A abordagem policial supostamente agressiva a um casal gay que se beijava em Olinda, no dia 11 de fevereiro, teve grande repercussão nas redes sociais e trouxe à tona a qualidade da formação dos profissionais de segurança pública do estado. Os turistas chegaram a ser levados à delegacia por policiais militares que trabalhavam no Sítio Histórico. Os jovens alegaram que foram desrespeitados e denunciaram o caso à Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Para evitar casos como esses e outras situações de violação de direitos humanos, a Polícia Militar de Pernambuco mudou a grade de disciplinas do Curso de Formação de Soldados, que treina os novos militares antes deles irem para as ruas. Entre as novidades do curso está a matéria de comunicação social voltada ao trato com o cidadão e com a imprensa.
Atualmente, 1,1 mil novos alunos estão sendo formados nos Campus de Ensino Metropolitanos do Curado, em Jaboatão, e de Maranguape, em Paulista. De acordo com o comandante do Cemet I, major Ely Lira Leite, do total de formandos, 207 são de sexo feminino. “Aqui os alunos têm aulas práticas e teóricas e são orientados quanto ao respeito aos direitos humanos. Também estamos ressaltando bastante o tratamento dos policiais com a sociedade”, ressaltou o major.
Entre as disciplinas ministradas no curso estão direitos humanos, abordagem, comunicação social, uso diferenciado da força, resolução de problemas e tomadas de decisão, prevenção, mediação e resolução de conflitos, diversidade étnico socio-cultural e relações interpessoais. Segundo o gerente de Articulação Integração Institucional e Comunitária da SDS, Manoel Caetano Cysneiros, todas as disciplinas são ministradas por pessoas especialistas nas respectivas áreas.
Os novos soldados Cristiano Souza, 28, e Maria Angélica Tenório, 25, eram namorados quando fizeram o concurso para a PM em 2009. Integrantes da última turma convocada e agora casados, estão se preparando juntos para iniciar o trabalho nas ruas em agosto. “Minha mãe é policial militar há 29 anos. Sempre tive o exemplo do que é ser um bom policial dentro de casa e me espelhei nela para escolher minha carreira”, ressaltou Angélica. “Queremos mostrar à sociedade que não estaremos na rua para oprimir, e sim, para ajudar a todos”, frisou Cristiano.
O corregedor geral da SDS, Sidney Lemos, afirmou que o número de denúncias feitas à Corregedoria em relação à violação de direitos humanos é baixo. “Estamos em apuração no caso do casal de Olinda e este ano só recebemos essa e mais uma denúncia parecida”, disse.
Depoimentos:
“Quero ajudar a acabar com a guerra entre a sociedade e a polícia. Estaremos nas ruas para ajudar e não para oprimir”
Ronan Rodrigues da Silva, 31 anos
“Estamos aprendendo a tratar o cidadão com respeito. Para isso estamos tendo aulas de direitos humanos e relação com o público”
Bruno Santos de Araújo, 28 anos
“Desde criança eu sonhava em ser policial militar. A partir de agora, vou lutar para levar segurança para as comunidades”
Welbson Izidorio da Silva, 31 anos