Polícia fará reconstituição da morte de menino que caiu de prédio

Polícia Civil deverá fazer, nos próximos dias, uma reprodução simulada para entender como aconteceu a queda que resultou na morte de uma criança de seis anos que caiu do 21º andar de um prédio em Boa Viagem, na Zona Sul, do Recife, na tarde de ontem. Já na tarde desta terça-feira, os pais de Matteo Melaragni, 6 anos, um casal de italianos, vai prestar depoimento na Delegacia de Boa Viagem.

Delegado Carlos Couto falou hoje sobre o caso. Foto: Wagner Oliveira/DP
Delegado Carlos Couto falou hoje sobre o caso. Foto: Wagner Oliveira/DP

A tela de proteção do quarto de onde caiu o estudante do edifício Sun Park, do condomínio Evolution Park Shopping, em Boa Viagem cedeu, mas estava intacta e sem cortes. Além disso, o delegado responsável pelo caso, Carlos Couto, afirmou que irá solicitar uma perícia complementar para apontar a causa do acidente e as condições da rede de proteção. Informações preliminares revelam que uma das partes da rede não estaria encaixada num gancho.

Morte aconteceu no Edifício Sun Pak. Foto: Rafael Martins/ Esp. DP
Morte aconteceu no Edifício Sun Pak. Foto: Rafael Martins/ Esp. DP

No entanto, para a Polícia Civil, a hipótese de acidente é a mais provável para a morte do menino. Só o resultado da perícia feita pelo Instituto de Criminalística (IC) no local, porém, confirmará se os ganchos da rede de proteção apresentavam falhas.

“Eventualmente foi uma falha na rede de proteção instalada no quarto onde o menino estava. A mãe estava em casa, juntamente com o outro filho pequeno. Ela teria colocado Matteo para dormir e foi para a cozinha quando foi surpreendida por uma ligação do porteiro, que interfonou avisando que o menino estava lá embaixo. Posso dizer que a tela do cômodo estava intacta. Boatos que circularam no Whatsapp afirmavam que a tela estava cortada, mas essa informação não procede. ”, disse o delegado.

A família de Matteo morava há dois anos no apartamento 2104 da torre Sun Park do condomínio localizado na Rua Padre Carapuceiro. A queda aconteceu por volta das 15h de ontem. O corpo do menino foi encontrado entre palmeiras no gramado do prédio. “Uma equipe do Samu esteve aqui e médicos do Shopping Recife também vieram e tentaram reanimar o menino, mas ele já estava sem vida”, disse uma testemunha que não quis ser identificada.

A mãe dele, a italiana Roberta Valente, estaria em casa. O irmão mais novo, de 4 anos, também estaria no apartamento. A provável última foto de Matteo foi postada no Facebook pela mãe às 8h42 de ontem. Na imagem, o menino aparece sentado em um sofá, ao lado do irmão mais novo e de um boneco do herói Homem de Ferro. Na legenda, a mãe escreveu “Que vida!” em italiano.

Moradores do condomínio contaram que a notícia da queda do menino foi dada aos pais pelo porteiro do prédio. “Um dos moradores viu que ele tinha caído e comunicou ao porteiro, que interfonou para o apartamento”, contou a empresária Julianne Luna, 29. Outro morador, que não quis se identificar, disse que o pai de Matteo, Marco Melaragni, chegou ao condomínio de moto. “Nunca vi uma pessoa descer tão rápido de uma moto. Ela ainda estava em movimento quando ele se jogou dela e começou a gritar. Os gritos e o choro duraram uns dois minutos”, relatou.

O pai do menino é funcionário do grupo Fiat Chrysler Automobiles e veio ao Brasil para implantar a fábrica de Goiana, Mata Norte do estado. A família retornaria à Itália em julho. Enquanto a equipe policial estava no prédio, Marco desmaiou duas vezes. A mãe não teve condições de prestar depoimento e foi amparada por amigos italianos que também vivem no condomínio.

Polícia colhe novos depoimentos sobre morte do professor Betinho

Pelo menos cinco pessoas prestarão depoimentos hoje no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sobre as investigações da morte do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49 anos. Pela manhã, três estudantes do Colégio Agnes, onde Betinho era coordenador pedagógico, serão ouvidos pelo delegado Alfredo Jorge. À tarde, duas pessoas ligadas à vítima serão interrogadas. Durante todo o dia de ontem, oito pessoas prestaram esclarecimentos à polícia. Também ontem, um irmão e uma irmã de Betinho procuraram o delegado para saber como andam as investigações.

