira. Foto: Divulgação

O que se vê nas imagens é uma troca de gritos entre o PM e a mulher, que não chega a ser vista nas imagens. “Eu sei meus direitos. Não vou descer. Não me empurra”, dizia a mulher. A discussão é praticamente encerrada quando o policial dá um tapa na jovem. Na tentativa de revidar, ela acaba acertada por um murro e ouve-se o grito de seu filho, um menino de três anos. Os passageiros, atônitos, reclamam e se movimentam, mas não intervêm. “Todo mundo teria medo. Fiz questão de fazer o registro. Isso não pode ficar assim”, conta.

De acordo com a polícia militar, o flagrante representa uma conduta grave, que não corresponde aos fundamentos da corporação. O vídeo foi encaminhado ao setor de Inteligência para que os envolvidos sejam identificados. “Depois de identificado, o policial pode ser punido desde uma suspensão administrativa até a exclusão da corporação, dependendo da gravidade verificada e do relato da vítima”, disse a PM em nota.

Tomara que o setor de inteligência da PM não demore muito para identificar o PM agressor. Creio eu que nem será preciso tanto esforço para tal. Basta saber com o 16º Batalhão, que faz a segurança do Centro, quais os policiais que estavam de serviço na noite da terça-feira nas imediações do ponto onde aconteceu a agressão. A população está esperando essa resposta e nós também.

 

Protesto e desrespeito na Boa Vista

Um policial militar que estava de serviço no Centro do Recife nessa segunda-feira foi alvo de uma atitude desrespeitosa, que partiu de manifestantes que diziam estar protestando por melhorias para os comerciantes informais da Avenida Conde da Boa Vista. O militar foi atingido por uma tinta branca no rosto e nas costas no momento em que teria abordado pessoas que estavam pichando portas e fachadas de lojas com a frase Não vai ter Copa.

Militar foi . Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Militar foi melado de tinta . Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

A imagem, que circulou na internet durante todo o dia de ontem e está nas capas do jornais desta terça-feira é um retrato da falta de educação do brasileiro. Como alguém pode dar crédito a uma pessoa que protesta quebrando e incendiando ônibus, destruindo o patrimônio público e privado, saqueando lojas e agora sujando policiais de tinta?

A agressão aconteceu durante um protesto realizado por comerciantes ambulantes, que cobram a construção de um shopping popular na Conde da Boa Vista. O gesto foi repudiado pelo presidente do Sindicato dos Comerciantes Informais de Pernambuco, Severino Silva, que reforçou, no carro de som, o tom pacífico da mobilização.

Pernambuco ganha mais uma unidade da Funase

Um dia depois de ter sido denunciada à Organização das Nações Unidas (ONU), a Fundação de Atendimento Socioeducativo de Pernambuco (Funase) ganhou mais uma unidade para recuperação e tratamento de jovens. Nesta quarta-feira, o governo do estado inaugurou o Centro de Atendimento Socioeducativo de Pernambuco (Case), em Vitória de Santo Antão.

Unidade foi inaugurada  nesta quarta-feira. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Unidade foi inaugurada nesta quarta-feira. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

Outros cinco equipamentos nos mesmos moldes estão sendo instalados no estado, totalizando um investimento de quase R$ 80 milhões. A solenidade contou com a presença do secretário estadual da Criança e Juventude, Pedro Eurico, e do prefeito de Vitória, Elias Lira.

Com investimentos de 13,7 milhões, o novo centro tem uma área total de 26 mil metros quadrados, sendo 4,1 mil de área construída, com capacidade para abrigar até 72 adolescentes e jovens do sexo masculino. “Temos um desafio importante que é fechar a torneira da produção de jovens para esse equipamento. Espero um tempo novo, em que não se precise de um ambiente como esse. Enquanto isso, os seis centros são um passo importante para acolher a juventude que precisa reconstruir suas vidas”, disse o governador.

Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

Além de seis casas com quatro dormitórios cada, o espaço abrigará uma escola estadual com duas salas de aula, um ambiente voltado ao aprendizado da informática e uma biblioteca. Eduardo apontou a educação como saída para o problema. “A evasão escolar é uma fábrica de clientes para a Funase. Estamos cheios de histórias dessas aqui. Pernambuco conseguiu reduzir a evasão escolar. O esse projeto pedagógico é fundamental porque queremos que esses jovens encontrem dentro de si suas potencialidades e talentos para recomeçarem suas vidas”, ressaltou.

O espaço conta ainda com duas salas para oficinas de formação no Case, três campos de areia, uma quadra coberta e espaço para encontros ecumênicos. Para o procurador-geral de Justiça do Estado, Aguinaldo Fenelon, esse estímulo à educação é fundamental. “Uma das maiores causas da violência neste País é a evasão escolar. São as crianças e jovens que abandonaram as escolas que precisam desses centros”, explicou Fenelon.

Da Assessoria de imprensa do governo do estado

Empresariais do Centro do Recife são alvos de bandidos

 

Do Diario de Perambuco

Comerciantes e moradores de dois dos mais importantes prédios da Avenida Conde da Boa Vista convivem com uma rotina de assaltos. As investidas têm ocorrido no Edifícios Duarte Coelho, que abriga o Cinema São Luiz, e no Empresarial Pessôa de Melo, do outro lado da via. Nessa terça-feira, os bandidos fizeram mais uma vítima: uma cabeleireira que trabalha no empresarial há mais de 40 anos. A Polícia Civil chegou a prender dois assaltantes na semana passada, mas isso não foi suficiente para conter a onda de violência.

Pessôa de Melo voltou a ser alvo de bandidos ontem, quando cabeleireira foi abordada por uma dupla (ANA CLAUDIA DOLORES/DP/D.A PRESS)

Assalto aconteceu no Pêssoa de Melo. Foto: Ana Cláudia Dolores/DP/D.A/Press

Segundo a polícia, os criminosos agem em dupla, portando armas e em pleno horário comercial. As vítimas geralmente são pequenos comerciantes ou profissionais liberais que trabalhem sozinhos, por  terem poucas chances de defesa. Foi o caso da cabeleireira de 53 anos que há 45 trabalha no segundo andar do empresarial. Ela pediu para não ter seu nome revelado. Por volta das 12h de ontem, dois homens aproveitaram que uma cliente estava saindo do salão de beleza e entraram no local. “Eu estava de costas fazendo o cabelo de uma cliente quando um deles mandou que eu ficasse parada e não olhasse para trás. Pensei que fosse uma brincadeira, mas logo senti um objeto na barriga e percebi que era um assalto”. A dupla levou celulares, relógios, alianças e R$ 350 em dinheiro da profissional e da cliente.

Quando saíram do salão, os bandidos tentaram assaltar um consultório odontológico no primeiro andar. “Eles chegaram a forçar a porta, mas viram que estava difícil e desistiram”, contou um técnico em odontologia de 25 anos que trabalha no local. Há dois meses, o consultório foi alvo de outra dupla, que levou objetos e dinheiro de três funcionários e dois pacientes e trancou todos no banheiro. “Primeiro, veio um se passando por paciente e, em seguida, chegou o comparsa e os dois fizeram o assalto. A gente não se sente seguro aqui. Há câmeras na portaria, mas não funcionam”, reclamou.

O Diario procurou a administração, mas os empregados não estavam autorizados a informar o telefone do síndico. Um deles negou que tivesse ocorrido um assalto, dizendo que se tratou de uma briga de vizinhos. Ele disse que as câmeras estariam em processo de modernização. A falta de segurança também predomina no Duarte Coelho. Na semana passada, um escritório foi assaltado de forma semelhante ao caso do salão de beleza. O Diario tentou falar com o síndico, mas a ligação não foi atendida. Nos dois edifícios, não há controle de entrada. Ambos já foram nobres endereços comerciais do Centro, mas hoje estão sucateados e desprotegidos.