TJPE mantém condenação do estado para indenizar família por morte

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) manteve a condenação do estado de Pernambuco para o pagamento de indenização de R$ 350 mil para Zineide Maria de Souza e Israel Ferreira da Silva, pais de Zinael José de Souza, 17 anos, que morreu após ser torturado por policiais militares e obrigado a pular no Rio Capibaribe durante o carnaval do ano de 2006 junto com um grupo de amigos. O recurso de apelação do estado foi votado pela 2ª Câmara de Direito Público do TJPE na última quinta-feira.

Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Além de Zinael, o adolescente Diogo Rosendo Pereira, 15, também morreu. Segundo o advogado Afonso Bragança, a família e a defesa esperam que a decisão da Justiça seja mantida. O caso da Ponte Joaquim Cardoso foi publicado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco.  De acordo com a denúncia, em 28 de fevereiro de 2006, policiais militares teriam obrigado 14 adolescentes a atravessarem a nado o Rio Capibaribe, ameaçados com revólver, a partir da Ponte Joaquim Cardoso, na Ilha Joana Bezerra. Por não saberem nadar, os adolescentes Diogo Rosendo e Zinael José morreram afogados.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Segundo o advogado Afonso Bragança, o estado ainda pode entrar com recurso especial junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O pagamento dessa indenização pode demorar entre oito e dez anos para ser feito, tendo em vista os recursos e o pagamento através de precatório”, ressaltou o advogado. A mãe de Zinael, Zineide Maria, disse ter ficado feliz com o resultado da votação. “Sei que nada vai pagar a vida do meu filho, mas pelo menos a justiça foi feita. Os responsáveis pela morte dele foram condenados e agora o estado vai ter que pagar a indenização. Não sabemos quando isso vai ser pago, mas vamos esperar”, destacou Zineide.

TJPE julga recurso de apelação no caso da Ponte Joaquim Cardoso

A 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) julga na tarde desta quinta-feira o recurso de apelação cível apresentado pelo estado no caso da Ponte Joaquim Cardoso. Em dezembro do ano passado, o estado foi condenado a pagar uma indenização de R$ 350 mil para Zineide Maria de Souza e Israel Ferreira da Silva, pais de Zinael José de Souza, 17 anos, que morreu após ser torturado por policiais militares e obrigado a pular no Rio Capibaribe durante o carnaval do ano de 2006 junto com um grupo de amigos.

Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ser julgado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ser julgado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Além de Zinael, o adolescente Diogo Rosendo Pereira, 15, também morreu. Segundo o advogado Afonso Bragança, a família e a defesa esperam que a decisão da Justiça seja mantida. O caso da Ponte Joaquim Cardoso foi publicado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco.  De acordo com a denúncia, em 28 de fevereiro de 2006, policiais militares teriam obrigado 14 adolescentes a atravessarem a nado o Rio Capibaribe, ameaçados com revólver, a partir da Ponte Joaquim Cardoso, na Ilha Joana Bezerra. Por não saberem nadar, os adolescentes Diogo Rosendo e Zinael José morreram afogados.

PMs acusados de matar jovens no carnaval de 2006 são absolvidos

O Conselho de Sentença decidiu pela absolvição dos três policiais militares acusados de torturar e matar adolescentes no carnaval de 2006. O júri popular ocorreu ontem na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano. Segundo a denúncia do Ministério Público de Pernambuco, os PMs Edvaldo Coelho Pereira Magalhães, Thiago Jackson Araújo e Weldes Felipe de Barros Silva eram acusados de dois homicídios consumados e 11 tentativas de homicídio. O julgamento foi presidido pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco em março de 2006

Os sete jurados que compuseram o Conselho de Sentença foram escolhidos por sorteio no início da sessão, às 9h50. Após nove horas de julgamento, o juiz anunciou em plenário a decisão dos jurados. As vítimas de tentativa de homicídio e as famílias das vítimas de homicídio podem recorrer da decisão.

