Medo e revolta em dias de jogos de futebol no Recife

As cenas de barbárie vistas ontem por todos, amantes ou não do futebol, fizeram aumentar os sentimentos de medo e revolta na população. Até quando vamos ser obrigados a assistir a casos de violência como os registrados no bairro do Cordeiro antes do clássico entre Sport e Santa Cruz? Quantas pessoas precisarão morrer para que uma atitude enérgica seja tomada por parte do governo para impedir essas brigas? Essas perguntas, pelo menos por enquanto, seguem sem respostas.

Além das cenas fortes registradas no Cordeiro, um torcedor foi ferido na frente da Ilha do Retiro. Foto: Alexandre Barbosa/DP
Além das cenas fortes registradas no Cordeiro, um torcedor foi ferido na frente da Ilha do Retiro. Foto: Alexandre Barbosa/DP

Muita gente já deixou de ir a estádio de futebol. Algumas pessoas até já falaram em acabar com jogos entre torcidas rivais aqui no Recife. As torcidas organizadas estão sempre sendo monitoradas pela polícia, mas as confusões não param. As agressões estão cada dia mais violentas. As polícias civil e militar tentam acabar com essa farra nas ruas e até dentro de campo, mas as ações ainda não surtem o efeito imediato e necessário tão esperado por todos nós.

 

Há cerca de dois anos, o delegado Paulo Jeann chegou a eleborar uma proposta de realização de clássicos com acesso ao estádio apenas para a torcida mandante. Entre as sugestões apresentadas pelo policial estavam a suspensão de toda e qualquer gratuidade de ingressos e acessos aos estádios de futebol em dias de jogo, excetuando aquelas pessoas em serviço, permissão de acesso às áreas internas dos estádios apenas dos portadores de ingressos, venda de ingressos devidamente numerados, capacitação e treinamento dos policiais recrutados para exercício em jogos de futebol, além da aquisição de equipamentos de segurança e armamento não-letais para as polícias civil e militar.

Não sei dizer se essa seria a solução para o problema das brigas de torcidas organizadas, mas é um assunto que precisa ser tratado como prioridade pelas autoridades de segurança pública e organizadores dos jogos de futebol realizados em Pernambuco, sobretudo no Recife, onde as brigas são mais frequentes. Além das agressões praticadas contra as pessoas, não podemos deixar de falar também sobre os ataques ao patrimônio público e até ao privado. Ninguém aguenta mais.

Condenados acusados da morte de torcedor atingindo por vaso sanitário

Da equipe do Superesportes

Ao fim de 13 horas de audiência, o plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, foi tomado pelo choro e pela emoção. Se no dia 2 de maio de 2014, quando Paulo Ricardo Gomes da Silva, então com 26 anos, havia saído de casa para assistir a um jogo de futebol e nunca mais voltou, sua família chorou seu assassinato brutal e bárbaro, ontem, as lágrimas foram de redenção.

Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press
Réus estão presos no Cotel, em Abreu e Lima. Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press

Ao ouvir a sentença dos assassinos, as lágrimas foram de alívio pela sensação de justiça. Por outro lado, houve o choro de dor dos familiares dos três condenados ao conhecerem do juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques as sentenças de Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo Júnior pelo homicídio duplamente qualificado de Paulo Ricardo e, ainda, por três tentativas de homicídio. Juntos, eles terão mais de 78 anos de pena.

Desde cedo, antes mesmo do horário previsto para o início da audiência do Tribunal do Júri – marcado para as 9h -, inúmeros cidadãos e cidadãs se juntavam, à entrada do auditório da 2ª Vara do Júri, aos familiares e amigos da vítima.

O Ministério Público, através do promotor Roberto Brayner e da promotora Dalva Cabral, apresentaram seus argumentos acerca da autoria do delito e da forma covarde e fútil como o crime foi cometido.

Defesa em vão
Enquanto isso, os três advogados de defesa, no papel que lhes cabia, tentavam convencer o Júri que os três acusados haviam cometido sim o crime, mas com “culpa consciente”. Alegavam que – embora Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo tenham percorrido cerca de 120 metros com dois vasos sanitários nas mãos e atirado os objetos do alto da arquibancada, justamente no local onde passavam torcedores adversários – eles não tinham intenção de matar alguém.

