A segunda tentativa da defesa de tirar o médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, da prisão também não teve resultado posivito. Ontem, a juíza Inês Maria de Albuquerque, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes, negou o pedido de revogação da prisão temporária do suspeito.
Segundo a polícia, o médico é suspeito da morte do cirurgião Artur Eugênio de Azevedo Pereira, morto no último dia 13 de maio. Cláudio Amaro e o seu filho, Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, também suspeito de ter participado do crime, estão presos desde o dia 3 de junho no Centro de Triagem (Cotel), Abreu e Lima.
No início da semana, o pedido de habeas corpus para o médico já havia sido negado pelo desembargador Marco Maggi, da 4ª Câmara Criminal. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a revogação indeferida da juíza foi baseada na decisão de Maggi.
Preso desde a última terça-feira, o médico Cláudio Amaro Gomes escreveu uma carta que está sendo repassada pelos seus advogados na qual o cirurgião afirma estar sendo injustiçado com a acusação de ter mandado matar o também médico Artur Eugênio.
Confira a carta
Aos meus familiares, amigos e colegas de profissão:
Escrevo-lhes estas breves mas sinceras palavras para confortá-los nesse triste momento de nossas vidas. Quero lhes dizer que, apesar de tudo e de todos, das mentiras e especulações, do linchamento público a que venho sendo injustamente submetido, tenho procurado reunir forças para me manter firme. Peço-lhes que façam o mesmo.
Afinal, devemos todos confiar na Justiça, ainda que isso não pareça ser o verdadeiro propósito daqueles que me acusam, e simplesmente acusam, sem provas.
A humilhação dessa injusta prisão, a desonra de uma absurda e inventiva acusação, haverão de ter fim. Cedo ou tarde. E para isso não medirei esforços. E sei que farão o mesmo.
Somente os que estão realmente comprometidos com a verdade e conhecem profundamente minha história pessoal e trajetória profissional sabem o quanto seria incapaz de praticar ato tão vil como esse de que me acusam, e que vai de encontro a todos os meus princípios e convicções e a tudo que realizei durante meus 57 anos.
Fiz um juramento de salvar vidas. Jamais, de tirá-las! E é com esse espírito, de salvar vidas, que tenho procurado me conduzir ao longo de décadas dedicadas ao fazer bem às pessoas.
O que não parece correto nem sensato aceitar é que desentendimentos profissionais, absolutamente normais entre aqueles que atuam com o peso da responsabilidade de salvar o próximo, possam ser considerados, como têm sido à falta de provas, motivo para o cometimento de um crime tão bárbaro. Isso não faz o menor sentido, definitivamente.
Preciso dizer que ninguém, ninguém!, deseja mais do que eu que os fatos sejam apurados e os reais responsáveis sejam encontrados e exemplarmente punidos, como impõe a lei. E como todos esperam que aconteça.
Prova disso é que, mesmo jamais tendo sido anteriormente procurado por qualquer autoridade, desde o primeiro instante me coloquei à disposição da Justiça. Inclusive, todos vocês sabem, no momento em que essas descabidas acusações vieram a público me encontrava fora do país, participando de evento médico.
Por obrigação moral não hesitei em retornar ao Brasil, onde, mesmo submetido a um processo de degradação e humilhação públicas, procurei exercer minhas funções e minha rotina diária até ser surpreendido com uma ordem de prisão.
Finalizo dizendo que não compactuo, como todos certamente não compactuam, com a forma como essas investigações vêm sendo conduzidas ao sabor da pressão midiática. Infelizmente, a única preocupação daqueles que conduzem essas investigações é simplesmente encontrar “culpados”, em vez de descobrir “provas” que demonstrem essa culpa.
“A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos”. (Montesquieu).
Cláudio Amaro Gomes
A Polícia Civil de Pernambuco informou que o Ministério Público de Pernambuco e o Poder Judiciário estão acompanhando toda a investigação e que a polícia tem provas “robustas” contra os suspeitos. A PCPE disse ainda que uma prova de que a investigação está no caminho certo foi a negativa do pedido de habeas corpus do médico Cláudio Gomes.
