Pátio do IML segue lotado de familiares à espera de corpos

Depois de uma segunda-feira bastante agitada na portaria do Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, no Recife, a terça-feira também amanheceu movimentada no local. Mais uma vez, dezenas de familiares estavam à espera das liberações dos corpos para providenciar os sepultamentos. Fontes do blog apontam que o dia começou com um total de 27 corpos para serem periciados e liberados. Ontem, a Secretaria de Defesa Social (SDS) havia informado que apenas quatro corpos estavam no IML e que seriam liberados até o final do expediente dessa segunda-feira.

Foto: Julio Jacobina/DP
Na manhã desta terça-feira, muita gente ainda estava no local. Foto: Julio Jacobina/DP

Hoje pela manhã, a dona de casa Silvania Maria Gomes, 38 anos, estava aflita na portaria do IML. O pai dela, um senhor de 75 anos, morreu no início da manhã dessa segunda-feira e, até as 10h, o corpo não havia sido liberado. “Além dessa demora toda para liberar o corpo, ainda houve outro problema. Meu pai morreu por volta das 5h, mas o carro do IML só chegou para recolher o corpo perto das 14h. Isso é um descaso. A gente já sofre pela perda e ainda passa por isso quando chega aqui. Tratam as pessoas como bichos”, reclamou Silvania. O pai dela, José Francelino Gomes, morreu depois de levar uma queda da cama.

A SDS se pronunciou por meio da nota abaixo:

Os serviços periciais no IML estão sendo desenvolvidos sem nenhum tipo de interrupção ou problema, incluindo o serviço de remoção de corpos. No dia de hoje e até o presente momento, foram feitas 22 necropsias, além de todos os outros exames periciais feitos rotineiramente (sexológicos, traumatológicos, histopatológicos, etc). No momento, há apenas cinco corpos sendo periciados e que deverão ser entregues às famílias até o final do dia. Esclarecemos que o IML não realiza apenas remoção e liberação de corpos. A razão de ser do IML é realizar perícias de natureza médico legal, em busca de provas materiais que determinem a causa e as circunstâncias da morte, cujo laudo pericial fará parte de uma investigação policial. O tempo para a conclusão de uma perícia tanatoscópica depende de vários fatores (documentação, identificação do cadáver, condições do cadáver,  tempo entre o óbito e a chegada ao IML, necessidade de exames complementares, etc), fatores estes que determinam o nível de dificuldade para se chegar às respostas necessárias e com qualidade suficiente para subsidiar a justiça e esclarecer crimes. Neste contexto, o perito médico legista tem o tempo que julgar necessário para a conclusão dos trabalhos periciais e consequente liberação do corpo para sepultamento. Diante do exposto, naturalmente, algumas perícias demandam mais tempo que outras e a espera muitas vezes é inevitável.

Leia mais sobre o assunto em:

Parentes reclamam da demora na liberação de corpos no IML

Parentes e amigos se despedem do torcedor que morreu atingido por privada

Assista ao vídeo feito pela equipe do Diario de Pernambuco durante o sepultamento do corpo do torcedor do Sport Paulo Ricardo Gomes, 26 anos, que morreu na noite da última sexta-feira depois de ter sido atingido por uma privada na cabeça. O objeto foi jogado de dentro do estádio do Arruda, após a partida entre Santa Cruz e Paraná. A delegada Gleide Ângelo está à frente das investigações. O Disque-Denúncia e a Federação Pernambucana de Futebol estão oferecendo R$ 5 mil por informações que levem à prisão do(s) suspeito(s) de ter cometido o crime.

Veja o vídeo do sepultamento:

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Câmera da SDS registra momento em que torcedor é atingido por privada

Delegada Gleide Ângelo investiga morte do torcedor do Sport

Morte de criança de 6 anos gera protesto na BR-232

A morte do menino Miguel Almeida de Lima Freitas, de apenas 6 anos, que foi usado como proteção durante um tiroteio, deixou os moradores do bairro do Totó revoltados. Nessa terça-feira, depois do sepultamento do corpo da criança, parentes e vizinhos do garoto saíram em passeata do Cemitério Parque das Flores e bloquearam a BR-232, nos dois sentidos, em forma de protesto.

População foi para a BR-232 com cartazes. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press
População foi para a BR-232 com cartazes. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

Com pedidos de Justiça, os manifestantes interromperam o trânsito queimando objetos e se deitando no chão. A via só foi liberada por volta das 17h. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local para negociar com o grupo. Devido ao protesto, houve congestionamento nos dois sentidos da rodovia. Atitudes como essa costumam acontecer sempre depois de tragédias como a que vitimou o pequeno Miguel. O povo vai para rua cobrar por uma segurança a qual já deveriam estar recebendo.

Protesto fechou a BR-232 na tarde desta quinta. Foto: Raphael Guerra/DP/D.A Press
Protesto fechou a BR-232 na tarde desta segunda. Foto: Raphael Guerra/DP/D.A Press

O tiro que atingiu Miguel partiu de uma dupla de motoqueiros que tentava matar um rapaz de 19 anos. De acordo com a polícia, os dois suspeitos já foram identificados, mas ainda não foram localizados pelos investigadores. O crime teria sido motivado por uma briga em um pagode na sexta-feira passada.

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Garoto de seis anos morreu após ser baleado por criminosos

Garoto de seis anos morreu após ser baleado por criminosos

Miguel Almeida de Lima Freitas, tinha apenas seis anos. Depois do almoço, pediu ao pai e aos avós para ir brincar com colegas na rua onde morava, no bairro do Totó. Era por volta das 16h do último sábado quando Miguel foi atingido por um tiro na cabeça. Ele estava na esquina da Rua Tarituba, nas proximidades do antigo Presídio Professor Aníbal Bruno, quando teve a vida interrompida.

Menino foi morto perto de casa. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Menino foi morto perto de casa. Fotos: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Após os familiares o virem ferido, o menino foi socorrido e levado para o Hospital Otávio de Freitas (HOF), de onde foi transferido para o Hospital da Restauração (HR). Miguel não resistiu e morreu no início deste domingo. No local onde ele morava, a tristeza e a revolta tomaram conta de todos. “Esse lugar aqui está bronca. Os bandidos tomaram conta de tudo”, disse um vizinho sem revelar o nome.

O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O sepultamento do corpo do garoto deve ocorrer nesta segunda-feira, no entanto, a família ainda não definiu o horário nem o cemitério. Segundo a polícia, a vítima estava jogando bola de gudes quando o rapaz que seria o alvo dos disparos correu para onde um grupo de crianças estava e teria usado Miguel para se proteger.

Ao blog, o avô do menino, o aposentado Antônio Alves da Silva, 67, questionou onde estava a segurança da qual o governo do estado e o poder municipal tanto têm falado. “Não vejo segurança nenhuma. Meu neto foi morto à luz do dia e quase na porta de casa”, desabafou.