A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco suspendeu as férias de todos os policiais militares e civis, e também dos bombeiros que atuam no estado neste mês de janeiro. Os PMs tiveram o benefício suspenso desde o período de 15 a 31 de dezembro do ano passado. Como no mês de fevereiro os policiais não saem de férias por causa do carnaval, só será possível retomá-las a partir de 2 de março.
A intenção é garantir o policiamento ostensivo durante a operação padrão deflagrada pelos policiais militares e bombeiros desde o dia 6 de dezembro, além de assegurar que as investigações para elucidar os crimes sejam cumpridas. Apesar disso, a população tem sentido na pele os efeitos da insegurança no estado. Nem mesmo a presença do Exército nas ruas tem feito os criminosos deixarem de agir. Pelo contrário, os relatos de assaltos têm aumentado a cada dia.
A SDS também já determinou a aplicação de punição para os policiais que deixaram de cumprir o Programa Jornada Extra de Segurança (PJES). A recusa em participar deste programa vem comprometendo o policiamento ostensivo, já que houve redução no efetivo. A Associação de Cabos e Soldados (ACS) diz que a prorrogação da suspensão das férias é uma retaliação da SDS contra a categoria.
A onda desenfreada de investidas criminosas contra agências bancárias em Pernambuco tem levado medo a clientes e funcionários dessas instituições e aos moradores das cidades que sofrem os ataques. A polícia, por mais que tente fazer sua parte, ainda não tem conseguido dar um freio nesse tipo de crime. Uma nova estratégia, no entanto, foi traçada pela chefia da Polícia Civil de Pernambuco. O delegado Antônio Barros anunciou nesta quarta-feira que subirá de três para sete o número de delegados no estado dedicados às investigações de crimes contra agências bancárias e carros-fortes.
Agora, além dos três delegados da Delegacia de Repressão ao Roubo, do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), mais quatros investigadores e suas equipes estarão dedicados a esse tipo de investigação. “Farão parte desse grupo dois delegados da Diretoria Integrada do Interior (Dinter) 1, que são responsáveis pela área da Zona da Mata e do Agreste, e mais dois delegados da Dinter 2, que atuam em delegacias da região do Sertão. Todos os delegados e suas equipes receberão suporte do serviço de inteligência da SDS e da Polícia Civil”, destacou Barros.
Todas essas equipes participarão de uma reunião na tarde desta quinta-feira, na sede do Depatri, em Afogados, para definir a linha de trabalho. Além de crimes contra agências bancárias e caixas eletrônicos, os sete delegados e suas equipes serão responsáveis por investigar assaltos a carros-fortes. O anúncio foi feito poucas horar após mais uma investida criminosa no estado. Na madrugada desta quarta-feira, um grupo fortemente armado levou pânico aos moradores da cidade de Gameleira, na Mata Sul. Eles explodiram duas agências bancárias e dois estabelecimentos comerciais.
Além de ressaltar a importância do trabalho conjunto entre as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, o delegado Antônio Barros destacou a importância da instalação de uma Vara de Combate ao Crime Organizado. “Essa vara já existe, mas precisa ser instalada com competência estadual. Já falei sobre isso na reunião do Pacto pela Vida e encaminhei ofício para o secretário de Defesa Social (Angelo Gioia) que deve tratar do assunto diretamente com o governador Paulo Câmara”, destacou Barros.
Ainda segundo a polícia, as armas utilizadas pelos criminosos são as mesmas usadas em guerra. “A sociedade está precisando de uma resposta emergencial. Eles não estão mais atacando só agências bancárias. Estão começando a atacar comércio, farmácias, supermercados. A sociedade está ficando refém. Não posso falar que eles estão mais bem armados que a polícia, mas realmente são armas de guerra. Usam calibre 762, mesmo que o Exército Brasileiro utiliza. Você colhe também capsula do calibre 556, mesmo que o exército norte-americano usa em seus fuzis. Mas a polícia também tem seus armamentos de guerra e suas unidades táticas, então vamos enfrentar com o que há de melhor na nossa polícia”, declarou Antônio Barros.
Quem costuma viajar para o Agreste do estado sabe que as estradas pernambucanas estão perigosas. Motoristas e comerciantes que seguem em ônibus para fazer compras no Polo de Confecções são vítimas de assaltos constantes. Algumas investidas são praticadas com muita violência. Para tentar amenizar essa situação o acesso às cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Toritama, entre outras das proximidades, devem receber em breve um reforço na segurança.
