Polícia já sabe que o empresário Sérgio Falcão foi assassinado

Por Raphael Guerra

Do Diario de Pernambuco

Apesar de ainda aguardar alguns laudos periciais, a Polícia Civil já não tem mais dúvidas de que o empresário da construção civil Sérgio Falcão, 52 anos, foi assassinado por seu segurança, o PM reformado Jailson Melo, 53. As investigações agora estão todas voltadas para colher provas que comprovem a participação do mandante do crime, ocorrido em 28 de agosto, no apartamento da vítima, no Edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem. O inquérito, que é acompanhado pelo Ministério Público de Pernambuco, continua em sigilo.

Fontes da Polícia Civil garantem que a delegada Vilaneida Aguiar, responsável pelo caso, já sabe quem foi o mandante e a motivação do homicídio, mas os mandados de prisão ainda não foram solicitados à Justiça por falta de provas materiais suficientes, entre elas os laudos finais do Instituto de Criminalística (IC), confeccionados pelo perito Sérgio Almeida. O Diario tentou contato com a delegada, mas os telefonemas não foram atendidos.

Família pediu exumação para comprovar o crime (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)

Corpo foi exumado semana passada. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A/Press

O corpo do empresário, exumado há uma semana para que passasse por nova varredura, continua no Instituto de Medicina Legal (IML), sem previsão de retorno ao Cemitério Morada da Paz. O objetivo é detectar vestígios de pólvora em qualquer parte do cadáver. O advogado de defesa de Jailson, André Fonseca, ficou surpreso com o rumo das investigações. “Não tenho dúvida de que ele é inocente. Estão procurando algo que não existe.” Segundo versão da defesa, o PM foi ao apartamento armado porque o empresário solicitou. Num momento de distração, Sérgio teria puxado a pistola 380 da cintura do suspeito e atirado contra a boca.

A repercussão nacional do caso levou o famoso médico legista e perito criminal George Sanginetti a enviar um e-mail ao advogado da família do empresário, Ernesto Cavalcanti, solicitando a participação voluntária nas investigações periciais. “Tenho 40 anos de experiência. Posso, em sigilo, fornecer uma análise de todos os exames em oito dias. Conhecia socialmente Sérgio Falcão aqui em Alagoas”, disse ontem, por telefone. Sanginetti ficou conhecido por investigar assassinatos como o de PC Farias, o tesoureiro da campanha do ex-presidente Collor, e o de Isabella Nardoni.

Cronologia do caso

28 de agosto
O empresário da construção civil Sérgio Falcão é encontrado morto em seu apartamento, no Edifício 14 Bis, em Boa Viagem. Após exames preliminares, o DHPP acredita em assassinato praticado por segurança da vítima

29 de agosto
Técnicos do Instituto de Criminalística fazem nova perícia no apartamento para encontrar a bala que matou o empresário. Surge a hipótese de suicídio ou de que a vítima, atormentada por dívidas, tenha pago para ser morta

30 de agosto
A empregada doméstica do empresário, que estava numa área isolada do apartamento, prestou depoimento à polícia. Declarou que ouviu conversas entre a vítima e o suspeito. Ela não teria ouvido barulho de tiro

31 de agosto
O advogado Ernesto Cavalcanti é contratado pela família do empresário para acompanhar as investigações do DHPP. Ele confirma que os parentes acreditam que Sérgio foi assassinado porque tinha muitas dívidas

3 de setembro
O PM reformado Jailson Melo, suspeito de matar Sérgio, apresenta-se à polícia. Ele afirma que, no apartamento, teve a pistola 380 puxada da cintura pelo empresário, que atirou contra a própria boca. Uma reconstituição é realizada

5 de setembro
Acompanhada da viúva do empresário, a delegada Vilaneida Aguiar volta ao Edifício 14 Bis. No apartamento de Sérgio, recolhe documentos, fotografias e outros materiais para nova perícia do Instituto de Criminalística

11 de setembro
O PM reformado Jadilson Gomes, 58, irmão de Jailson Melo, presta depoimento no DHPP. Ele confirmou que foi o responsável por emprestar a pistola 380 para o suspeito. Também disse que já havia feito isso outras vezes

29 de outubro
Após a morte de Sérgio Falcão completar dois meses – sem respostas – a delegada Vilaneida Aguiar solicita que seja feita a exumação do corpo do empresário para que novas perícias sejam realizadas no IML

31 de outubro
A exumação do corpo de Sérgio é realizada no Cemitério Morada da Paz, com a presença da delegada, peritos e do promotor André Rabelo, que passou a acompanhar o caso. Duas irmãs da vítima estiveram presentes

 

Judiciário entra na luta com a polícia para conter onda de violência em São Paulo

Brasília – O Judiciário decidiu também ajudar no combate à onda de violência em São Paulo. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pela gestão do Judiciário nacional, e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) estão discutindo formas de apoiar o Executivo nas ações contra as práticas criminosas na capital paulista, especialmente as que resultaram na morte de policiais.

O assunto foi debatido em duas reuniões nessa terça-feira entre o presidente do CNJ, ministro Carlos Ayres Britto, e o presidente do TJSP, Ivan Sartori. Ambos estão em Sergipe para o Encontro Nacional do Judiciário. Britto não entrou em detalhes sobre o que foi discutido, pois disse que os métodos de trabalho ainda são sigilosos.

“Estamos avaliando o que o CNJ pode fazer para ajudar o Poder Judiciário a coadministrar esse problema nos estabelecimentos prisionais de São Paulo, porque a questão central é do Executivo. Vamos conversar com o governo de São Paulo, retomar o contato com o TJSP, na tentativa de somar esforços, a partir do CNJ”, disse o ministro, em entrevista coletiva à imprensa.

Da Agência Brasil

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