Condenados acusados da morte de torcedor atingindo por vaso sanitário

Da equipe do Superesportes

Ao fim de 13 horas de audiência, o plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no Fórum Rodolfo Aureliano, foi tomado pelo choro e pela emoção. Se no dia 2 de maio de 2014, quando Paulo Ricardo Gomes da Silva, então com 26 anos, havia saído de casa para assistir a um jogo de futebol e nunca mais voltou, sua família chorou seu assassinato brutal e bárbaro, ontem, as lágrimas foram de redenção.

Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press
Réus estão presos no Cotel, em Abreu e Lima. Foto: Hesiodo Goes/Esp/ D.A Press

Ao ouvir a sentença dos assassinos, as lágrimas foram de alívio pela sensação de justiça. Por outro lado, houve o choro de dor dos familiares dos três condenados ao conhecerem do juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques as sentenças de Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo Júnior pelo homicídio duplamente qualificado de Paulo Ricardo e, ainda, por três tentativas de homicídio. Juntos, eles terão mais de 78 anos de pena.

Desde cedo, antes mesmo do horário previsto para o início da audiência do Tribunal do Júri – marcado para as 9h -, inúmeros cidadãos e cidadãs se juntavam, à entrada do auditório da 2ª Vara do Júri, aos familiares e amigos da vítima.

O Ministério Público, através do promotor Roberto Brayner e da promotora Dalva Cabral, apresentaram seus argumentos acerca da autoria do delito e da forma covarde e fútil como o crime foi cometido.

Defesa em vão
Enquanto isso, os três advogados de defesa, no papel que lhes cabia, tentavam convencer o Júri que os três acusados haviam cometido sim o crime, mas com “culpa consciente”. Alegavam que – embora Everton Filipe, Luiz Cabral e Waldir Firmo tenham percorrido cerca de 120 metros com dois vasos sanitários nas mãos e atirado os objetos do alto da arquibancada, justamente no local onde passavam torcedores adversários – eles não tinham intenção de matar alguém.

Após as explanações de acusação e defesa, o juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques formulou os quesitos – 72 no total – a serem respondidos pelos jurados. Eles foram encaminhados a uma sala secreta, onde permaneceram cerca de três horas formulando, portanto, o veredicto. No fim, prevaleceu o argumento do Ministério Público, que viu os três acusados serem condenados na forma da denúncia.

No caso de Everton Filipe, cujo defensor alegava que sequer havia cometido homicídio (afirmando que apenas tinha praticado dano, ao arrancar os vasos sanitários), pesou contra ele – que teve a pena mais dura – o fato de não ser réu primário (condenado anteriormente por porte ilegal de armas), além de seu envolvimento anterior em brigas de torcida.

Proposta permite criação de delegacia de defesa do torcedor

A Câmara analisa o Projeto de Lei 6910/13, do deputado Major Fábio (Pros-PB), que permite aos estados e ao Distrito Federal criar delegacias de defesa do torcedor.

Pela proposta, que inclui a permissão no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03), essas delegacias podem ser fixas ou móveis, para atuar na repressão de crimes em locais de competição esportiva e no entorno.

O deputado cita as brigas entre torcidas organizadas, os roubos e os furtos de veículos e de outros pertences dos torcedores como justificativas para a medida. Major Fábio acredita que o projeto dará “aos cidadãos frequentadores desses eventos mais segurança e bem estar”.