O anúncio foi feito pelo secretário de Defesa Social do estado, Angelo Fernandes Gioia, durante reunião realizada na manhã desta terça-feira, no Recife, com representantes de entidades da região, como o Moda Center Santa Cruz, maior centro atacadista de confecções do país. O objetivo do encontro foi cobrar mais rapidez e efetividade no reforço da segurança das cidades e nos acessos aos municípios que receberão milhares de pessoas a partir deste fim de semana, quando começa a alta temporada para as compras de fim de ano na região.
“A sensação de insegurança reflete diretamente na economia e na movimentação do polo. Esperamos que a promessa seja cumprida para que as pessoas que vão ao polo e ao Moda Center realizem negócios com tranquilidade, adquirindo nossos produtos para abastecer suas lojas, ocupando nossos hotéis, indo e voltando com segurança para as suas casas”, comentou Allan Carneiro, síndico do Moda Center.
A Secretaria de Defesa Social se comprometeu em aumentar o efetivo nas cidades e a disponibilizar mais veículos para reforçar as patrulhas e rondas no entorno das feiras do polo. Também estiveram presentes no encontro o comandante geral da Polícia Militar, o coronel Carlos Alberto D´Albuquerque e o chefe da Polícia Civil do estado, delegado Antônio Barros.
Além do síndico do Moda Center, participaram, ainda, da reunião na SDS o presidente da CDL Santa Cruz, Valdir Oliveira; o presidente da Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe (Ascap), José Gomes Filho; o dirigente do Sindilojas, Valmir Ribeiro; o presidente do Parque das Feiras de Toritama, Prudêncio Gomes; o presidente da Associação de Empresários de Caruaru, Pedro Miranda; e o presidente da Associação de Sulanqueiros de Caruaru, Pedro Moura, entre outras autoridades locais.
O Moda Center Santa Cruz foi recentemente vítima da onda de assaltos e explosões a caixas eletrônicas que vem ocorrendo no interior de Pernambuco. A sua administração já vem se reunindo, desde outubro, com representantes das polícias Rodoviária, Civil e Militar para chamar a atenção das autoridades para a necessidade de reforço da segurança nas estradas e nas cidades do polo de confecções.
Uma melhor comunicação entre os estados do Nordeste e investimentos no setor de inteligência da Polícia Civil. Esses foram os pontos ressaltados pelo chefe da Polícia Civil do estado, delegado Antônio Barros, como solução para tentar barrar a onda de investidas criminosas contra bancos no estado.
Além das ações ocorridas na madrugada de ontem, outros três municípios foram atingidos pelo mesmo problema na madrugada do último domingo. Assaltantes explodiram agências bancárias em Goiana, na Mata Norte, e em Iati e Jataúba, no Agreste. Em ações ousadas, também atiraram contra policiais militares, viaturas e dois prédios da corporação.
O Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) e a Polícia Federal, no caso da Caixa Econômica, deram início às investigações. No entanto, até o momento, ninguém foi preso. “Precisamos de uma articulação mais forte entre os estados do Nordeste, conversar mais com as polícias da Paraíba, Alagoas e de outros estados para combater esse tipo de crime. Conversamos com o novo secretário de Defesa Social (Angelo Gioia) e ele entendeu que precisa de um incremento na inteligência da Polícia Civil”, comentou Antônio Barros.
Ainda segundo a Polícia Civil, de janeiro a setembro deste ano foram desarticuladas 12 quadrilhas de crimes contra bancos e 80 pessoas foram presas. Nesse mesmo período, a Polícia Civil indiciou 194 envolvidos em roubos a banco e encaminhou 77 inquéritos para a Justiça com autorias definidas.
Em um intervalo de 26 horas, seis cidades foram alvo de explosões de caixas eletrônicos no Agreste e Zona da Mata do estado. As investidas ocorreram entre a madrugada do dia 12 e a madrugada de ontem. Eram 2h30 da quinta-feira quando um grupo de 30 homens invadiu o município de Barreiros, na Mata Sul. Os moradores viveram momentos de terror quando os criminosos explodiram os caixas eletrônicos de duas agências e efetuaram vários disparos de arma de fogo.
A agência da Caixa Econômica Federal (CEF) ficou bastante danificada com as explosões, que abriram o cofre do banco. Durante uma perícia no local, uma bolsa com explosivos foi encontrada na agência. O outro banco alvo dos bandidos foi o Bradesco, onde os caixas eletrônicos foram explodidos e de onde foram roubados armas e coletes dos vigilantes. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), de janeiro a setembro deste ano 19 roubos a bancos e 40 explosões a caixas eletrônicos foram registrados no estado. Após a reunião do Pacto Pela Vida realizada ontem, o chefe da Polícia Civil falou sobre as providências do governo do estado para conter os crimes contra bancos.
