Pesquisa feita por delegado aponta que 94% da categoria está insatisfeita

O texto abaixo foi retirado do Facebook do delegado Igor Leite, que atualmente responde pela Delegacia de Jaboatão dos Guararapes. Seguido por mais de 9 mil pessoas no seu perfil do Facebook, Igor publicou no dia 5 deste mês uma pesquisa feita por ele.

No entanto, essa insatisfação não é só dos delegados. Agente, escrivão, comissário, todo mundo tem reclamado bastante das condições de trabalho na Polícia Civil do estado. Se queixam principalmente da cobrança excessiva em resultados devido ao Pacto pela Vida e de não serem reconhecidos pelo desempenho. Depois da greve da Polícia Militar e de toda desordem que houve no estado, cabe ao governo olha mais para a segurança pública de Pernambuco.

Veja o texto sobre a pesquisa:

Percebendo a insatisfação dos Delegados da Polícia Civil de Pernambuco, como delegado e também pesquisador da área de ciências biológicas (graduação), direito, perícia criminal e políticas públicas de segurança (pós-graduação), resolvi avaliar o verdadeiro sentimento desses profissionais através de pesquisa e em números.

OBS: Gráficos em números absolutos (n=90).

Assim, sem apego a formalismos metodológicos desnecessários ao propósito, apliquei um simples questionário, com duas perguntas/quesitos, que deveriam ser respondidos com SIM ou NÃO, existindo ainda a possibilidade de ausência de resposta em qualquer dos quesitos.

Os questionários foram aplicados através de grupos de emails, grupos de whatsapp e grupo do facebook, sendo todos compostos por Delegados de Polícia de Pernambuco. Os participantes teriam que responder o questionário voluntariamente. As perguntas foram as seguintes:

1) Você está satisfeito exercendo o cargo de Delegado de Polícia Civil em Pernambuco?

2) Deixaria o cargo para assumir outra carreira jurídica com remuneração equivalente ou superior?

21% (90) dos 423 delegados em atividade em Pernambuco responderam o questionário. Os resultados foram impressionantes!

– 94% dos profissionais estão insatisfeitos exercendo o cargo de Delegado de Polícia em Pernambuco.

– 91% afirmaram que deixariam o cargo para assumir outra carreira jurídica com salário equivalente ou superior.

– 6% não deixariam o cargo por outra carreira.

– 2% estão satisfeitos com o exercício do cargo em Pernambuco, mas deixariam a função por outra carreira.

Apenas 01 (um) delegado afirmou que está satisfeito e que não deixaria a carreira por outra. Por coincidência (ou não) é um dos poucos que exerce função gratificada de valor elevado, tendo salário maior que os demais.

Os motivos da insatisfação foram apontados por alguns como sendo, inicialmente, o baixo salário – que atualmente é o terceiro pior do Brasil. Em seguida, os motivos mais apontados foram a ausência de estrutura para prestar um bom atendimento ao cidadão e as cobranças excessivas do governo, com colocação do profissional de segurança em segundo plano. Já existe, inclusive, um grupo de mais de 30 delegados que planeja reuniões de estudos semanais, com o intuito de realizar outro concurso e deixar a carreira no estado.

Não é a toa que desde o mês passado os Delegados de Pernambuco, após deliberação da entidade de classe, deflagraram a Operação Legal que, se cumprida na íntegra, deve fazer ruir a produtividade das delegacias e afetar o resultado do Pacto pela Vida.

Não é preciso ser especialista em segurança, bastando analisar os números da pesquisa, a mudança de postura e o grau de insatisfação das autoridades policiais, para perceber que o tempo está nebuloso e que o futuro não parece mais promissor.

Vidas que valem mais e vidas que valem menos. Uma reflexão

Já havia comentado aqui no blog sobre a diferença de tratamento dada aos casos de mortes de dois servidores do Estado ligados à segurança pública. O primeiro a ter vida interrompida foi o promotor Thiago Faria Soares. O segundo, foi o soldado da Polícia Militar Alisson Ribeiro. O que muita gente questiona é o destaque dado a um e a outro caso. Abaixo, segue um texto do delegado Igor Leite sobre esse tema. Com a licença dele, estou reproduzindo para a análise de vocês.

Igor Leite escreveu sobre o caso em sua página no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook
Igor Leite escreveu sobre o caso em sua página no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook

Confira o texto do delegado:

Um Policial Militar do 6º BPM voltava para casa de motocicleta, quando foi emboscado por um veículo com homens armados, que efetuaram diversos disparos de arma de fogo e ceifaram a vida do policial, que não teve qualquer oportunidade de defesa. Crime relacionado ao trabalho? É bem possível. Mas ninguém ouviu falar do caso e, se ouviu, foi certamente muito pouco.

Infelizmente, não foi montada equipe especial para apurar o feito. Não foram designados diversos delegados, equipes multidisciplinares com dezenas de policiais e peritos, nem surgiu apoio do Ministério Público, OAB ou coisa alguma. Não existiu alarde, mas silêncio. Alguns poucos colegas trabalharam na hora de folga para tentar solucionar o caso. E só! Em contrapartida, há dias um promotor de Justiça foi assassinado de modo similar e todos sabem o que aconteceu. Pelo menos uma centena de funcionários públicos trabalharam no caso e a mobilização foi hercúlea, com repercussão até internacional.

