Novos PMs são apostas para o governo, mas só isso não basta

Em oito meses, Pernambuco registrou 3.735 assassinatos. Os números são da Secretaria de Defesa Social (SDS), que afirma está realizando todos os esforços para reduzir a criminalidade. O medo está espalhado em todos os cantos do estado. Apavora gente da capital ao Sertão. Apesar dos constantes apelos por mais segurança e das críticas que vem recebendo da oposição, o governo do estado aposta, de maneira imediata, na contratação de novos policiais militares para tentar sanar essa ferida que não para de crescer. Mas isso não é o suficiente. É preciso mais investimentos, novos equipamentos e melhor remuneração para os profissionais de segurança pública.

Grupo foi recepcionado pelo governador Paulo Câmara. Foto: Aluisio Moreira/SEI/Divulgação

Na tentativa de dar uma resposta mais rápida à população, os novos 1.322 alunos do Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar de Pernambuco foram recepcionados nesta sexta-feira pelo governador Paulo Câmara, em solenidade no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. Os alunos iniciarão o treinamento a partir da próxima semana. A expectativa é de que esse novo grupo chegue às ruas nos primeiros meses do próximo ano. Na semana passada, 1.448 novos policiais militares passaram a reforçar o policiamento no estado. Os soldados foram distribuídos em batalhões da Região Metropolitana do Recife e do interior do estado.

O curso terá duração de seis meses. Ao todo, serão 1.044 horas-aulas, com capacitação, teórica e prática sobre os diversos temas relacionados ao desempenho do trabalho policial, técnicas de policiamento ostensivo, abordagem, inteligência de segurança pública e defesa pessoal, além de temas fundamentais para o bom desempenho da profissão junto à população, como gerenciamento de crises, resolução de problemas, direitos humanos, ética e cidadania. Esperamos que esse efetivo consiga, quando chegar às ruas, trazer mais segurança para um estado que não aguenta mais viver sob medo constante.

Novos PMs nas ruas a partir desta sexta-feira. Será que isso resolve?

A partir desta sexta-feira, os novos 1,448 mil soldados da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) já estarão nas ruas de Pernambuco para tentar, junto aos demais agentes de segurança, diminuir os índices de criminalidade do estado. O grupo que participou da formatura na manhã desta quinta-feira vai atuar nas ruas da Região Metropolitana e também no interior. Participaram da solenidade o governador do estado, Paulo Câmara, o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, o comandante da PMPE, coronel Vanildo Maranhão, e diversas autoridades. Na próxima segunda-feira, uma nova turma de 1,3 mil alunos começará o Curso de Formação e Habilitação de Praças da PM. A expectativa é de que esse segundo efetivo esteja pronto para o trabalho ostensivo em até seis meses. Familiares do formandos acompanharam o evento que aconteceu no Quartel do Derby, na área central do Recife.

Novos militares passaram oito meses em curso. Fotos: Wagner Oliveira/DP

Em seu discurso, Paulo Câmara falou sobre a relevância da chegada dos novos PMs para ajudar no combate à criminalidade e declarou ainda que é contra a convocação da Força Nacional para atuar em Pernambuco, como foi proposto pelos deputados estaduais da bancada de oposição. “O povo quer policiais nas ruas, e essa resposta nós estamos dando com novos soldados, com as novas academias e com o trabalho responsável que a polícia está fazendo de prender traficantes de drogas, de prender homicidas e buscar, incansavelmente, restabelecer a paz em Pernambuco. Quando se pede a Força Nacional é porque se desconhece o nosso trabalho, tudo aquilo que a gente está fazendo por um estado de segurança e de paz. Temos que ter responsabilidade com o tema. Eu, como governador de Pernambuco, de maneira nenhuma vou autorizar isso”, destacou.

Governador comandou a solenidade ao lado da cúpula da segurança pública do estado

Sobre as tentativas de reduzir a criminalidade no estado, o governador falou ainda da entrada de novos alunos no curso de formação e da abertura de curso de formação da Polícia Civil. “A partir da próxima segunda-feira, começa uma nova academia com 1,3 mil novos PMs. E já em outubro, a academia dos policiais civis também vai começar. Teremos 140 novos delegados, 600 agentes e quase 500 novos profissionais da Polícia Científica. Não escondemos que estamos com desafios na segurança, os números mostram isso. Mas nós temos responsabilidade com o tema e com a população. Nos últimos três anos do meu governo, quase R$ 1 bilhão foi investido na segurança pública”, apontou Paulo Câmara.