Ainda na cidade de Barreiros, os criminosos arrombaram três lojas do comércio local, sendo uma de cosméticos e duas que comercializam aparelhos de telefone celular. Segundo a polícia, durante as investidas, os criminosos efetuaram vários disparos de arma de fogo, aterrorizando a população. Para impedir a perseguição policial, os assaltantes bloquearam a estrada que dá acesso ao município ateando fogo em um veículo utilizado na investida, espalhando grampos de ferro e pedaços de troncos de árvores. Os galhos das árvores foram deixados na PE-60, nas proximidades da entrada do município de Tamandaré. À tarde, o esquadrão antibombas da Polícia Federal foi acionado para desativar os artefatos encontrados na agência da Caixa Econômica Federal.
Já no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, a agência do Banco Santander foi alvo de bandidos por volta das 3h30 de ontem. De acordo com funcionários do banco, os seis caixas eletrônicos estavam sem funcionar na manhã de ontem, mas apenas um deles foi explodido e teve o dinheiro levado pelos criminosos. O impacto da explosão foi tão forte que danificou quase todas as portas de vidros da agência. Até o primeiro andar do prédio foi atingido. No bairro de Sucupira, em Jaboatão dos Guararapes, criminosos tentaram arrombar um caixa eletrônico dentro de um supermercado, mas não conseguiram.
Investidas contra bancos
De janeiro a setembro deste ano
40 explosão de caixas eletrônicos
12 quadrilhas foram desarticuladas
80 pessoas foram presas
194 pessos foram indiciadas
77 inquéritos enviados à Justiça
19 roubos a bancos
Ocorrências em setembro
11 roubos em 2015
6 roubos em 2016
Registros mais recentes
12 de outubro
3h30 crime contra o Banco do Brasil em Goiana
1h20 explosão de caixas eletrônicos em Iati
2h cofre do Banco do Brasil explodido em Jataúba
13 de outubro
2h30 ação criminosa em Barreiros
3h30 explosão de caixa eletrônico no Cabo de Santo Agostinho
2h tentativa de arrombamento a caixa eletrônico em Jaboatão
O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, deixará o posto depois de nove anos e nove meses no cargo. Ele enviou seu pedido de exoneração para o governador em exercício, Francisco Dornelles, e para o governador licenciado, Luiz Fernando Pezão. Beltrame deve deixar o cargo no final deste mês, logo depois do segundo turno das eleições municipais do dia 30 de outubro, que no estado do Rio acontecerá em oito municípios.
Delegado da Polícia Federal, Beltrame assumiu a Secretaria de Segurança em janeiro de 2007, no início do governo de Sérgio Cabral, e se tornou conhecido pela implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) na cidade do Rio. Ele é o secretário de Segurança a permanecer mais tempo no cargo.
A crise na segurança pública é um assunto que está deixando os governos de cabelos em pé. Na semana passada, o delegado da Polícia Federal Alessandro Carvalho também pediu demissão do seu cargo de secretário de Defesa Social do estado de Pernambuco. Em seu lugar assumiu o delegado federal aposentando Angelo Fernandes Gioia, que trará mais dois delegados cariocas para os cargos de secretário executivo e corregedor da SDS.
Após participar da primeira reunião do Pacto pela Vida, o novo secretário de Defesa Social do estado, Angelo Fernandes Gioia, anunciou que trará do Rio de Janeiro outros dois delegados federais para atuar junto com ele na SDS. João Luiz Caetano de Araújo, que atualmente é delegado de Combate ao Crime Organizado será o secretário executivo. Ele vai assumir o lugar de Alexandre Lucena, também policial federal.
Já Carlos Henrique Oliveira de Souza, que é corregedor no Rio de Janeiro vai ocupar o lugar de Servilha Paiva na Corregedoria da SDS. Servilho também já foi secretário de Defesa Social de Pernambuco. O secretário Angelo Gioia disse também que a pedido de uma das suas filhas excluiu sua conta no Facebook!
Ao responder pergunta sobre as reclamações dos policiais civis e militares, o novo secretário disse que irá ouvir os comandantes das duas polícias e os policiais que estão nas ruas e que levará as demandas para o governador, mas mandou um recado para os servidores. “O que se pede e o que se cobra num cenário de dificuldade, é, e vale para qualquer um, faça sempre o melhor possível no cenário que você se encontra.”
