População fazendo o papel da polícia. Isso é certo?

 

A sensação de impunidade e a revolta com os crimes cometidos a qualquer hora do dia fez, mais uma vez, a população reagir a uma tentativa de assalto. Passageiros de um ônibus que trafegava no bairro do Pina atiraram contra um bandido e usaram as mãos para imobilizar outro, momentos após a investida, na Avenida Antônio de Góes. Assustadas, algumas pessoas fugiram pelas janelas do coletivo e buscaram abrigo nas lojas e bancos próximos. Apesar da reação dos passageiros, fazer justiça pelas próprias mãos não é recomendado por policiais e especialistas. Ao contrário, aumenta as chances de tragédias, inclusive com riscos reais de morte. Daí, podemos tirar um questionamento. Esse tipo de atitude por parte da sociedade está certo?

 

 (GLYNNER BRANDÃO/DP/D.A PRESS)
A ação da dupla durou pouco mais de um minuto, o suficiente para aterrorizar a viagem de quem seguia no coletivo. O ônibus fazia a linha Opcional/Aeroporto e já havia sido alvo de um dos integrantes da dupla na semana passada, nos mesmos horário e local. O condutor e a cobradora também foram os mesmos nos dois casos. A dupla de assaltantes pegou o ônibus como passageiros e usou a arma para render o motorista. Não contava, no entanto, com a reação das vítimas, que frustraram o assalto, momentos antes da fuga. Nenhum pertence foi levado. No momento da investida, 40 pessoas viajavam no ônibus. A operação envolveu seis motos e três viaturas do 19º Batalhão da Polícia Militar e militares do BPChoque e do Gati.

Coletivo estava com 40 passageiros no momento do assalto. Ítalo Rodrigues seguiu para o Cotel (GLYNNER BRANDÃO/DP/D.A PRESS)
Coletivo estava com 40 passageiros no momento do assalto. Ítalo Rodrigues seguiu para o Cotel
De acordo com o gestor do Depatri, o delegado José Cláudio Nogueira, qualquer tipo de reação deve ser evitada. Em casos de assalto, o indicado é manter a calma e conter os movimentos bruscos. Na prática, essas atitudes, combinadas ou isoladas, podem soar como “resposta” da vítima, potencializando os riscos de óbitos e lesões graves. “A vítima deve manter o controle sempre. Dentro do ônibus, por exemplo, existem outras pessoas. Na maioria das situações, o assaltado não está preparado para enfrentar o criminoso. Nós precisamos considerar o fator surpresa”, completa. A delegada Rosileide Carmina, que iniciou as investigações do caso, também comentou a tentativa de assalto. “A orientação é não reagir. Mas, às vezes, acontece.  A sensação de insegurança existe.” O bandido ferido segue internado no Hospital da Restauração e corre o risco de ficar tetraplégico. Já  Ítalo Rodrigues, 21 anos, prestou depoimento e, em seguida, foi transferido para o Cotel.

Do Diario de Pernambuco