Soldados comemoraram a formatura no Quartel do Derby

Com carga horária de 1.106 horas aulas, o Curso de Formação e Habilitação de Praças da PM foi iniciado em janeiro deste ano e foi realizado no Campus de Ensino Metropolitano I da Academia Integrada de Defesa Social (Acides). Além do trabalho prático, esses profissionais foram capacitados sobre diversos temas relacionados ao desempenho do trabalho policial, como as técnicas de policiamento ostensivo, abordagem, inteligência de segurança pública e defesa pessoal, além gerenciamento de crises, resolução de problemas, direitos humanos, ética e cidadania, e relações interpessoais. A promessa do governo do estado é de que a cada ano seja aberto concurso para o preenchimento de 500 vagas para contratar novos policiais militares.

“São homens e mulheres que atuarão não só na Região Metropolitana, mas serão distribuídos para as demais regiões. Todo o estado vai receber parte desse efetivo para aumentar a segurança de cada município”, declarou o secretário Antônio de Pádua. O soldado Neidson Queiroz, 23 anos, foi um formandos. Acompanhado da família, ele disse que estava feliz por entrar para a Polícia Militar. “É um momento de muita felicidade. Foram oito meses de muito aprendizado e agora espero colocar em prática nas ruas tudo o que aprendi para melhorar a segurança do nosso estado”, ressaltou o novo soldado.

Também nesta quinta-feira, foram entregues 83 novas viaturas aos órgãos operativos da SDS. A maior parte, 75, ficaram com a PMPE e serão utilizadas para o policiamento em áreas urbanas e na Patrulha Escolar, cinco foram repassadas para o Corpo de Bombeiros e três para a Polícia Civil. O comandante geral da PMPE, coronel Vanildo Maranhão, falou sobre a distribuição dos novos PMs. “Procuramos distribuir esse efetivo de uma maneira estratégica. Com esse reforço, umas das preocupações do comando em geral foi justamente contemplar aquelas unidades, aquelas pequenas cidades que têm os destacamentos menores. Essas cidades vão receber esse reforço para melhorar o policiamento ostensivo”, declarou o comandante.

DHPP investiga morte de menino atingido por uma bala perdida

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o assassinato do estudante Mateus Alexandre Teixeira da Silva, 14 anos. Ele morreu na manhã de ontem, após ter sido baleado durante uma perseguição policial na noite do último sábado. O adolescente foi atingido por um tiro na nuca quando estava na Rua Compositor José Dantas, no Vasco da Gama, Zona Norte do Recife.

A família de Mateus e moradores da localidade afirmam que o disparo partiu da arma de um policial militar. Policiais da Companhia Independente de Policiamento com Motos perseguiam três homens suspeitos de assaltos no momento em que o garoto foi baleado. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social.

Garoto foi baleado quando voltava para casa. Fotos: TV Clube/Reprodução
Garoto foi baleado quando voltava para casa. Fotos: TV Clube/Reprodução

Revoltado com a morte do filho, o pedreiro Antônio Carlos Tavares, 37, espera que os responsáveis pelo crime sejam punidos. “Quando eu já estava na porta da Corregedoria, soube que meu filho tinha ido a óbito. Voltei para resolver as coisas, mas vou finalizar a denúncia. Eles têm que pagar. Quero que os policiais sejam presos. Eles não poderiam ter feito isso com o meu filho. Ele era um estudante cheio de sonhos e queria ser economista. Agora teve os sonhos interrompidos por esses policiais que não são bem treinados. Vamos processar o estado. Esses policiais são matadores”, desabafou o pai de Mateus. O corpo do adolescente permanece no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro. O sepultamento está previsto para a tarde de hoje, no Cemitério de Casa Amarela.

Antônio Carlos quer que os culpados pela morte do filho sejam punidos
Antônio Carlos quer que os culpados pela morte do filho sejam punidos

A assessoria de comunicação da Polícia Militar de Pernambuco, por meio de nota, informou que os PMs da CIPMoto “participaram de diligências policiais que resultaram na troca de tiros entre eles e, pelo menos, três assaltantes, que desceram de um veículo atirando contra os policiais, que revidaram.” Ainda de acordo com a assessoria da PM, dois suspeitos foram presos, uma arma apreendida e um terceiro homem conseguiu fugir. “Os policiais chegaram a dizer que o menino estava no meio dos assaltantes, mas isso não é verdade. Mateus estava voltando da lan house quando foi atingido por um tiro na cabeça”, disse uma moradora da localidade que preferiu não se identificar.