De acordo com a denúncia do MPPE, em 28 de fevereiro de 2006 os policiais militares teriam obrigado 14 adolescentes a atravessarem a nado o Rio Capibaribe, ameaçados com revólver, a partir da Ponte Joaquim Cardoso, na Ilha Joana Bezerra. Por não saberem nadar, os adolescentes Diogo Rosendo Pereira e Zinael José da Silva morreram afogados. Os dois corpos foram encontrados boiando no rio na altura do bairro da Torre.

Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal

O primeiro julgamento do caso aconteceu no dia 20 de maio de 2015. A Justiça condenou os policiais Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva, cada um, a 96 anos de prisão. Na ocasião, o policial Irandi Antônio da Silva foi absolvido.

Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal

O tenente Sebastião Antônio Felix, oficial acusado de comandar o grupo de policiais militares que teria obrigado os adolescentes a pular no Rio Capibaribe, foi condenado a 150 anos e seis meses de prisão, em 14 de julho de 2015. Todos recorreram da sentença e respondem ao processo em liberdade.

Mais três PMs acusados de matar adolescentes no carnaval serão julgados

Mais três policiais militares acusados de torturar e matar adolescentes no carnaval de 2006 serão julgados nesta terça-feira, a partir das 9h, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, Recife. Os PMs Edvaldo Coelho Pereira Magalhães, Thiago Jackson Araújo e Weldes Felipe de Barros Silva são acusados de dois homicídios consumados e 12 tentativas de homicídio. O julgamento será presidido pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti.
Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ser julgado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ter primeiro julgamento. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
O crime denunciado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco na época revoltou todo o estado. De acordo com a denúncia, em 28 de fevereiro de 2006, os policiais teriam obrigado 14 adolescentes a atravessarem a nado o Rio Capibaribe, ameaçados com revólver, a partir da Ponte Joaquim Cardoso, na Ilha Joana Bezerra. Por não saberem nadar, os adolescentes Diogo Rosendo Pereira e Zinael José da Silva morreram afogados.
Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/Arquivo/DP/D.A Press
No julgamento, serão ouvidas as testemunhas Obernan Alberto de Santana; Douglas de Lima Silva; Marcos Vinícius de Souza Pereira; Alessandro Pereira de Carvalho; Emerson Pereira de Carvalho; Tiago Severino da Silva dos Santos; José Cláudio da Silva Ferreira; Antônio Fernando Santos Gonçalves; Ediclelton Marques da Silva; Olbert Ferreira da Silva; e Arquimedes Ferreira da Silva.
O primeiro julgamento do caso aconteceu em 20 de maio de 2015. A Justiça condenou os policiais Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva, cada um, a 96 anos de prisão. Na ocasião, o policial Irandi Antônio da Silva foi absolvido. O tenente Sebastião Antônio Felix, oficial acusado de comandar o grupo de policiais militares que teria obrigado os adolescentes a pular no Rio Capibaribe, foi condenado a 150 anos e seis meses de prisão, em 14 de julho de 2015. Todos recorreram da sentença e respondem ao processo em liberdade.

O Júri

A sessão tem início com o sorteio dos sete jurados que vão compor o Conselho de Sentença. Em seguida, haverá a leitura da denúncia pelo juiz que presidirá o júri popular. O próximo passo será a ouvida dos réus. Terminada a fase de ouvidas, têm início os debates entre Defesa e Acusação. Por fim, os jurados recolhem-se, em sala reservada, para responder aos questionamentos que definirão se os réus serão condenados ou absolvidos, e o magistrado retorna ao salão do júri para prolatar a sentença.

Com informações da assessoria de imprensa do TJPE

Tenente da PM recorre da sentença condenatória

O tenente da Polícia Militar Sebastião Antônio Félix recorreu da condenação de 150 anos e seis meses de reclusão. O oficial foi acusado pelo Ministério Público de Pernambuco de duplo homicídio triplamente qualificado e 11 tentativas de homicídio. O anúncio da condenação aconteceu no final da noite da quarta-feira. O oficial permanecerá em liberdade até que o recurso seja julgado.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Sebastião Félix vai aguardar em liberdade. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O oficial é acusado de comandar um grupo de policiais militares que obrigou 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento. Os meninos teriam sido confundidos com um grupo que praticava arrastões. O episódio divulgado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco na época ficou conhecido como caso Ponte Joaquim Cardoso.