A viúva do cirurgião Artur Eugênio falou com a imprensa sobre o assassinato do marido e contou que o médico pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo concedeu entrevista acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima. Veja o que ela revelou:
Quando começaram as divergências entre seu marido e o doutor Cláudio Gomes?
Desde o tempo em que Artur estava fazendo o estágio probatório do Hospital das Clínicas e doutor Cláudio era o chefe direto dele. Além disso, havia divergências na rede particular. Devido a esses problemas, Artur preferiu deixar a equipe dele e trabalhar com outros profissionais.
Artur contou se havia recebido alguma ameaça por parte dos suspeitos apontados pela polícia?
Nunca soube de ameaças recebidas por Artur. E o filho de doutor Cláudio, pelo que eu sei, não teria motivos para querer matar o meu marido. Não vejo outra razão para o crime a não ser a que está sendo apontada pela polícia. Artur estava se destacando na área e iria assumir a presidência de uma câmara técnica que seria criada pelo Cremepe. Participou de uma reunião uma semana antes de ser assassinado.
Seu marido chegou a fazer alguma denúncia contra doutor Cláudio?
O que existiu foi um inquérito administrativo aberto porque doutor Cláudio reprovou Artur no término do estágio. Ele disse que o desempenho de Artur era péssimo, diferentemente da posição de todos os outros médicos em relação à postura de Artur. Por conta disso, Artur pretendia entrar na Justiça com um processo por assédio moral contra ele.
Diante do rumo das investigações e das ameaças de morte que algumas testemunhas sofreram, você teme pela sua vida?
Eu nunca recebi nenhuma ameaça, mas estou assustada. Eu perdi o medo de morrer. Não consigo imaginar o que tem na cabeça dessas pessoas. Então, isso me causa medo. Tenho medo de algum outro mal para o meu filho.
A Polícia Civil solicitou ao Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) que faça a confrontação das fichas de novos suspeitos da morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo, 36 anos, com as impressões digitais encontradas na garrafa plástica deixada ao lado do carro da vítima após o veículo ter sido queimado. Esse foi o caminho por onde a polícia conseguiu provar a participação do bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, no crime. As digitais dele foram detectadas no recipiente que transportou o líquido usado para queimar o Golf do médico.
Além de Cláudio Júnior, o pai dele, o médico Cláudio Amaro Gomes, 57, também está preso no Centro de Triagem. Júnior é apontado como um dos executores e seu pai seria o mandante do assassinato ocorrido no dia 12 de maio. Ontem, a viúva de Artur falou sobre o caso e disse que o marido pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo falou com os jornalistas acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima, no escritório deles, no Parnamirim.
No dia em que o corpo de Artur Eugênio de Azevedo foi encontrado, em Jaboatão, a polícia já tinha em mãos o nome do principal suspeito, o médico Cláudio Gomes. Diante das informações colhidas entre familiares e colegas de trabalho, foi solicitada à Justiça a quebra de sigilo telefônico e bancário dele. Na noite do crime, entre a hora em que a vítima deixou o Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e o momento da execução, pai e filho se falaram pelo menos duas vezes por telefones celulares. Além disso, Cláudio Júnior foi flagrado pelas câmeras do HCP, de onde seguiu Artur até o prédio dele, em Boa Viagem, onde também foi filmado.
Ontem, o delegado Guilherme Caraciolo ouviu novas testemunhas, mas afirmou que não comentaria de quem se tratava porque elas estão sendo ameaçadas. “Só falarei quando forem presos os suspeitos de executarem o médico. Também pretendo fazer uma reconstituição quando isso acontecer”, afirmou o delegado.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Marco Maggi negou ontem o pedido de habeas corpus feito no fim de semana pelos advogados do médico Cláudio Gomes. Em sua decisão, Maggi ainda manteve a prisão temporária do cirurgião. A defesa vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta semana.
Quanto a Cláudio Júnior, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão dele pela autuação em flagrante pela posse de arma de fogo. Porém, como há o mandado de prisão temporária relacionado à morte do cirurgião, ele continuará no Cotel. O médico e o filho estão sendo investigados por sequestro, homicídio, roubo e associação criminosa.