Ainda segundo a PM, “no boletim de ocorrência, os policiais da CIPMoto relataram que os homens estavam em um veículo Siena e faziam direção perigosa, quando desembarcaram atirando, sendo um deles presos imediatamente. Em seguida, um segundo suspeito foi preso pelos PMs após travar lutar corporal com um dos policiais, que saiu com ferimentos durante a ação.” A PM esclareceu ainda que “ao tomarem conhecimento de que um adolescente de 14 anos teria sido ferido por disparos de arma de fogo, os PMs ficaram à disposição do Departamento de Homicídios e Proteçao à Pessoas (DHPP). O comando da CIPMoto abriu uma sindicância para apurar o caso.”

Na última sexta-feira, no bairro do Totó, um menino de 11 anos também foi baleado durante uma ação da Polícia Militar. De acordo com a corporação, os próprios PMs levaram o garoto para o Hospital Otávio de Freitas (HOF). Kauã Vinicius da Silva foi atingido enquanto empinava pipa com outras crianças. Ele continua internado na unidade de saúde. Segundo os moradores da comunidade, o incidente ocorreu quando uma viatura chegou ao local, onde geralmente costumam ocorrer ações truculentas. Cerca de três horas depois, a comunidade fez um protesto na localidade.

Equipe formada por PMs leva alegria a pessoas hospitalizadas

Quem está hospitalizado, além de cuidados médicos precisa da atenção de familiares e dos amigos. Isso ajuda na recuperação dos pacientes. Pensando nisso, um grupo de policiais militares do 19º BPM resolveu arregaçar as mangas para levar alegria aos leitos de hospitais. O grupo batizado de Equipe da Felicidade tem realizado várias visitas a colegas de farda e até a familiares deles.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A foto acima mostra a visita realizada pelo grupo à soldado Andrea, que teve seu primeiro filho recentemente. Os PMs fazem visitas a crianças doentes, levam presentes e fazem brincadeiras. Um verdadeiro exemplo de cidadania e respeito ao próximo. São de ações como essa que precisamos para deixar o mundo melhor. E não falo somente que devam partir de policiais militares, que muitas vezes são vistos apenas como opressores, mas é uma atitude que deve ser praticada por todos.

Foto: Polícia Militar/Divulgação
Foto: Polícia Militar/Divulgação

FESTA
No início deste mês, o sonho de princesa se realizou para uma menina impactada por uma dura realidade. Policiais do 12° Batalhão da Polícia Militar, localizado na Várzea, no Recife, realizaram uma festa de aniversário para Emily, que perdeu a mãe em fevereiro deste ano e, em seguida, foi separada do irmão. Os sete anos de vida foram festejados às 19h, no Buffet Cometa Kids, na Cidade Universitária, com direito a bolo, doces, salgados, decoração, animação, pula pula, piscina de bolinha, carrinho de pipoca e algodão, tudo com a colaboração de parceiros tocados pelo drama.

No último dia 14 de fevereiro, domingo após o carnaval, ela e o irmão, de oito anos, chamaram a atenção dos policiais ao chegarem à sede do batlhão de mãos dadas e chorando, pedindo ajuda para socorrer a mãe, que estava em casa passando mal e que havia desmaiado. O mais velho, Wellington, contou à soldado Josélia que ouviu os gemidos da minha mãe e, ao olhar pelo buraco da janela, a viu se contorcendo e passando mal. Com a irmã caçula pelo braço, o menino fechou a porta da casa e foi à procura de socorro.

Relator de CPI diz que estado é responsável por mortes praticadas por PMs

Da Agência Brasil

O relator da comissão parlamentar de inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa do Rio, destinada a investigar os autos de resistência e mortes decorrentes de ações policiais, atribuiu ao estado a culpa pelos recentes casos de assassinato de jovens cometidos pela Polícia Militar fluminense. Segundo o deputado estadual Wanderson Nogueira (PSB), “o policial porta a arma, mas quem puxa o gatilho é o estado. Sem punição aos chefes de polícia, secretário de Segurança e até mesmo ao governador, isso continuará acontecendo”, disse.

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

O representante do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Daniel Lozóya, concordou com o parlamentar e disse que casos como os dos jovens assassinados têm se tornado sistemático e revelam uma postura conivente das autoridades com esses policiais.“Infelizmente, isso se tornou algo rotineiro em nossa cidade. E como é notória a conivência das autoridades, só nos resta concluir que isso é aceito entre eles como algo normal. São práticas que, além disso, mostram que a nossa polícia é racista. Jovens negros e pobres sendo assassinados a todo instante não são uma mera coincidência”, afirmou.