Após as explanações de acusação e defesa, o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques formulou os quesitos – 72 no total – a serem respondidos pelos jurados. Eles foram encaminhados a uma sala secreta, onde permaneceram cerca de três horas formulando, portanto, o veredicto. No fim, prevaleceu o argumento do Ministério Público, que viu os três acusados serem condenados na forma da denúncia.

No caso de Everton Filipe, cujo defensor alegava que sequer havia cometido homicídio (afirmando que apenas tinha praticado dano, ao arrancar os vasos sanitários), pesou contra ele – que teve a pena mais dura – o fato de não ser réu primário (condenado anteriormente por porte ilegal de armas), além de seu envolvimento anterior em brigas de torcida.

Parentes e amigos se despedem do torcedor que morreu atingido por privada

Assista ao vídeo feito pela equipe do Diario de Pernambuco durante o sepultamento do corpo do torcedor do Sport Paulo Ricardo Gomes, 26 anos, que morreu na noite da última sexta-feira depois de ter sido atingido por uma privada na cabeça. O objeto foi jogado de dentro do estádio do Arruda, após a partida entre Santa Cruz e Paraná. A delegada Gleide Ângelo está à frente das investigações. O Disque-Denúncia e a Federação Pernambucana de Futebol estão oferecendo R$ 5 mil por informações que levem à prisão do(s) suspeito(s) de ter cometido o crime.

Veja o vídeo do sepultamento:

Leia mais sobre o assunto em:

Câmera da SDS registra momento em que torcedor é atingido por privada

Delegada Gleide Ângelo investiga morte do torcedor do Sport

Delegada Gleide Ângelo investiga morte de torcedor do Sport atingido por privada

A delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) Gleide Ângelo foi designada especialmente pela chefia da Polícia Civil de Pernambuco para investigar a morte do torcedor do Sport Paulo Gomes Ricardo da Silva, 26 anos. Ele morreu na noite de sexta-feira após ser atingido por uma privada, após a partida entre Santa Cruz e Paraná, no estádio do Arruda.

Cúpula de segurança fala sobre morte do torcedor. Foto: SDS/Divulgação
Cúpula de segurança fala sobre morte do torcedor. Foto: SDS/Divulgação

O caso provocou revolta nos familiares, amigos, torcedores e em toda sociedade. A mãe do jovem está inconsolável. Até o final da manhã deste sábado, parentes do rapaz permaneciam no Instituto de Medicina Legal (IML), onde aguardavam a liberação do corpo desde a madrugada.

Gleide já recebeu o inquérito e está analisando o material. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/PPress
Gleide vai conduzir o inquérito sobre a morte. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/PPress

Na manhã deste sábado, o secretário de Defesa Social do estado, Alessandro Carvalho, deu uma entrevista coletiva sobre o caso. Ele afirmou que algumas imagens da saída do jogo e da confusão foram registradas pelas câmeras de segurança da SDS. “A investigação vai ser feita com toda a prioridade pelo DHPP. A delegada Gleide Ângelo vai conduzir o inquérito. Vamos trabalhar para apontar o culpado ou os culpados no menor espaço de tempo possível”, destacou Carvalho.

Vítima tirou foto junto à torcida do Paraná ontem. Foto: Reprodução/Yuri de Lira/DP/D.A Press
Vítima tirou foto junto à torcida do Paraná. Foto: Reprodução/Yuri de Lira/DP/D.A Press

Segundo a delegada Gleide Ângelo, as investigações do caso tendem a ser complicadas. Deve-se tomar como base fundamental o depoimento de testemunhas e análises da perícia. Para ela, o fato de no estádio não haver câmeras de segurança podem dificultar o trabalho da polícia.

“É difícil identificar a pessoa que fez isso nas condições apresentadas”, relatou a delegada. Ainda segundo Gleide Ângelo, a família da vítima soube do ocorrido ainda nesta no começo desta madrugada deste sábado, por volta de 1h.