Da Agência Câmara

A torcida agora é por justiça

Registro encontrado no Fotolog de Everton Filipe, conhecido como Ronaldinho, mostra a amizade dele com Waldir Pessoa, o último dos suspeitos preso (REPRODUÇÃO)
Registro encontrado no Fotolog de Everton Filipe, conhecido como Ronaldinho, mostra a amizade dele com Waldir Pessoa, o último dos suspeitos preso

Passava das 19h de ontem quando Waldir Pessoa Firmo Júnior, 34 anos, chegou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Com o rosto coberto por um paletó, acompanhado da sua mãe, de um amigo e de um advogado. Pouco tempo depois, Luiz Cabral de Araújo Neto, 30, deixava o DHPP. Preso pela manhã, fora conduzido ao Cotel, onde está, desde a segunda-feira, Everton Filipe Santiago, 23. Estava terminada a busca da polícia pelas três pessoas diretamente envolvidas na morte do soldador Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26 anos. Só a busca. Essa busca.

Preso na manhã de ontem no Rio Grande do Norte, Luiz Cabral de Araújo chegou ao DHPP com a cabeça levantada e o olhar frio. Saiu para o Cotel com o mesmo semblante (EDVALDO RODRIGUES/DP/D.A PRESS)
Preso na manhã de ontem no Rio Grande do Norte, Luiz Cabral de Araújo chegou ao DHPP com a cabeça levantada e o olhar frio. Saiu para o Cotel com o mesmo semblante

Há outras a realizar. Da verdade, por exemplo. Os detalhes do que realmente aconteceu na noite da sexta-feira 2 de maio de 2014, quando os três estupidamente atiraram dois vasos sanitários do anel superior do Arruda e mataram Paulo Ricardo. Alguns  vieram à tona ontem. Em seus depoimentos, Luiz e Waldir confessaram mais do que a simples participação. As mãos deles empurraram as bacias. A Everton, coube o papel de arrancar os vasos. Aos vídeos recebidos pela polícia, das câmeras instaladas do Arruda, restou a prova de que os três deixaram o estádio no mesmo momento, após cometer o crime. Estavam juntos. Pensaram e executaram juntos.

 (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)

Leia cobertura completa no caderno Superesportes, no Diario de Pernambuco, desta sexta-feira

Suspeito de matar torcedor é preso e confessa crime

Está prestando depoimento neste momento na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, o suspeito de ter participado do assassinado o torcedor Paulo Ricardo Gomes, 26 anos. O homem foi preso por policiais militares depois de informações enviadas ao Disque-Denúncia.

O homem que tem 23 anos confessou o crime à delegada Gleide Ângelo e apontou a participação de outras duas pessoas. De acordo com informações repassadas pela polícia, no celular do suspeito, há várias mensagens sobre o incidente.

Mais informações no Superesportes do Diario de Pernambuco

Câmera da SDS mostra momento em que torcedor é atingido por privada

A Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgou na manhã deste sábado as imagem feitas pelas câmeras localizadas na Rua Petronila Botelho que mostram o momento em que o torcedor Paulo Ricardo Gomes, 26 anos, foi atingido na cabeça por um vaso sanitário atirado das arquibancadas do Arruda.

De acordo com as imagens, a vítima não estaria envolvida em uma briga com outros torcedores e, sim, junto a outros torcedores do Paraná Clube que estavam sendo escoltados por policiais militares.

Delegada Gleide Ângelo investiga morte de torcedor do Sport atingido por privada

A delegada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) Gleide Ângelo foi designada especialmente pela chefia da Polícia Civil de Pernambuco para investigar a morte do torcedor do Sport Paulo Gomes Ricardo da Silva, 26 anos. Ele morreu na noite de sexta-feira após ser atingido por uma privada, após a partida entre Santa Cruz e Paraná, no estádio do Arruda.

Cúpula de segurança fala sobre morte do torcedor. Foto: SDS/Divulgação
Cúpula de segurança fala sobre morte do torcedor. Foto: SDS/Divulgação

O caso provocou revolta nos familiares, amigos, torcedores e em toda sociedade. A mãe do jovem está inconsolável. Até o final da manhã deste sábado, parentes do rapaz permaneciam no Instituto de Medicina Legal (IML), onde aguardavam a liberação do corpo desde a madrugada.