Ana Paula Gomes, mãe de Jonatha, de 19 anos, morto com um tiro nas costas em 2014, na comunidade de Manguinhos, disse, ao prestar depoimento à CPI, que o estado está “com as mãos sujas de sangue”. “Só nós, pais e mães que perdemos nossos filhos, sabemos a dor que estamos sentindo. Nenhuma voz tem mais poder que a nossa quanto a isso”.

Márcia Jacinto, mãe de Hanry Silva Gomes de Siqueira, de 16 anos, morto em 2002 com um tiro no peito, falou também sobre a morte do filho. Ela disse que investigou o crime por conta própria e conseguiu fazer com que os policiais responsáveis pela morte fossem julgados e condenados, em 2008. “Eu fiz o trabalho que era para ser feito pela Polícia Civil. Eu que fiz as diligências sobre o caso. Descobri que eles plantaram um revólver 38 e uma trouxinha de maconha no bolso do meu filho e disseram que ele ofereceu resistência quando eles (policiais) invadiram a comunidade”.

Márcia revelou que hoje sofre de hipertensão e as filhas vivem com medo que ela morra por causa da saúde debilitada. “Sou hipertensa e tenho que agradecer ao estado por isso”, acrescentou. Márcia chegou a desmaiar por causa do aumento da pressão, mas foi socorrida pelos médicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e está bem.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), também relator da CPI, considerou fundamental a oportunidade de ouvir os relatos dos parentes das vítimas. Para ele, é importante não deixar que os casos caiam no esquecimento. “Até porque nós estamos falando de vidas, de seres humanos, não de números. Então o relato dessas mães contribui imensamente com o trabalho decisivo que essa CPI pode fazer pela segurança pública do Rio de Janeiro. Não pode ser normal uma polícia que mata aproximadamente duas pessoas por dia, que já são números deste ano”, afirmou.

Proposta de ciclo da polícia gera polêmica

A implantação do ciclo completo de polícia, que altera as atribuições dos órgãos de segurança pública, foi debatida ontem no Recife. Depois de passar por 11 capitais, o seminário “Por uma Nova Arquitetura Institucional da Segurança Pública: pela Adoção no Brasil do Ciclo Completo de Polícia” reuniu cerca de 800 pessoas no Centro de Convenções de Pernambuco na tarde de ontem.

Audiência reuniu centenas de pessoas. Foto: Ivaldo Reges/Agencia IR Fotos
Audiência reuniu centenas de pessoas. Foto: Ivaldo Reges/Agencia IR Fotos

O debate, promovido pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, recebeu políticos, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), delegados e policiais militares. A pauta polêmica foi alvo de críticas e elogios dos participantes. Delegados, que fazem parte da Polícia Civil, se posicionaram contra o ciclo completo de polícia. Já os PMs são favoráveis às mudanças. Os delegados argumentam que a proposta concede mais poderes aos policiais militares em detrimento dos civis.
A PEC 430/2009 institui uma nova organização policial estadual e extingue as atuais policias militares.

De acordo com a proposta, caberia à União legislar sobre essa nova estrutura (polícia estadual), subordinada aos governadores de estado e do Distrito Federal. Não se trata da unificação das polícias, mas da criação de um novo sistema de segurança pública. A PEC assegura aos atuais integrantes das polícias – Civil e Militar – optar por migrar para o novo sistema ou permanecer na carreira vigente.

O texto traz como mudanças a possibilidade de o policial militar realizar ações preventivas, ostensivas e de investigação. Atualmente, apenas as duas primeiras ações cabem à PM. “No mundo inteiro, só o Brasil, Cabo Verde e Guiné Bissau têm ‘meias-polícias’. Os demais países têm polícia de ciclo único, ou seja, faz a parte preventiva, ostensiva e também investiga”, afirmou o deputado federal Raul Jungmann (PPS), relator da PEC.

Lei torna crime hediondo o assassinato de policiais

Da Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, a lei que torna crime hediondo o assassinato de policiais civis, militares, rodoviários e federais, além de integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do sistema prisional, seja no exercício da função ou em decorrência do cargo ocupado. A nova lei foi publicada na edição dessa terça-feira do Diário Oficial da União.