No mês de maio, quatro PMs estiveram no banco dos réus. Três deles foram condenados e um absolvido. Os três PMs condenados pegaram 96 anos de reclusão. As condenações foram pelo homicídio triplamente qualificado de Diogo Rosendo, e nove tentativas de homicídios. Os outros três militares serão julgados pela morte de Zinael José de Souza, 17, e pelas tentativas de homicídios contra outros dois adolescentes, em data a ser definida.

Júri do Caso Ponte Joaquim Cardoso recomeça com ouvida de tenente

O segundo dia de julgamento do tenente da Polícia Militar Sebastião Antônio Félix iniciou na manhã desta quarta-feira com o depoimento do réu, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra. O oficial é acusado de comandar um grupo de policiais militares que obrigou 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento. Antes de ser ouvido, o tenente deu entrevista à imprensa e voltou a declarar que é inocente.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Ontem foram realizado os interrogatórios de oito vítimas das agressões. Após a ouvida do tenente será feito o debate entre acusação e defesa e em seguida a votação dos jurados. A sentença deve sair no final da tarde de hoje. Pela manhã, três sobreviventes prestaram depoimento como testemunhas. Dois deles, presos por envolvimentos em crimes depois que ficaram maiores de 18 anos, foram trazidos do sistema prisional.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Sebastião Félix disse que não comandou ações dos PMs. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Dona Maria do Carmo Simplício, mãe de Diogo Rosendo, uma das vítimas fatais, acompanhou o julgamento, como também o pai e a mãe de Zinael Souza, outro adolescente que morreu, o policial militar reformado Israel Ferreira e a dona de casa Zineide Maria de Souza. O episódio divulgado com exclusividade pelo Diario na época ficou conhecido como caso Ponte Joaquim Cardoso. No mês de maio, quatro PMs estiveram no banco dos réus. Três deles foram condenados e um absolvido.

À tarde, mais cinco testemunhas foram interrogadas. O conselho de sentença que vai decidir se o tenente é culpado ou não por duas mortes e 11 tentativas de homicídio é formado por quatro homens e três mulheres. O julgamento está sendo presidido pela juíza Fernanda Moura de Carvalho. A defesa do acusado pediu que oito testemunhas fossem ouvidas em plenário. Por esse motivo, houve um pequeno atraso no início do júri. Pois algumas vítimas tiveram que ser pegas em casa e no presídio.

O promotor André Rabelo afirmou que vai pedir a condenação do acusado por duas mortes e 11 tentativas. Durante o início do júri, o promotor pediu à juíza que o acusado fosse colocado no banco dos réus, pois o tenente, que estava com a farda da polícia, estava sentado junto aos advogados de defesa. O pedido foi negado pela magistrada.

PMs foram condenados, mas seguem em liberdade

Por Larissa Rodrigues do Diario de Pernambuco

Três dos oito policiais militares acusados de obrigar 17 adolescentes a entrarem no Capibaribe, no carnaval de 2006, causando a morte de dois por afogamento, foram condenados ontem a 96 anos de reclusão. As condenações foram pelo homicídio triplamente qualificado de Diogo Rosendo, e nove tentativas de homicídios. Os meninos teriam sido confundidos com um grupo que praticava arrastões.

Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A Justiça determinou que Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista e Ulisses Francisco da Silva cumpram a pena em regime inicialmente fechado na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá. Mas não há previsão de quando eles serão presos porque o advogado dos três, José Siqueira, entrou com recurso após o juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti terminar de ler a sentença.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Como todos estão em liberdade, permanecerão soltos até que a apelação seja julgada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. O quarto policial julgado ontem foi absolvido. A Justiça entendeu que Irandi Antônio da Silva não participou dos espancamentos nem deu ordem para entrarem na água, pois estava na viatura. De acordo com o promotor André Rabelo, o PM estava a 300 m de onde tudo ocorreu.

Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cassetetes. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Para o advogado dos PMs, a justiça foi feita parcialmente. “Justiça seria se todos tivessem sido igualmente absolvidos. Nossa luta será pela anulação do júri porque todos cumpriam ordens”, afirmou José Siqueira.