Corregedoria da SDS vai ouvir PM que postou vídeo com tricolores

A Secretaria de Defesa Social (SDS) identificou o responsável por postar o vídeo em que torcedores da facção organizada Inferno Coral foram obrigados a entoar o grito de guerra do rival Sport “Ccazá, cazá”. O nome não foi divulgado, mas trata-se de um policial, que será interrogado pela corregedoria. A comissão de sindicância vai avaliar o caso e a partir de hoje serão convocados os interrogatórios.

A partir do depoimento deste policial a Corregedoria quer identificar os demais envolvidos no caso, que também serão ouvidos. A investigação também conta com informações dadas por testemunhas. “Já identificamos o responsável por postar o vídeo e estamos apurando os demais responsáveis pelo que aconteceu”, afirmou o corregedor da SDS, Sidney Lemos.

Ainda não se sabe qual tipo de punição será aplicada aos envolvidos nos casos. Isso só vai ser possível após a apuração completa. “Temos que ouvir os envolvidos primeiro para saber a responsabilidade de cada um. Depois disso é que a comissão vai avaliar o que será feito com cada um”, explicou Sidney Lemos.

Vídeo de torcedores do Santa Cruz cantando grito do Sport gera polêmica

Um vídeo de 26 segundos constrangeu toda a torcida do Santa Cruz, clube que levantou o título Brasileiro da Série C, na noite do último domingo. Imagens de torcedores corais entoando o grito de guerra da torcida rival do Sport ganharam uma rede social. Uma cena inconcebível, tamanha a rivalidade envolvendo os dois times em Pernambuco. O caso está sendo investigado pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS).

Assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=hPKplL1bmYA

Corregedoria da SDS vai apurar suposto abuso contra torcida tricolor

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) postou uma nota no site da instituição, na noite de ontem, onde informa as providências da pasta em relação ao vídeo que mostra torcedores do Santa Cruz Futebol Clube ( muitos deles vestidos com camisas da torcida organizada Infeno Coral), com as mãos na cabeça e sendo obrigados a cantar o Cazá, cazá, tradicional grito de guerra  do Sport Club do Recife.

Gravação se espalhou rapidamente pelas redes sociais (YOUTUBE/REPRODUCAO DA INTERNET)

As imagens, que teriam sido gravadas no domingo à noite quando os torcedores deixavam o estádio do Arruda após a conquista da Série C pelo Santa Cruz, espalharam-se rapidamente pelas redes sociais, ontem, e ganharam maior repercussão no período da tarde e noite.

Nos 26 segundos do vídeo fica claro o deconforto e constrangimento dos torcedores do Santa Cruz. Há a suspeita de que o grupo  tenha sido obrigado a cantar e gritar o nome do maior rival após ser abordado por policiais militares,que teriam gravado tudo.

A nota diz que o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, ao ver o vídeo, o encaminhou  à Corregedoria Geral da SDS e derterminou a imediata apuração do caso. O texto diz que a Corregedoria irá investigar as imagens e, se for comprovada a veracidade, o órgão abrirá uma sindicância e punirá os responsáveis de acordo com a legislação. “A SDS reitera o compromisso de tudo fazer em prol da segurança dos pernambucanos e abomina qualquer ato que configure transgressão ao ordenamento jurídico vigente, especialmente aos Direitos Humanos”, afirma o texto.

Do Diario de Pernambuco

Baderna e destruição antes e depois do clássico entre Sport e Santa Cruz

Por mais que a polícia esteja nas ruas para tentar minimizar os efeitos do temido encontro de torcidas rivais no Recife, a cada dia as cenas de violência são mais frequentes. Nesse domingo, passei em frente à Ilha do Retiro a caminho da redação antes das 9h e já havia muitos policiais no local. Ao longo do dia, mais policiais militares de diversos batalhões foram deslocados para as ruas com o objetivo único de deter baderneiros e garantir a ida e vinda dos verdadeiros torcedores ao clássico que deu o tricampeonato ao Santa Cruz.