Angelo disse ainda que a prioridade da SDS será oferecer segurança à população. “Nossa prioridade é oferecer segurança. Vamos trabalhar de forma incansável e aliás as polícias aqui têm feito isso. É bom que fique claro. Eu preciso ouvir as polícias para ver onde eu posso interferir com habilidade, com sabedoria, para fazer melhor. Eu operei com essa polícia aqui de 2007 a 2008 e essa polícia não mudou para pior. Essa polícia é forte, seja Civil, Militar e os nossos bombeiros. Agora você tem uma situação macro no país, provavelmente o estado enfrenta as suas dificuldades, e nós não podemos nos afastar disso”, ressaltou Angelo.
O delegado da Polícia Federal Alessandro Carvalho não é mais o secretário de Defesa Social do estado. O governo do estado anunciou no início desta tarde que a pasta passará a ser comandada a partir desta sexta-feira pelo também delegado federal Angelo Fernandes Gioia. Segundo o Palácio do Campos das Princesas, Alessandro teria pedido para deixar o cargo. Angelo participará nesta sexta-feira da primeira reunião de trabalho, quando será apresentado pelo governador aos integrantes do Programa Pacto Pela Vida. Ele está aposentado desde abril deste ano.
“Quero publicamente agradecer o trabalho e as contribuições que Alessandro deu à área de segurança, como um profissional dedicado e de elevado espírito público. Um grande amigo. E agora também tenho certeza que Angelo, por sua experiência e capacidade, vai se integrar com eficiência ao trabalho do Pacto Pela Vida”, afirmou o governador de Pernambuco.
Logo após a indicação de Angelo Gioia para o novo cargo, começaram a circular nas redes sociais informações sobre uma ação penal movida contra ele pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. O delegado federal respondeu, por meio de nota. Leia a seguir:
“Quando assumi a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, em 2008, a unidade se encontrava em dificuldades operacionais e de produtividade. Quando deixei a função, em 2011, a Superintendência do Rio de Janeiro se encontrava em situação invejável de produtividade frente às demais unidades do DPF, reconhecido pelo então corregedor geral da Polícia Federal. Faço essa observação para dizer que as acusações de abuso de poder, denunciação caluniosa e coação no curso do processo, decorrem exatamente desse trabalho para corrigir os problemas crônicos que existiam na Superintendência do Rio de Janeiro. Essa atuação me trouxe adversários, foram abertos processos contra mim e de todos fui absolvido, inclusive com decisões de segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.”
Confira as experiência profissionais do novo secretário
– 1° Sargento Especialista em Infantaria de Guarda da Força Aérea Brasileira (1981-1996)
– Chefe da Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Fazendários, Cuiabá, Mato Grosso (1997-1999);
– Chefe Substituto do Núcleo de Disciplina da Corregedoria Regional de Polícia, Rio de Janeiro (1999-2002);
– instrutor da Academia Nacional de Polícia Federal, Brasília (2001-2002);
– Chefe do Setor de Operações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais, Rio de Janeiro (2002-2003);
– Chefe da Delegacia Especial no Aeroporto Internacional Tom Jobim, Rio de Janeiro (2003);
– Chefe da Delegacia de Controle de Segurança Privada, Rio de Janeiro (2004-2006);
– Delegado Regional Executivo da Superintendência Regional do Distrito Federal (2006-2007);
– Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal no Estado de Pernambuco (2007-2008);
– Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro (2008-2011);
– Adido da Polícia Federal na Itália (2011-2013).
A onda de remoções na Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) não para. Depois da saída quatro experientes delegados, como noticiado por este blog no dia 14 de junho deste ano, agora foi a vez do delegado especial Paulo Jeann Barros e Silva ser removido daquela unidade. Quem vai assumir o lugar de Jeann é o delegado Jader Alves Brasiliense, que deixará a 7ª Delegacia de Homicídios.
Experiente delegado de homicídios e da criança e adolescente, e há mais de oito anos como corregedor auxiliar, o delegado Paulo Jeann foi responsável por várias investigações no estado, como por exemplo o episódio da Ponte Joaquim Cardoso, ocorrido no carnaval de 2006, onde dois adolescentes morreram após um grupo de garotos terem sido espancados por policiais militares e depois obrigados a entrarem no Rio Capibaribe.
Além disso, Paulo Jeann também foi o responsável pela última conclusão do Caso Serrambi, que investigou as mortes das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado. Depois disso, o inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário. O delegado Paulo Jeann não foi localizado para comentar sobre a remoção.
Texto meu publicado na página Em Foco do Diario de Pernambuco desta quinta-feira com arte feita por Jarbas.