Já o promotor ressaltou que a sentença foi de acordo com as provas. Ele não acredita que o tribunal anulará a decisão. “Não houve dúvida nem discórdia entre os jurados. Ele acataram na totalidade as argumentações do MPPE. É apenas uma questão de tempo para confirmar a decisão”, disse Rabelo.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

O próximo passo é o julgamento, em 14 de julho, do tenente Sebastião Antônio Félix. O promotor será o mesmo, mas o conselho de sentença vai mudar. André Rabelo também comentou o próximo júri. “A prova é a mesma. Se hoje reconheceram que os três condenados participaram, o que será julgado em julho também estava presente. Era quem comandava a operação”, destacou. Outros três militares ainda serão julgados pela morte de Zinael José de Souza, 17, e pelas tentativas de homicídios contra outros dois adolescentes. Ainda não data prevista para esse júri.

Saiba mais:

96 anos foi a pena definicida para cada um dos três condenados
30 anos é o tempo máximo que se pode ficar na cadeia, segundo a Constituição
16 anos após o início de cumprimento da pena, os presos podem progredir para o regime semiaberto, em que é permitido trabaljhar ou estudar durante o dia e dormir na cadeia

O que acontece agora, após a defesa ter recorrido da sentença:

O recurso de apelação é apresentado ao Tribunal de Justiça
O Tribunal vai conhecer as razões da defesa
O Tribunal vai decidir se anula o julgamento e convoca novo Juri, se mantém a sentença como está ou se reduz o quantitativo de pena
Esse processo pode demorar anos, é impresivível
Não há previsão de quando a pena começará a ser cumprida

A situação de cada acusado:

Condenados por um homicídio e sete tentativas
Aldenes Carneiro da Silva
Ex-sargento, expulso da PM

José Marcondi Evangelista
Soldado, expulso da PM

Ulisses Francisco da Silva
Soldado, expulso da PM

Absolvido
Irandi Antônio da Silva
Soldado, continua na PM, absolvido porque estava dentro da viatura na hora do crime

Julgamento adiado
Sebastião Antônio Félix
Tenente, continua na PM. Comandava a operação

Ainda serão julgados

Edvaldo Coelho Pereira Magalhães
Soldado, continua na PM

Thiago Jackson Araújo
Tenente, continua na PM. Era aspirante na época do crime

Weldes Felipe de Barros Silva
Tenente, continua na PM. Era aspirante na época

O que as mães dos jovens mortos por afogamento acharam da sentença:

“Para início foi bom. Não traz de volta a vida, mas pelo menos estamos vendo que a justiça está sendo feita. No caso do tenente espero que ele também tenha punição”, Zineide Maria de Souza, mãe de Zinael José Souza da Silva, que morreu com 17 anos.

“Acho que a justiça foi feita, graças a Deus. Me aliviou mais. Estava muito aperreada. Espero que os outros também sejam condenados”, Maria do Carmo Simplício de Araújo, mãe de Diogo Rosendo Ferreira, que tinha 15 anos quando morreu.

Julgamento de PMs entra no 2º dia

Quatro dos oitos PMs acusados de obrigar 17 adolescentes a pular no Rio Capibaribe, no carnaval de 2006, provocando a morte de dois por afogamento, começaram a ser julgados ontem. Hoje acontecem os debates entre a defesa e a acusação. A sentença poderá sair no fim da noite. Oito vítimas foram ouvidas. Uma delas foi presa após o depoimento.

Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O advogado dos PMs, José Siqueira, informou que havia quatro mandados contra Tiago Severino da Silva, 25, por crimes de 2008, 2010 e 2011. No entanto, só um dos mandados, por agressão, provocou sua prisão, porque os outros prescreveram.

A princípio, cinco policiais seriam julgados pela morte de Diogo Rosendo Ferreira, 15, e pelas tentativas de homicídios contra sete adolescentes. O tenente Sebastião Antônio Félix teve a data de julgamento remarcada para 14 de julho, a pedido do seu novo advogado, após a renúncia dos defensores anteriores.

Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Sebastião Félix vai ser julgado no dia 14 de julho. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Sentaram no banco dos réus Aldenes Carneiro da Silva, José Marcondi Evangelista, Ulisses Francisco da Silva e Irandi Antônio da Silva. Os outros três militares, denunciados pela morte do adolescente Zinael José de Souza, 17, e pelas tentativas de assassinato contra as demais vítimas ainda não têm data para serem julgados.

Antônio chorou várias vezes. Ele disse que foi torturado pela Corregedoria para assumir culpa. Os réus atribuiram responsabilidade exclusiva ao tenente pelas agressões e a ordem de pular no rio.

Os quatro argumentaram que os adolescentes não disseram que não sabiam nadar. “O tenente assumiu sua responsabilidade. Está no depoimento: ‘sou o único responsável pelo acontecido’”, citou advogado.  “Aqueles meninos estavam realizando arrastões e foram deixados em Joana Bezerra para irem para suas casas”, alegou o tenente.

Famílias acompanham com esperança

Parentes de Diogo e Zinael acompanharam o primeiro dia de julgamento. Vestidos com camisas com as fotos das vítimas, os pais de Zinael e a mãe de Diogo estavam confiantes na condenação dos acusados.

Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal

O pai de Zinael, sargento reformado da PM Israel Ferreira da Silva, disse que a conduta dos PMs foi errada. “Se os meninos estivessem fazendo algo errado, o certo seria levá-los para a delegacia.” As donas de casa Zineide Maria de Souza, 47, e Maria do Carmo Simplício, 63, mães de Zinael e Diogo, respectivamente, esperam que os réus sejam condenados. “Meu filho tinha uma vida pela frente e isso foi tirado dele”, desabafou Zineide. “Sinto muitas saudades do meu caçula e espero que a justiça seja feita”, comentou Maria do Carmo.

Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Nos depoimentos, as vítimas disseram que foram abordadas por duas viaturas após serem confundidas com praticantes de arrastões. Relataram ter sofrido agressões e que foram obrigadas a entrar no rio, perto da Ponte Joaquim Cardoso.

Contaram que ouviram, via rádio da polícia, que os PMs teriam pego os suspeitos errados. As vítimas afirmaram ainda que foram levados a um posto policial onde já havia muitos jovens detidos. “Os corpos dos dois que morreram e as vítimas sobreviventes provam as agressões. Além disso, existem depoimentos de testemunhas”, ressaltou o promotor André Rabêlo. Segundo ele, os policiais praticaram duas ações semelhantes entre a noite do dia 28 de fevereiro e a madrugada de 1º de março de 2006.

PMs acusados de mandar garotos pularem no rio serão julgados

Nove anos após as mortes de dois adolescentes que morreram afogados após serem obrigados a entrar no Rio Capibaribe, cinco dos oito policiais militares acusados pelo crime irão a júri popular. O julgamento dos réus Sebastião Antônio Félix (tenente), Aldenes Carneiro da Silva (sargento), José Marcondi Evangelista (soldado), Ulisses Francisco da Silva (soldado) e Irandi Antônio da Silva (soldado) está marcado para quarta-feira, às 9h, na Primeira Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano.

Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cassetetes pelos Policiais Militares. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Os corpos dos adolescentes Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, foram encontrados no dia 1º de março de 2006, boiando no rio, no bairro da Torre. O caso publicado com exclusividade pelo Diario na época resultou no afastamento de 13 policiais militares para investigação.

Um grupo de 17 adolescentes foi abordado por duas viaturas, sendo uma do Batalhão de Radiopatrulha e outra da Emergência Policial 190 do 16º BPM, nas imediações do Cais de Santa Rita quando seguiam para o Marco Zero, onde iriam brincar carnaval. Ouvidos pela reportagem na época do crime, os adolescentes contaram que foram colocados dentro das viaturas, circularam por várias ruas da cidade e depois foram levados para as imediações do Fórum do Recife, em Joana Bezerra. Lá, os adolescentes disseram que sofreram espancamentos de cassetetes, foram agredidos com tapas e depois obrigados a entrar na maré.

Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Como não sabiam nadar, Diogo e Zinael morreram afogados. Os outros garotos conseguiram sobreviver. Familiares das vítimas afirmaram que os meninos foram confundidos com um grupo que estava realizando furtos no Bairro do Recife. “Nossos filhos não eram ladrões. Só porque estavam com os cabelos pintados de loiro os policiais pensaram que eles estavam roubando”, afirmou a mãe de dois jovens que foram agredidos.

Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Em depoimentos à polícia e à Corregedoria Geral, os militares contaram que pegaram os garotos e depois os abandonaram, mas negam que tenham particado agressões. No entanto, segundo o delegado responsável pelas investigações não restam dúvidas das participações de cinco deles no crime.

“Com menos de 30 dias já tínhamos a identificação de todas as vítimas, sendo duas fatais, e ainda das viaturas que participaram das duas ações bem como os nomes dos envolvidos. Cinco deles foram indiciados, que são esses que estão indo a júri, os outros três foram denunciados pelo Ministério Público e serão julgados depois”, ressaltou o delegado Paulo Jeann Barros.

Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Depoimentos das vítimas e testemunhas, mapeamento das viaturas através do sistema GPS, recibo de devolução de dois cassetetes quebrados e o reconhecimento fotográfico dos suspeitos realizados pelas vítimas e testemunhas foram alguns dos indícios e provas materiais apresentados pela polícia.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Os familiares das vítimas estão confiantes na condenação dos réus. “Na quarta-feira (amanhã) estaremos todos no fórum. Tomara que agora a justiça seja feita, pois já se passaram muitos anos e os culpados não foram punidos”, desabafou a irmã de Diogo, a dona de casa Patrícia Rosendo Ferreira. Todos os acusdos estão respondendo aos crimes em liberdade. Com exceção do tenente Sebastião Félix, todos foram expulsos da PM. O caso do oficial está sendo analisado pelo Conselho de Justificação do Tribunal de Justiça da Pernambuco.

Há oito anos, PMs mataram dois adolescentes no carnaval

Todo ano, quando o carnaval se aproxima, o coração da dona de casa Zineide Maria de Souza fica apertado. Há oito anos, ela perdeu o filho mais velho, Zinael José Souza da Silva, com 17 anos na época. Ele e mais um grupo de 13 amigos do bairro de Afogados, alguns com cabelos pintados, seguiam para brincar carnaval no Recife Antigo quando foram parados por viaturas da Polícia Militar.

Zinael tinha 17 anos
Zinael tinha 17 anos

Depois de terem sido colocados nas viaturas e sofrerem várias agressões, parte do grupo foi obrigada pelos PMs a pular no Rio Capibaribe, nas imediações do Fórum Joana Bezerra, perto da Ponte Joaquim Cardoso. Dois deles, Diogo Rosendo e Zinael José, acabaram morrendo afogados tentando atravessar o rio. Os corpos dos adolescentes foram encontrados dias depois boiando no rio nas proximidades do bairro da Torre. Os PMs acusados do crime foram exonerados da corporação e condenados pelas duas mortes. As famílias lutam agora para receber uma indenização.

A primeira audiência de instrução e julgamento do processo de indenização por danos morais e materiais aos pais do estudante Zinael José Souza da Silva estava marcada para 12 de julho de 2012. No entanto, acabou adiada por tempo indeterminado, de acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), porque dois réus do processo não foram intimados. Os dois – que respondem ao processo criminal em liberdade – compareceram a audiência espontaneamente.

Ainda em maio de 2012, a audiência de indenização já havia sido adiada pela 8ª Vara da Fazenda Pública da Capital. A sessão foi cancelada na época porque três policias militares que tiveram participação nas agressões dos adolescentes não compareceram ao fórum. A dona de casa Zineide Maria de Souza e o policial militar reformado Israel Ferreira da Silva (pai de Zinael) estão pedindo uma indenização de R$ 350 mil ao estado. O caso, que teve repercussão nacional, aconteceu em marco de 2006 e foi publicado com exclusividade pelo Diario de Pernambuco na época.

Leia mais sobre o assunto em:

MPPE estará atento às ações da Polícia Militar neste carnaval