Antes do jogo, torcedores foram revistados. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Antes do jogo, torcedores foram revistados. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

No entanto, ainda antes da bola começar a rolar na Ilha, a pau já estava cantando dentro do estádio e nas ruas do Grande Recife. Em Olinda e em Paulistas, grupos de ambos os times foram detidos após brigas nas ruas. Na Avenida Norte, PMs estavam revistando torcedores que seguiam para o jogo. Cenas de violência também foram vistas nas dependências do campo do Sport, onde torcedores do Santa Cruz destruíram os banheiros e chegaram a jogar objetos sobre os carros estacionados. Bacias sanitárias chegaram a ser arremessadas.

O medo de sair de casa durante os dias de jogos, sobretudo os decisivos, já faz parte da rotina de muita gente. Leitores do blog relataram ter presenciado confusões na Avenida Conde da Boa Vista, na Madalena e em Olinda. Nem mesmo os profissionais da imprensa que estavam trabalhando foram poupados. Vários carros de empresas de comunicação foram danificados. E olhe que mais de 1,4 mil homens da PM estavam trabalhando apenas para a segurança do clássico. Resta saber até quando essas pessoas que se dizem torcedores vão continuar se aproveitando dos dias de jogos para fazerem o que querem.

Veja cobertura completa no portal do pe.superesporte.com.br ou no Diario de Pernambuco desta segunda-feira.

 

O medo nosso a cada Clássico

Esse não é um blog esportivo. Aqui, o espaço foi aberto para falarmos de segurança pública e também, e principalmente, da falta dela. Desde o final do clássico realizado na tarde deste domingo, no estádio do Arruda, entre o Santa Cruz e o Sport, os relatos de violência não param de surgir nas redes sociais. São roubos, brigas, depredações, ameaças e agressões que ferem muito mais que o corpo. Sair de casa em dias de grandes jogos tem sido coisa muito arriscada nos últimos tempos.

E não digo isso sem fundamentos, não. Lembro do caso do torcedor do Náutico que foi baleado em frente ao estádio dos Aflitos num sábado em que eu estava de plantão. Dias depois, uma criança foi atingida por uma pedrada na cabeça quando estava dentro de um ônibus. A pedra foi atirada por torcedores de um time rival ao de algumas pessoas que estavam com camisas dentro do coletivo. Nos dois casos, graças a Deus, não houve morte. E se houvesse, o que será que teria mudado? A quem compete por um fim a essa violência fora dos estádios?

É certo que não temos polícia suficiente para monitorar todos os lugares do Grande Recife em dias de jogos. Mas acredito que pode haver mais esforço e força de vontade para resolver o problema. Se a Polícia Militar sozinha não consegue manter a tranquilidade na rua, que venha ajuda de outros órgãos e instituições que possam evitar essa baderna. O que não podemos é assistir a essas cenas todas as vezes que dois grandes times pernambucanos se enfrentam para jogar uma partida de futebol e levar alegria aos seus torcedores.

Aproveito a oportunidade para perguntar a vocês que acompanham o blog se têm alguma sugestão que possa ser útil para mudar essa realidade. Fiquem à vontade para comentar essa notícia. Obrigado.

 

Preso segurança do ônibus suspeito de ter atirado no torcedor do Náutico

A Polícia Civil prendeu na manhã desta terça-feira, no bairro de Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife, o segurança suspeito de ser o autor do disparo que atingiu o jovem Lucas de Freitas Lyra, de 19 anos, na noite do último sábado.

O homem tem 37 anos. O suspeito vai ser apresentado pela polícia ainda nesta tarde. Lucas permanece internado no Hospital da Restauração em estado grave após ter sido baleado na frente do clube alvirrubro. O suspeito identificado até o momento apenas como Mano foi preso porque a polícia já havia conseguido o mandado de prisão preventiva contra ele.

O horário da apresentação do caso ainda está sendo definido entre a chefia da Polícia Civil e a Secretaria de Defesa Social (SDS). O segurança foi identificado a partir das imagens de uma câmara de segurança da SDS instalada na frente da sede do Clube Náutico Capibaribe, onde aconteceu a confusão na noite do sábado.

Estamos atualizando essa notícia que foi publicada às 8h59.