Andar de ônibus na Região Metropolitana do Recife (RMR) virou sinônimo de medo. As notícias de assaltos a passageiros e cobradores são cada vez mais frequentes. Em média, cinco coletivos são assaltados por dia no Grande Recife. Os relatos de violência durante as abordagens deixam amedrontados todos que precisam usar o transporte público diariamente. Na noite da última terça-feira, um ônibus que fazia a linha Curado IV/Barra de Jangada foi alvo de dois assaltantes. Os passageiros viveram momentos de tensão, quando, por volta das 22h, a dupla anunciou o assalto nas imediações do Viaduto Prefeito Geraldo Melo, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes.
Armados com facões, os criminosos recolheram os pertences das pessoas e ainda ameaçaram cortas os dedos das vítimas. Logo após desceram do coletivo, os dois suspeitos foram abordados e detidos pela população. Os dois foram quase linchados. Um deles conseguiu fugir. O outro, bastante ferido, foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Com ele foram recuperados nove telefones celulares, três relógios e 10 anéis. Tudo havia sido roubado dos passageiros. As vítimas prestaram queixa na Delegacia de Prazeres, onde o caso foi registrado. Mais um para a assustadora e complexa estatística.
O Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco informa que de janeiro a maio deste ano, 704 ônibus foram assaltados na RMR. No ano passado, segundo o sindicato, esse número foi de 490 registros no mesmo período. “Os assaltos estão aumentando a cada dia e a segurança dos passageiros está ameaçada. Do início de junho até hoje (ontem), 102 coletivos foram assaltados. A questão da segurança no transporte público não tem sido levada a sério pelas autoridades competentes”, comentou o assessor assistente de comunicação do sindicato, Genildo Pereira. Os números apresentados pelo sindicato revelam uma realidade sentida na pele pelos dois milhões de passageiros que usam os coletivos para se locomoverem diariamente.
Enquanto os números do Sindicato dos Rodoviários apontam para 704 assaltos a ônibus nos cinco primeiros meses deste ano. O total notificado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) fica bem abaixo. De acordo com dados da Gerência de Análise Criminal e Estatística (Gace), no período de janeiro a maio de 2016 foram registradas 415 ocorrências de assaltos a coletivos na Região Metropolitana do Recife. No mesmo período do ano passado foram notificados 293 casos. Segundo o sindicato, a diferença na contagem se deve ao fato da SDS notificar apenas os assaltos onde a renda do coletivo é levada pelos criminosos. “Na nossa avaliação, os casos onde apenas os passageiros são assaltados também são computados”, ressaltou Genildo Pereira.
Ainda de acordo com a SDS, “a Polícia Militar segue realizando a Operação Transporte Seguro em pontos da RMR que são selecionados de acordo com a incidência criminal, com base nos dados coletados pela Gace/SDS, para a realização de blitz policial com foco na abordagem em coletivos. Na operação, patrulhas de unidades especializadas e de área realizam as abordagens nos usuários e nos coletivos. De janeiro a maio de 2016 foram realizadas 11.912 abordagens, resultando na apreensão de seis armas de fogo, três armas brancas e 24 pessoas encaminhadas à delegacia.” Também segundo a SDS, a Polícia Civil está dando prioridade, através da Diretoria Integrada Metropolitana, aos inquéritos policiais que apuram roubos contra coletivos e seus passageiros.
O medo de ser a próxima vítima está tão grande que já tem gente abrindo mão de andar de ônibus portando telefones celulares, relógios e outros pertences de valor. Na lista dos lugares mais perigosos estão rodovias federais, corredores viários e avenidas bastante movimentadas. Um dos trechos de maior incidência está na BR-101 Sul, em toda extensão da RMR. As avenidas Sul e Agamenon Magalhães também são locais escolhidos para anúncios das investidas criminosas. Situação crítica também é observada na PE-60, no Cabo, e na PE-15, em Paulista. “Quando eu vou pegar um ônibus, procuro levar apenas as coisas necessárias e evito atender o telefone celular durante a viagem. Os assaltos estão acontecendo a qualquer hora e em todos os lugares”, destacou a dona de casa Ivonete Salustino, 45 anos.
As armas usadas para praticar os assaltos a ônibus, em geral, eram revólveres e até mesmo pistolas. No entanto, nas últimas investidas, os suspeitos estão entrando nos coletivos armados com facas e até facões. Alguns escondem as armas brancas dentro de mochilas e nas próprias roupas. No caso dessa terça-feira, os ladrões que ameaçaram cortar os dedos das pessoas que não conseguissem tirar os anéis e alianças estavam armados com facões. Uma prova de que as fiscalizações nas estradas precisam ser mais eficientes. E que as vítimas, ao entrarem nos coletivos, precisam contar com muita sorte para não terem supresas desagradáveis durante o percurso.