Depoimentos estão sendo tomados no DHPP. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Depoimentos estão sendo tomados no DHPP. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O auxiliar administrativo Silvio Pereira, 40, veio acompanhado de uma irmã e da esposa e afirmou que a família espera justiça para o caso. “Viemos para falar com o delegado e saber se há novidades. O que a gente quer é que a pessoa que matou meu irmão venha até a delegacia e confesse o crime. Ninguém pode tirar a vida de outra pessoa e ficar impune”, desabafou Silvio. Na manhã de ontem, a única pessoa interrogada pela polícia foi um aluno do Agnes. O jovem veio acompanhado do avô que já foi diretor do colégio particular e também conhecia a vítima. “Vim acompanhar meu neto que respondeu as perguntas do delegado sobre se ele conhecia Betinho e se ele sabia das atividades dele fora do colégio”, afirmou o pastor Adauto Lins.

Irmão do professor Betinho procurou o delegado ontem para saber das investigações
Irmão do professor Betinho procurou o delegado ontem para saber das investigações

À tarde, a movimentação foi intensa no DHPP. Mais sete pessoas prestaram depoimentos aos policiais que investigam o caso. Um morador do edifício Módulo que era vizinho do pedagogo, duas funcionárias e a mãe de um aluno do Agnes, além da diretora, da vice e uma estagiária da Escola Moacir de Albuquerque, onde a vítima também trabalhava, foram ouvidos. “Falava com ele apenas de bom dia e boa noite. Nem o nome dele eu sabia”, disse o vizinho que preferiu não revelar seu nome e afirmou morar no local há poucos meses.

Dois alunos da escola particular onde Betinho trabalhava estão sendo investigados pela polícia. Eles prestaram depoimento na quinta-feira passada e negaram participação no assassinato. A polícia, no entanto, afirma ter indícios contra os dois estudantes, sendo um adolescente. Betinho foi encontrado morto dentro do seu apartamento na noite do último dia 16. Ele estava despido da cintura para baixo, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado no pescoço. A polícia disse ainda que o ferro foi usado para dar pancadas na cabeça da vítima que morava sozinha no imóvel.

Novos depoimentos no caso Sérgio Falcão

Três novos depoimentos estão marcados para a próxima semana no inquérito que a apura a morte do empresário da construção civil Sérgio Falcão, 52 anos, que foi encontrado morto dentro do seu apartamento no dia 28 de agosto do ano passado, na Avenida Boa Viagem.

Empresário tinha 52 anos. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A/Press
Empresário tinha 52 anos. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A/Press

Devem ser ouvidos pelo delegado Erivaldo Guerra, da Delegacia de Boa Viagem, a mãe e o sobrinho de Sérgio e outra pessoa que não teve a identidade revelada. Ontem pela manhã, o delegado ouviu o depoimento do chaveiro que teria sido contratado para abrir os cofres do empresário, que ficavam em dois escritórios. A polícia está investigando o suposto furto de um valor de R$ 350 mil que pertenciam a Sérgio Falcão.

Apesar de não poder comentar o teor do interrogatório do chaveiro, o delegado Erivaldo Guerra informou que o depoimento durou aproximadamente uma hora. O rapaz, que não teve o nome revelado, teria sido contratado pela família do empresário para abrir os cofres que ficam no escritório de Falcão e no da mãe dele, ambos localizados na Avenida Domingos Ferreira, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

O caso começou a ser investigado depois que a viúva do empresário, Adriana Miranda, formalizou, no mês de julho, uma queixa-crime alegando que, dias após a morte de Falcão, os familiares retiraram o dinheiro do cofre. A família do empresário informou que os cofres foram abertos mas apenas para a retirada de fotografias e documentos de Sérgio Falcão.

Em entrevista ao Diario no ínicio desta semana, o advogado da irmãs do empresário, Ernesto Cavalcanti, declarou acreditar que a queixa feita pela viúva foi uma maneira de prejudicar os familiares que estão disputando a guarda do filho do casal na Justiça. A avó paterna conseguiu o direito de ficar com a criança em fins de semana intercalados e em alguns dias da semana preestabelecidos.