Aprovada pelo Congresso, em junho, a lei também estabelece o agravamento da pena quando o crime for cometido contra parentes até terceiro grau desses agentes públicos de segurança e for motivado pelo parentesco deles. Esses tipos de homicídio especificamente serão considerados qualificados, o que aumentará a pena do autor do crime.A pena vai variar de 12 a 30 anos de prisão, maior que a pena para homicídio comum, de seis a 20 anos. Também foi aumentada em dois terços a pena para casos de lesão corporal contra esses agentes de segurança pública ou parentes deles.

Um banco assaltado por semana em Pernambuco

Do Diario de Pernambuco, por Paulo Trigueiro e Wagner Oliveira

Cinco homens foram presos depois de assaltarem e fazerem reféns clientes e funcionários do Banco Santander da Estrada do Arraial, em Casa Amarela. O crime aconteceu por volta das 15h de ontem e gerou muita tensão no local.

Segundo o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, com o assalto de ontem já foram registradas 24 ocorrências no estado desde o início do ano, o que corresponde a um assalto a banco por semana, em média. O número já supera a quantidade de assaltos do ano passado, quando 16 casos foram notificados pelo sindicato.

Policiais Militares foram acionados para a ocorrência em Casa Amarela. Fotos: Rafael Martins/DP/D.A Press
Policiais Militares foram acionados para a ocorrência em Casa Amarela. Fotos: Rafael Martins/DP/D.A Press

Várias viaturas da Polícia Militar foram enviadas ao local. De acordo com o comandante da operação, coronel Ronaldo Tavares, quatro homens entraram na agência e um deles portava uma arma de brinquedo. Com ela, um dos três vigilantes do banco foi rendido e teve sua arma tomada pelos criminosos. Em seguida, os outros dois vigilantes que estavam no térreo da agência foram rendidos também. Os suspeitos chegaram a roubar um malote de dinheiro que foi recuperado.

O delegado de Repressão ao Roubo, Mauro Cabral, afirmou que a quadrilha responsável pela ação de ontem já teria feito o reconhecimento do local anteriormente. “Cinco pessoas foram presas e cinco armas foram apreendidas, sendo quatro revólveres calibre 38 e uma arma de brinquedo”, afirmou o delegado.

Assaltantes foram presos e levados para a Delegacia de Repressão ao Roubo
Assaltantes foram presos e levados para a Delegacia de Repressão ao Roubo

O diretor do Sindicato dos Bancários, José Rufino, afirmou que hoje o sindicato irá procurar o Ministério Público de Pernambuco para cobrar o cumprimento da lei municipal que determina regras para a segurança dos bancos. “As agências continuam sem portas blindados e no caso de hoje, o banco deveria ter quatro vigilantes por ter dois pavimentos. No entanto, havia apenas um vigilante no primeiro andar e justo ele foi o primeiro rendido.”

Os suspeitos não foram agressivos, segundo os clientes. “Estava no local para fazer um depósito, mas não consegui. Mas os assaltantes não bateram em ninguém”, contou a aposentada Aurelinda Pereira.

Caetés
Dois caixas eletrônicos da agência do Bradesco do município de Caetés, no Agreste, foram explodidos na madrugada de ontem. Doze homens armados fugiram com uma quantia não informada.

PMs acusados de mandar garotos pularem no rio serão julgados

Nove anos após as mortes de dois adolescentes que morreram afogados após serem obrigados a entrar no Rio Capibaribe, cinco dos oito policiais militares acusados pelo crime irão a júri popular. O julgamento dos réus Sebastião Antônio Félix (tenente), Aldenes Carneiro da Silva (sargento), José Marcondi Evangelista (soldado), Ulisses Francisco da Silva (soldado) e Irandi Antônio da Silva (soldado) está marcado para quarta-feira, às 9h, na Primeira Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano.

Meninos foram agredidos com cacetetes pelos PMs. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press
Meninos foram agredidos com cassetetes pelos Policiais Militares. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press

Os corpos dos adolescentes Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, foram encontrados no dia 1º de março de 2006, boiando no rio, no bairro da Torre. O caso publicado com exclusividade pelo Diario na época resultou no afastamento de 13 policiais militares para investigação.

Um grupo de 17 adolescentes foi abordado por duas viaturas, sendo uma do Batalhão de Radiopatrulha e outra da Emergência Policial 190 do 16º BPM, nas imediações do Cais de Santa Rita quando seguiam para o Marco Zero, onde iriam brincar carnaval. Ouvidos pela reportagem na época do crime, os adolescentes contaram que foram colocados dentro das viaturas, circularam por várias ruas da cidade e depois foram levados para as imediações do Fórum do Recife, em Joana Bezerra. Lá, os adolescentes disseram que sofreram espancamentos de cassetetes, foram agredidos com tapas e depois obrigados a entrar na maré.

Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Agressões aconteceram nas imediações da Ponte Joaquim Cardoso. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Como não sabiam nadar, Diogo e Zinael morreram afogados. Os outros garotos conseguiram sobreviver. Familiares das vítimas afirmaram que os meninos foram confundidos com um grupo que estava realizando furtos no Bairro do Recife. “Nossos filhos não eram ladrões. Só porque estavam com os cabelos pintados de loiro os policiais pensaram que eles estavam roubando”, afirmou a mãe de dois jovens que foram agredidos.

Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Zinael Souza tinha 17 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Em depoimentos à polícia e à Corregedoria Geral, os militares contaram que pegaram os garotos e depois os abandonaram, mas negam que tenham particado agressões. No entanto, segundo o delegado responsável pelas investigações não restam dúvidas das participações de cinco deles no crime.

“Com menos de 30 dias já tínhamos a identificação de todas as vítimas, sendo duas fatais, e ainda das viaturas que participaram das duas ações bem como os nomes dos envolvidos. Cinco deles foram indiciados, que são esses que estão indo a júri, os outros três foram denunciados pelo Ministério Público e serão julgados depois”, ressaltou o delegado Paulo Jeann Barros.

Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal
Diogo Rosendo, amigo de Zinael, tinha 15 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Depoimentos das vítimas e testemunhas, mapeamento das viaturas através do sistema GPS, recibo de devolução de dois cassetetes quebrados e o reconhecimento fotográfico dos suspeitos realizados pelas vítimas e testemunhas foram alguns dos indícios e provas materiais apresentados pela polícia.

Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006
Caso foi publicado com exclusividade pelo Diario em março de 2006

Os familiares das vítimas estão confiantes na condenação dos réus. “Na quarta-feira (amanhã) estaremos todos no fórum. Tomara que agora a justiça seja feita, pois já se passaram muitos anos e os culpados não foram punidos”, desabafou a irmã de Diogo, a dona de casa Patrícia Rosendo Ferreira. Todos os acusdos estão respondendo aos crimes em liberdade. Com exceção do tenente Sebastião Félix, todos foram expulsos da PM. O caso do oficial está sendo analisado pelo Conselho de Justificação do Tribunal de Justiça da Pernambuco.

Policiais Militares esperam pelo Plano de Cargos e Carreiras

Mesmo com o anúncio da promoção de cerca de cinco mil policiais e bombeiros militares feito no mês passado pelo governo do estado, os policiais militares de Pernambuco seguem trabalhando insatisfeitos. Em entrevista na manhã desta terça-feira, na Rádio Globo Recife AM 720, no programa Em foco, apresentado pelo jornalista Aldo Vilela, representantes de duas associações afirmaram que os militares almejam a implantação do Plano de Cargos e Carreiras na corporação.

Programa foi ao ar nesta terça-feira. Foto: Alex Bodogá/DP/D.A Press
Programa foi ao ar nesta terça-feira. Foto: Alex Bodogá/DP/D.A Press

Participaram do debate o presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS), cabo Alberisson Carlos, e o presidente da Associação dos Militares de Pernambuco (AME), capitão Wladimir Assis. Apesar de insatisfação generalizada da categoria, segundo os dois presidentes, não existe ainda nenhuma possibilidade de paralisação. “A tropa está muito insatisfeita com a situação atual. Estamos esperando que o governo mostre novas propostas. O pacote de bondade apresentado até agora não agradou”, afirmou o Alberisson.

Ainda no debate que durou uma hora, os representantes dos militares falaram sobre a falta de efetivo de policiais nas ruas. “O efetivo atual da PM é de 19,7 mil homens, mas se você for na rua agora não vai contabilizar mais do que dois mil PMs. Do total de ativos existem pessoas de férias, gente de folga, aqueles que trabalham em serviço interno e ainda alguns policiais que estão de licença médica”, ressaltou capitão Assis.

Segundo os presidentes das duas associações, cerca de 600 policiais militares deixam a corporação todos os anos. Esse número é a soma das pessoas que se aposentam e daquelas que deixaram a polícia porque passaram em outros concursos. “Temos um dos piores salários do Brasil. Como a polícia não é atrativa, muita gente acaba partindo para outras oportunidades”, ponderou Alberisson. Um salário inicial para um soldado da PM atualmente é de R$ 2.819.