Gleide já recebeu o inquérito e está analisando o material. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/PPress
Gleide vai conduzir o inquérito sobre a morte. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/PPress

Na manhã deste sábado, o secretário de Defesa Social do estado, Alessandro Carvalho, deu uma entrevista coletiva sobre o caso. Ele afirmou que algumas imagens da saída do jogo e da confusão foram registradas pelas câmeras de segurança da SDS. “A investigação vai ser feita com toda a prioridade pelo DHPP. A delegada Gleide Ângelo vai conduzir o inquérito. Vamos trabalhar para apontar o culpado ou os culpados no menor espaço de tempo possível”, destacou Carvalho.

Vítima tirou foto junto à torcida do Paraná ontem. Foto: Reprodução/Yuri de Lira/DP/D.A Press
Vítima tirou foto junto à torcida do Paraná. Foto: Reprodução/Yuri de Lira/DP/D.A Press

Segundo a delegada Gleide Ângelo, as investigações do caso tendem a ser complicadas. Deve-se tomar como base fundamental o depoimento de testemunhas e análises da perícia. Para ela, o fato de no estádio não haver câmeras de segurança podem dificultar o trabalho da polícia.

“É difícil identificar a pessoa que fez isso nas condições apresentadas”, relatou a delegada. Ainda segundo Gleide Ângelo, a família da vítima soube do ocorrido ainda nesta no começo desta madrugada deste sábado, por volta de 1h.

Segurança confessa tiro contra jovem, mas diz que foi acidental

Revelada a identidade do autor do disparo que mantém o torcedor do Náutico, Lucas Lyra, de 19 anos, sob risco de vida no Hospital da Restauração. José Carlos Feitosa Barreto tem 37 anos. Ele trabalhava a serviço de uma empresa de ônibus e confessou ter disparado a arma acidentalmente. O suspeito, no entanto, negou que trabalhasse como segurança. Segundo ele, que não tem porte de arma, a empresa nunca autorizou o uso de arma de fogo. José Carlos descreveu sua função como “controlador de tráfego”. Os responsáveis pela investigação concederam entrevista coletiva na tarde dessa terça-feira, no auditório da sede da Polícia Civil.UNICOM - Policia Civil<br /><br /><br /><br /><br />
José Carlos Feitosa Barreto, 37 anos, suspeito de efetuar disparo contra torcedor do Náutico

José Carlos não foi apresentado à imprensa e segue detido na Departamento de Homícidos e Proteção à Pessoa (DHPP) para contribuir com o resto das investigações. O secretário de defesa social do estado, Wilson Damázio, deu detalhes da operação. Intimado a comparecer a se apresentar após o avanço das investigações, José Carlos prestou depoimento na sede da DHPP na tarde da última segunda-feira. Na ocasião, confessou ter sido o autor do disparo, mas acabou liberado porque a Justiça ainda não havia expedido o mandado de prisão, o que só ocorreu horas depois.

No início da manhã dessa terça-feira, o suspeito foi detido na casa de uma companheira, em Nova Descoberta, sem oferecer resistência. Segundo a versão do próprio José Carlos, o tiro foi consequência do revide a uma tentativa de apedrajamento por parte de alguns dos torcedores envolvidos no tumulto ocorrido na frente da sede do Náutico, sábado à noite, pouco antes do início do jogo entre Náutico e Central.

O segurança confessou ter espancado três torcedores que estariam entre os seus agressores. Um deles era primo de Lucas Lyra, que teria partido pra cima de José Carlos ao ver a cena. Segundo o relado do acusado, o tiro saiu acidentalmente quando ele usava a arma para bater na cabeça dos torcedores. De acordo com o diretor geral de polícia especializada, Joselito Kehrle, pelas imagens da câmera da Secretaria de Defesa Social (SDS) usadas na investigação, não é possível discernir se o tiro foi ou não acidental.

Do Super Esportes. Leia matéria completa na edição impressa do Diario desta quarta-feira.