Hoje, o grupo Unidos por Artur, criado por amigos e familiares do médico assassinado, fará uma caminhada pela paz. O encontro está previsto para acontecer às 16h, na Praça Miguel de Cervantes no bairro da Ilha do Leite. Eles pedirão justiça para o caso. Enquanto isso, a Polícia Civil segue trabalhando para esclarecer toda a trama e prender todos os suspeitos do crime.
Ameaças a testemunhas, circulação de informações sobre possíveis motivações do crime nas redes sociais e risco de fuga dos suspeitos estão entre os fatores que levaram a polícia a pedir as prisões do médico Cláudio Amaro Gomes, 57 anos, e do filho dele, o bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32. Eles teriam tramado a morte do médico Artur Eugênio de Azevedo, 36, assassinado no dia 12. De acordo com a polícia, Cláudio Amaro (pai) estava de viagem marcada aos Estados Unidos.
Pai e filho, que estão presos em celas diferentes no Cotel, se negaram a prestar depoimento ontem ao delegado Guilherme Caraciolo. O investigador afirma ter provas materiais contra ambos. Além dos dois outros homens que são procurados por participação no assassinato, a polícia admitiu que pode haver uma quinta pessoa envolvida no crime.
Segundo fontes da Polícia Civil, além das ameaças de morte que várias pessoas receberam para não repassar informações sobre as divergências entre Cláudio e Artur, a viagem do médico aos EUA (para participar de um congresso) foi interpretada pela polícia como possibilidade de fuga.
Contra Cláudio Júnior constam as impressões digitais dele no local onde o carro da vítima foi queimado e as imagens que comprovam que ele seguiu Artur da saída do hospital até o prédio onde o médico morava, em Boa Viagem. “Não realizamos diligências hoje (ontem) mas estamos investigando o envolvimento de um quinto suspeito”, acrescentou Caraciolo.
Os pedidos de revogação das prisões temporárias foram entregues à Justiça ontem e devem ser analisados hoje. “O que meu pai mais quer agora é chegar em casa e voltar a trabalhar”, afirmou Daniel Gomes, que também é advogado.
Para que a juíza Maria Inês de Albuquerque analise os pedidos de liberdade, os quatro volumes do inquérito precisam ser remetidos pela polícia à 1ª Vara Criminal de Jaboatão. Ontem, o advogado Daniel Lima, que representa a família de Artur, também analisou o inquérito.
A Polícia Civil prendeu pai e filho suspeitos de participação no assassinato do médico Artur Eugênio de Azevedo. Eles estão seguindo para a Delegacia de Homicídios de Prazeres, em Jaboatão. De acordo com a polícia os suspeitos estão com a prisão temporária de 30 dias decretada. Os nomes dos suspeitos são Cláudio Amaro Gomes, médico, e Cláudio Amaro Gomes Júnior, advogado.
Policiais da Núcleo de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) de Jaboatão dos Guararapes e do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começaram desde o início da manhã as investigações sobre a morte do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36 anos. A suspeita principal é de latrocínio (assalto seguido de morte), mas outras possibilidades não foram descartadas.
O cirurgião torácico foi encontrado morto na noite dessa segunda (12), em Comporta, Jaboatão dos Guararapes, com quatro marcas de tiros. o veículo da vítima, um Gol de cor preta e placas OYS-1564 foi encontrado na manhã desta terça-feira, completamente cabronizado, por trás do CT do Náutico, no bairro da Guabiraba, no Recife.
As primeiras informações da polícia são de que o médico desapareceu depois de visitar um paciente no Hospital Português, na Ilha do Leite. Quando foi encontrado morto, ele estava sem documentos de identificação. No bolso da camisa estava apenas o cartão do estacionamento da unidade de saúde, de onde saiu à noite. As investigações do caso estão sendo comandadas pelo delegado Guilherme Caraciolo.
Por volta das 12h desta terça-feira, o corpo de Artur Eugênio deixou o Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, onde foi periciado. O velório acontece nesta tarde na capela do Hospital Português. Até o momento ainda não há informações sobre o horário e local do sepultamento.
Vários colegas de profissão do cirurgião estiveram no IML e lamentaram a morte. Artur foi descrito como um profissional dedicado e uma pessoa muito alegre. O médico morava no Recife apenas com a esposa e um filho de pouco mais de um ano. Os familiares são todos de Campina Grande, na Paraíba.