Os movimentos sociais adotaram a estratégia do silêncio em relação à proposta do governo do estado em criar um protocolo de conduta para manifestações. Representantes dos movimentos se reuniram nessa sexta-feira a portas fechadas no Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), na Boa Vista, mas decidiram só falar oficialmente após uma análise completa do documento. Extraoficialmente, no entanto, há críticas aos 13 pontos da proposta governamental, especialmente os relacionados à postura dos policiais militares.
“A normatização enumera pontos que já deveriam estar previstos no protocolo de funcionamento da polícia”, opinou uma das lideranças do movimento estudantil, que pediu anonimato. A crítica é direcionada, por exemplo, ao artigo 7º da minuta. Nele, fica definido que “os agentes públicos responsáveis pela segurança devem estar devidamente identificados com nomes visíveis nos uniformes”. A ausência de identificação foi uma das principais queixas dos manifestantes e advogados durante os últimos protestos.
Na minuta, o estado toca em um ponto também criticado pelos movimentos sociais, que é o uso da força pela polícia. A proposta do governo ressalta que os policiais, ante a ocorrência de infrações penais, deverão fazer o uso “progressivo” da força. Para isso, devem-se observar questões como a identificação do autor do crime e a correta imobilização do agressor. “Não foi bem isso que enfrentamos na maioria dos protestos de rua, como no dia 7 de setembro”, disse um estudante.
A reunião durou mais de duas horas e, segundo o advogado do Gajop, Rodrigo Deodato, não foi suficiente para analisar todos os tópicos da minuta. Outros encontros devem acontecer na próxima semana. Ao mesmo tempo em que observam as sugestões do governo, os movimentos discutem propostas a serem apresentadas ao estado. As sugestões, completou Rodrigo, devem ser levadas às secretarias responsáveis pela minuta, como a SDS, até 23 deste mês. Essa foi a data-limite para a sociedade mostrar suas propostas.
A SDS foi notificada nessa sexta-feira pelo Ministério Público de Pernambuco sobre a recomendação de proibir o uso de máscaras em manifestações. Assinado por seis promotores, o documento foi publicado no Diário Oficial na quarta-feira.
Do Diario de Pernambuco