Ao que me parece, ainda que sejam todos funcionários públicos que trabalham pela justiça, há vidas que valem mais e vidas que valem menos. Talvez seja importante refletir sobre isso, antes de enfiar a cara na próxima boca de fumo…

Igor Leite – Delegado da Polícia Civil de Pernambuco

Leia mais sobre o assunto em:

Parentes e amigos do PM assassinado pedem mais empenho nas investigações

Homem é preso após furtar mais de 10 mil de escola

Será apresentado à imprensa, na manhã desta quarta-feira, um homem suspeito de ter arrombado a Escola Municipal Vinícius de Moraes, em Jaboatão. De acordo com o delegado Igor Leite, que irá apresentar o caso, o homem teria subtraído mais de dez mil reais em equipamentos da escola.

Dentre os produtos levados estão um projetor multimídia, computadores e outros objetos. Segundo o delegado, alguns bens foram recuperados em poder de um casal de receptadores, moradores da localidade, que também foram autuados pelo crime de receptação qualificada. A apresentação está prevista para as 9h.

Delegacia de Jaboatão cria espaço infantil para filhos de usuários

Para deixar a presença de crianças nas delegacias menos traumáticas, a Delegacia de Jaboatão inaugurou recentemente uma área infantil onde os pequenos podem ficar esperando os pais ou responsáveis prestarem depoimento ou serem atendidos. A iniciativa do delegado Igor Leite, titular da unidade, está mudando a realidade de funcionários e da população da cidade. No ambiente, estão mesas e cadeiras coloridas, brinquedos diversos, jogos, livros, revistas, folhas de colorir e ainda são realizados concursos de pintura.

Crianças podem brincar enquanto adultos são atendidos. Foto: Igor Leite/Divulgação
Crianças podem brincar enquanto adultos são atendidos. Foto: Igor Leite/Divulgação

Segundo o delegado Igor Leite, “a delegacia de polícia, na maior parte das vezes, é o primeiro contato da sociedade com o Estado, sendo geralmente ambiente com clima pesado, em razão da própria função de investigação de ilícitos e atendimento de indivíduos vitimados pela violência. Quando se fornece um pouco de magia a uma criança, o mundo parece brilhar de volta em encantamento”, afirmou o delegado.

Desenhos feitos pelas crianças. Foto: Igor Leite/Divulgação
Desenhos feitos pelas crianças. Foto: Igor Leite/Divulgação

Outra unidade policial que também tem um espaço destinado às crianças é a Delegacia de Piedade, também no município de Jaboatão dos Guararapes. Espaços reservados para os pequenos também existem nas unidades da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) especializadas em atender crianças e adolescentes vítimas e infratores.

 

 

Polícia está investigando origem e destino de explosivos apreendidos

A Delegacia de Repressão ao Roubo está investigando se existe ligação entre os explosivos apreendidos no bairro de Socorro, em Jaboatão, com os crimes de explosões de caixas eletrônicos registrados no estado. De acordo com o delegado Mauro Cabral, titular da especializada, ainda é preciso cautela para afirmar que os explosivos apreendidos seriam utilizados para explodir caixas eletrônicos. “Vamos investigar de que forma estava sendo feito o repasse do resto desse explosivo apreendido”, ponderou. Após a prisão dos suspeitos, funcionários e familiares fizeram um protesto em frente à delegacia.

Material apreendido estava enterrado num quintal. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press
Material apreendido estava enterrado num quintal. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

Após 15 dias de investigação, agentes da Delegacia de Jaboatão prenderam, na manhã da última segunda-feira, dois homens com 270 quilos de explosivos. Segundo o delegado Igor Leite, responsável pela apreensão e pelas prisões dos suspeitos, o material apreendido poderia estar sendo repassado às quadrilhas especializadas em explosões de caixas eletrônicos. Com os suspeitos foram encontrados ainda 25 bananas de dinamite, 70 quilos de pólvora, cinco rolos de cordel (fio), mil espoletas e duas espingardas. De acordo com a polícia, o material apreendido e que estava escondido no quintal da casa do comerciante Jerônimo Augusto dos Santos, 57 anos dono de uma pedreira, no bairro de Socorro, seria suficiente para destruir, caso fosse explodido, três quarteirões inteiros ou um campo de futebol e meio.

Parentes e funcionários de um dos suspeitos protestaram. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press
Funcionários de um dos suspeitos protestaram. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A.Press

O segundo homem preso em Jaboatão, José Plácido de Melo Filho, 52, seria o responsável pelo transporte do material explosivo. “Esse material que foi apreendido  está muito acima da quantidade para ser utilizado em uma pedreira. Descobrimos que o produto era desviado de um paiol regulado pelo Exército. Os comerciantes conseguiam alterar as quantidades explosivos para mais e acabavam desviando a sobra para armazenar de forma irregular”, afirmou o delegado.